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Política

Para despistar, esquema de Amorim usava contas bancárias de terceiros

Paulo Yafusso | 24/07/2015 19:50
João Amorim (no centro) deixando o prédio da Polícia Federal. (Foto: Marcos Erminio)
João Amorim (no centro) deixando o prédio da Polícia Federal. (Foto: Marcos Erminio)
Beto Mariano, usava nome da filha para comprar imóveis e movimentar conta bancária. (Foto: Arquivo)
Beto Mariano, usava nome da filha para comprar imóveis e movimentar conta bancária. (Foto: Arquivo)

Para dificultar o rastreamento das suas ações, a organização comandada por João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco, além de abrir várias empresas para disputar as licitações, também usava nomes de terceiros.

Amorim, por exemplo, usou o nome de ex-mulher e da filha Ana Paula Amorim, para abrir empresas e movimentar contas. O assessor especial da Agesul, Wilson Roberto Mariano de Oliveira, conhecido como Beto Mariano, usou as contas bancárias da filha Mariane Mariano para movimentar dinheiro, como verificou os técnicos durante a investigação da Operação Lama Asfáltica.

As investigações mostram ainda, que ele usou o nome da filha para comprar imóveis, como a Fazenda Maravilha. A Polícia Federal verificou que em apenas um dia o funcionário do banco liga várias vezes para confirmar a emissão de quase R$ 100 mil em nome de Mariane. Pelas conversas telefônicas de Beto Mariano interceptadas com autorização da Justiça Federal, os policiais desconfiam que na verdade é ele quem usa a conta da filha.

O que leva a PF acreditar nisso é que enquanto a funcionária do banco vai falando o número do cheque e o valor, Beto Mariano vai fazendo a conferência, dando a impressão que ele está com o talão de cheques da filha nas mãos. Ainda de acordo com o que foi apurado, o assessor especial da Agesul, também comprou um terreno no luxuoso condomínio Dhama 3.

Beto Mariano, que já foi prefeito de Paranaíba e também deputado estadual, é um dos servidores afastados pela Justiça Federal no último dia 9, após a Operação Lama Asfáltica, por suspeita de fazer parte da rede de corruptos montado por João Amorim no órgão do Governo do Estado para contratar obras, boa parte delas executada por empresas da organização de Amorim.

Mariano foi pego em conversar também negociando gado e serviços na fazenda que pertence a ele e ao ex-deputado federal e ex-secretário de Obras do Estado, Edson Giroto. Após a Operação Lama Asfáltica, Giroto pediu afastamento do Ministério dos Transportes, onde ocupava cargo de assessor especial.

Verificou-se também que Beto Mariano usa conta da mulher, Maria Helena, para movimentar o dinheiro, boa parte obtida por meio dos esquemas mantidos com o grupo de Amorim. E também comprou vários carros em nome da filha. A PF apurou também que ele seria dono da empresa 3A Rural Engenharia, criada em setembro de 1998, com sede em Terenos, e que está em nome de terceiros.

A prática de usar nomes de terceiros não é nova entre os integrantes do grupo formado pelo dono da Proteco. Em abril de 2004, a ex-mulher de João Alberto Krampe Amorim dos Santos, Marinês de Araújo Bertagnolli registrou em cartório de São Paulo, relatando que no final de 1994 e início de 1995 assinou vários documentos para a criação da empresa MBM Construções, da qual era sócia também a ex-cunhada Marluci Morbi Gonçalves Beal.

Marinês relata que a empresa foi criada para participar de licitações na Prefeitura de Campo Grande, e que essas concorrências eram direcionadas para que a MBM ficasse com as melhores obras. Segundo ela, no tempo em ficou casada com João Amorim assinava documentos e cheques sem que pudesse perguntar para que elas eram destinadas.

Já separado de Marinês e dono da Proteco, João Amorim passou a usar a conta bancária da filha Ana Paula e criou a empresa LD Construções para o genro (marido de Ana Paula) Luciano Potrich Dolzan. A LD executou várias obras para a Prefeitura de Campo Grande e o Governo do Estado e ainda detém contratos com a Prefeitura, como se pode observar no Portal da Transparência do município. Neste ano, nos cinco primeiros meses, foram verificados empenhos para a empresa de Luciano, totalizando R$ 9,9 milhões.

Amorim também colocou como sócia em algumas empresas do grupo Elza Cristina dos Santos Amaral, que era funcionária da Proteco com salário de pouco mais de R$ 3 mil. Como sócia, Elza passou a ser a operadora financeira da organização, tendo o papel de pagar propinas e usar o tráfico de influência na Agesul, para agilizar a liberação de dinheiro para as empreiteiras ligadas a João Amorim. Com a quebra do sigilo bancário, todas essas movimentações estão sendo analisadas.

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