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Política

Cotado para ministério, Mandetta discutiu “caso Gisa” com Bolsonaro

Deputado federal relatou denúncia sobre aquisição de programa a presidente eleito, que não a considerou impeditita para eventual nomeação

Humberto Marques | 13/11/2018 18:15
Mandetta disse que "mostrou a vida" a Bolsonaro, antecipando a ele denúncia do caso Gisa. (Foto: Câmara dos Deputados)
Mandetta disse que "mostrou a vida" a Bolsonaro, antecipando a ele denúncia do caso Gisa. (Foto: Câmara dos Deputados)

Cotado para o Ministério da Saúde do futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) afirma que apresentou ao presidente eleito detalhes sobre a acusação a que respondeu por irregularidades no Gisa (Gestão de Informações em Saúde), a qual responde. Segundo o parlamentar, Bolsonaro não considerou que a denúncia seria um impeditivo para impedir a possível nomeação para o cargo de ministro.

A conversa com o presidente eleito, segundo Mandetta, ocorreu na semana passada. “Ele me chamou na semana passada para uma conversa particular e eu apresentei a minha vida”, disse, ao explicar que o relato incluiu a passagem pela direção da Unimed, os dois mandatos de deputado federal e a passagem pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), quando foi feita a licitação para implementação do Gisa em Campo Grande.

“Mostrei (a Bolsonaro) meus trabalhos, processos, tudo. Não sou réu de nada, mas como falaram meu nome para o ministério, imediatamente quis que ele visse”, narrou Mandetta, segundo quem o presidente eleito destacou que, durante os seis anos em que respondeu pela Sesau, o então secretário foi alvo de apenas uma investigação. O deputado federal frisou, ainda, que a denúncia tinha caráter político –explorada também em uma CPI na Assembleia Legislativa. “Foi algo muito politizado”, frisou.

O caso – O Gisa foi idealizado para centralizar prontuários e agilizar serviços, como agendamentos de consultas e exames, na saúde pública da Capital. O programa foi anunciado em 2008, quando houve licitação para sua implementação, ao custo de R$ 9,8 milhões em recursos federais e cerca de R$ 1,2 milhão em contrapartida municipal.

Contudo, auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) apontou que o Gisa não foi implementado em sua totalidade: dos 12 módulos previstos, apenas quatro foram parcialmente implementados. Além disso, foram levantadas supostas irregularidades no certame licitatório para favorecer a empresa vencedora. Como resultado, a Prefeitura da Capital fechou acordo em 2014, durante a gestão de Gilmar Olarte, para devolver dinheiro ao governo federal –R$ 14,8 milhões, em valores corrigidos, em parcelas. Além disso, denunciados durante o caso tiveram bens bloqueados.

Mandetta afirma que não foi ouvido durante as investigações, que ainda não foram formalizadas em denúncia.

Apoiador – O deputado federal, que não disputou a reeleição neste ano e apoiou a candidatura do presidente eleito, foi chamado por Bolsonaro antes da campanha, que lhe consultou sobre propostas para a área da Saúde. Entre elas estava a que prevê atendimento odontológico prioritário para gestantes, como forma de combater partos prematuros, adotada na rede pública da Capital quando Mandetta comandou a Sesau.

“Já naquela época tomávamos uma série de ações para aumentar a prevenção e não gastar tanto. Um exemplo é o pré-natal. Ouvindo especialistas em obstetrícia apurou-se que entre as causas do parto prematuro estavam as infecções dentária e urinária, que são silenciosas. Aplicamos isso em Campo Grande e reduziu o número de partos prematuro”, explicou.

Questionado sobre sua indicação para o Ministério da Saúde de Bolsonaro, Mandetta reforçou que “ainda é tudo muito prematuro”, contudo, reforçou que o próximo indicado para a pasta “terá muitos problemas imediatos e que não vão lhe dar tempo para tomar fôlego. São 365 dias por anos, 24 horas por dia já desde 1º de janeiro”.

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