De indígena a ruralista, painel mostra que lugar de mulher é na política
Evento reuniu lideranças femininas do Estado para debater desafios e participação feminina na política

A participação das mulheres na política, os entraves que elas enfrentam para chegar a esse espaço de poder e a violência política de gênero foram temas de debate nesta quinta-feira (27), durante um encontro organizado pelo Sebrae MS, no segundo dia do “Delas Day”.
RESUMO
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Durante o evento "Delas Day" em Campo Grande, autoridades discutiram a participação feminina na política e os desafios enfrentados, como a violência política de gênero. O painel contou com a presença de figuras como a senadora Tereza Cristina e a prefeita Adriane Lopes, que compartilharam suas trajetórias e incentivaram mais mulheres a se envolverem na política. A senadora destacou a importância de firmeza e apoio mútuo entre mulheres, enquanto a prefeita Adriane Lopes relembrou sua trajetória de superação. A vereadora Inaye Lopes Kaiowá abordou a representatividade indígena, e a deputada Mara Caseiro alertou sobre a violência política de gênero. Margarete Coelho, do Sebrae Nacional, enfatizou a necessidade de políticas públicas para garantir a igualdade de participação.
O painel “Mulher, Democracia e Participação Política”, realizado no Expo Bosque, contou com a presença da senadora Tereza Cristina (PP), da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), da deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), da vereadora de Antônio João, Inaye Lopes Kaiowá (PSDB), e da diretora do Sebrae Nacional e ex-deputada federal pelo Piauí, Margarete Coelho.
A mediação ficou a cargo da secretária de Estado e Cidadania, Viviane Luiza. Em um debate que deixou de lado as diferenças partidárias, as participantes compartilharam suas trajetórias políticas, expuseram desafios e incentivaram outras mulheres a ocuparem cargos públicos.
Questionada sobre como transformar a realidade política para que as mulheres enfrentem menos barreiras, a senadora Tereza Cristina foi enfática ao dizer que é necessário firmeza. “A gente tem que ser firme, forte, mas com doçura. Não precisamos gritar para enfrentar os homens. Quando eles gritam, eu falo baixinho. Quanto mais alto eles falam, mais baixinho eu falo”, destacou.
A presidente do PP-MS defendeu que homens e mulheres têm seu papel na política, mas é fundamental que as eleitoras apoiem candidatas femininas. Segundo ela, é necessário deixar o preconceito de lado e avaliar o trabalho e a representação das mulheres na política.
Tereza Cristina também encorajou aquelas que desejam concorrer. “Não tenham medo, todas aquelas que querem, que gostam da política. As mulheres que têm no seu DNA essa vontade, elas têm que entrar. Não tenham medo. O mundo é machista, mas a gente vai chegar nos 50%, podem ter certeza”, pontuou.
Trajetória - A prefeita Adriane Lopes relembrou sua trajetória até se tornar a primeira mulher eleita para a Prefeitura de Campo Grande. Ela contou que trabalhou na fábrica do pai, vendendo sorvetes de porta em porta, e aprendeu com ele a não desistir diante dos obstáculos.
“Meu pai é um homem muito resiliente, empreendedor, que passou por várias fases quando empreendia. Eu fui crescendo, assistindo e aprendendo com as vitórias e derrotas dele”, contou.
Adriane também compartilhou que sempre teve interesse por política, influenciada pela família. Em Campo Grande, conheceu a realidade de muitas mulheres e se fortaleceu na luta. “Com as lutas que travei para chegar até aqui, sendo a primeira mulher da história da Capital de Mato Grosso do Sul, abandonei o vitimismo e, com resiliência, fé e força, dei o próximo passo sem enxergar o chão”, afirmou.
Representatividade Indígena - Representando as mulheres indígenas na política, a vereadora Inaye Lopes Kaiowá frisou que seu papel vai além dos limites do município onde foi eleita. “Não sou somente vereadora de Antônio João. Minha participação na política tem sido essencial para buscar os direitos dos povos indígenas”, comentou.
Questionada sobre como equilibrar a ancestralidade com as exigências da política institucional na luta contra as desigualdades, Inaye reconheceu que não tem sido fácil, mas que, com apoio da comunidade, tem conseguido avançar em suas pautas. “Enquanto mulher indígena, conseguimos bater em qualquer porta e ser ouvidas”, destacou.
Violência Política - A deputada estadual Mara Caseiro (PSDB) chamou atenção para o problema da violência política de gênero, que, segundo ela, muitas vezes é velada. “É uma forma de nos intimidar, de nos diminuir, e, infelizmente, isso é latente. O homem, às vezes, fala algo que parece inofensivo, mas que para nós é algo que nos faz adoecer”, frisou.
A deputada lembrou que já existem formas de combater esse problema, como a Lei nº 14.192, de 2021, que garante maior igualdade na participação política feminina. “Temos que nos valer desse advento para nos defender e proteger. E procurar a justiça sempre que sentirmos que sofremos algum tipo de violência política”, afirmou.
A diretora do Sebrae Nacional, Margarete Coelho, abordou os desafios que limitam o acesso das mulheres a espaços de decisão e destacou a importância das políticas públicas para mudar esse cenário. Ex-deputada federal e ex-vice-governadora do Piauí, ela ressaltou que muitas mulheres percebem tardiamente a necessidade de se envolver na política.
“Se nós não estivermos nesses espaços, as políticas públicas não vão enxergar nossas necessidades”, afirmou. Margarete também destacou que as eleitoras costumam ser mais exigentes com candidatas mulheres do que com candidatos homens. “Vamos criar redes de mulheres, buscar parceiras e apoiar umas às outras. E, na hora do voto, analisar se não estamos cobrando mais das mulheres do que dos homens”, concluiu.
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