CPI do Táxi vai convocar presidentes de sindicatos e diretor da Agetran
Previsão é que depoimentos ocorram na próxima semana
Após ouvir os principais donos concentradores de alvarás, a CPI do Táxi da Câmara Municipal de Campo Grande vai convocar os presidentes da Agência Municipal de Trânsito e dos sindicatos dos taxistas e mototaxistas.
O requerimento foi aprovado durante a sessão desta sexta-feira (4) da comissão parlamentar de inquérito que investiga a concentração de autorizações nas mãos de poucas pessoas.
Ainda não há data para ouvir Bernardo Quartin Barrios, presidente do Sintáxi (Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul) e Dovair Boaventura, chefe do sindicato dos mototaxistas, além de Janine de Lima Bruno, diretor-presidente da Agetran. A previsão é que os depoimentos ocorram na próxima semana.
Também foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da comissão por mais 90 dias, mas ainda deve passar por apreciação dos vereadores em plenário na próxima terça-feira (8).
Até o momento, a CPI ouviu 13 empresários donos de alvarás de táxis. Nos depoimentos de hoje, taxistas voltaram a afirmar que não existe compra de permissões e criticaram serem chamados de 'mafiosos'.
Todos mantiveram o padrão dos depoimentos registrados nas quatro sessões de sabatina até o momento. De que não há compra de alvarás, mas sim os veículos e suas benfeitorias são comercializados. As concessões são apenas transferidas aos novos donos dos carros, tudo registrado legalmente na Agetran (Agência Municipal de Trânsito), conforme os depoentes.
Questionados sobre os valores das transações, todos repetiram a mesma resposta: “não lembro”. Justificando que as negociações ocorreram há muitos anos atrás. Sendo a mais antiga em 1985, e as mais recentes na década passada.
Incomodado com isso, o vereador Junior Longo (PSDB) criticou a falta de memória das testemunhas, dizendo que seu pai lembra quanto pagou em sua primeira empresa comprada “há 33 anos atrás”. “Todos que passaram aqui não lembram do valor, como se fosse insignificante”, queixou-se o parlamentar.
Última a prestar depoimento, Gleicekermen Ponce também aproveitou para desabafar. Criticou a pecha de ‘máfia do táxi’ como tem sido classificados os maiores donos de alvarás, sendo motivo de piada de amigos.
“Fico chateada por ser empresária, mãe, ter meu círculo social e ter de ouvir brincadeiras e ser chamada de mafiosa ou exploradora. Pagamos nossos impostos, somos trabalhadores, e colocam esses rótulos em cima da gente”, relatou Gleicekermen.
A empresária também reafirmou o discurso de que nunca houve compra de alvará. “A aquisição sempre foi do veículo. O alvará pertence à Prefeitura”, afirmou.
Dos 13 empresários ouvidos até esta sexta-feira, nenhum dirige os veículos que possuem. Alguns, inclusive, disseram que exerceram a profissão apenas por alguns anos após a compra, embora ainda se classifiquem como taxistas.
Atualmente, os responsáveis por conduzir os carros são auxiliares, que conforme Gleicekermen, recebem até R$ 0,80 centavos por quilômetro rodado, sendo que o carro geralmente é dividido entre dois profissionais autônomos, que juntos rodam 24 horas por dia.