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Política

Em dois meses, Legislativo identifica 221 irregularidades em bairros afastados

Obras abandonadas, falta de merendas em creches, de professores em escolas, de médicos e remédios em postos de saúde são algumas das indicações enviadas à Prefeitura

Alberto Dias | 07/05/2016 15:38
Obras quase prontas, abandonadas há anos em Campo Grande. (Foto: Alan Nantes)
Obras quase prontas, abandonadas há anos em Campo Grande. (Foto: Alan Nantes)

Vistorias realizadas por vereadores em escolas, creches, postos de saúde, obras inacabadas e outros prédios públicos resultaram em 221 notificações enviadas à Prefeitura com o pedido de resoluções. Durante dois meses, os parlamentares passaram por pelo menos 14 bairros periféricos da Capital e encontraram variadas situações. As irregularidades vão desde falta de mantimentos em escolas, médicos ausentes em unidades de saúde, praças e áreas de lazer abandonadas e ausência dos serviços de manutenção nas ruas.

Os primeiros bairros percorridos, em 16 de março, foram Serradinho, Jardim Carioca e Nova Campo Grande, onde 45 irregularidades foram verificadas. Várias delas partiram dos próprios moradores, que reclamavam dos buracos em ruas mal sinalizadas e sem iluminação, falta de limpeza em praças, entre outras questões urgentes. Na semana seguinte, os parlamentares foram ao Jardim Noroeste, Residencial Oiti, Maria Aparecida Pedrossian e Jardim Panorama e anotaram outras 40 reivindicações.

As primeiras visitas foram realizadas com o apoio do Prefeitura, porém, vereadores apontaram que os locais estavam recebendo os serviços assim que eles avisavam que passariam por ali. “Quando fomos ao Serradinho, na primeira ação, estava tudo desarrumado, não havia remédio, nem merenda. Na semana seguinte, no Jardim Noroeste, já estava mais arrumado, com merenda nas escolas,. Na terceira edição, no Colibri, homens podavam árvores e pintavam guias para nos esperar", explicou o presidente da Câmara, vereador Jão Rocha (PSDB).


Então, relembra Rocha, resolveram chegar de supresa e sem aviso em novas regiões, com o objetivo de encontrar a real situação dos serviços públicos e conhecer a condição de moradores dos bairros mais carentes. Neste contexto, passaram pelo São Conrado, Jardim Talismã, Jardim Presidente, Jardim Anache, Jardim Colibri, Pioneira e Jardim Botafogo, onde registraram outras 121 irregularidades.

Um exemplo é o Ceinf (Centro de Educação Infantil) do bairro São Conrado que aguarda a finalização do acabamento. Em 20 de abril, a vegetação alta denunciava um longo período de descaso em uma obra que, segundo o vereador Edson Shimabukuro (PTB), precisaria de dois meses para ser concluída. O mesmo acontece com a UBS (Unidade Básica de Saúde) quase pronta, há tempos, no bairro Oliveira II. Ali, havia vidro nas janelas, paredes pintadas e muito mato tomando a fachada.

Na semana anterior, os parlamentares vistoriaram obras inacabadas nos bairros Talismã, Nascente do Segredo, Jardim Presidente e Jardim Anache, em locais onde deveriam funcionar três Ceinfs e uma UBS. O cenário se repetia: prédios com mais de 70% das obras concluídas, abandonados há pelo menos três anos, tomados pelo mato e sujeira. Até larvas do mosquito Aedes aegypti foram encontradas, em obras depredadas em que materiais, como louças e pisos, foram furtados.

Outras falhas - Já no Jardim Botafogo não havia farmacêutico na UBS (Unidade Básica de Saúde), o parquinho da Escola Municipal Prof. Luiz Cavallon estava desativado por falta de manutenção e faltavam vagas no no Ceinf (Centro de Educação Infantil). No Ceinf do Itamaracá, a despensa quase vazia parecia comprometer a merenda das 200 crianças e a mesma situação se repetiu em algumas outras unidades.

Ao Campo Grande News, João Rocha explicou que as irregularidades foram fotografadas e e também serão indicadas ao Ministério Público Estadual (MPE-MS), se possível, ainda em maio. Ele revela que pediu à Caixa Econômica Federal o levantamento dos recursos liberados ao Município, via Governo Federal, para execução das obras que não foram concluídas. "Enquanto isso as visitam continuam, sempre às quartas-feiras, como parte do projeto Câmara Comunitária, criado para fiscalizar e estreitar a relação do legislativo com a população", finalizou. 

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