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Política

Pastor nega extorsão de deputados para omitir diálogo sobre fraude

Mayara Bueno | 02/11/2016 16:07
Pastor Jairo Fernandes levou conversa ao Gaeco. (Foto: Reprodução Facebook)
Pastor Jairo Fernandes levou conversa ao Gaeco. (Foto: Reprodução Facebook)

Dono do celular que gravou conversa entre os deputados estaduais Paulo Corrêa (PR) e Felipe Orro (PSDB), em que o primeiro dá dicas ao colega sobre como fraudar folha de ponto de seus funcionários de gabinete, o presidente do PTN em Maracaju, pastor Jairo Fernandes, nega que tenha tentado extorquir os parlamentares em troca de silêncio. O áudio teria sido gravado há 1 ano e meio, mas veio à tona somente semana passada.

Ainda se dizendo receoso em falar sobre o caso, o pastor conversou rapidamente com a reportagem nesta quarta-feira (2). “Nunca”, resumiu-se a responder quando questionado se seria ele o autor de supostas tentativas de extorsão, alegadas por envolvidos nas conversas.

O pastor diz que em qualquer momento pediu alguma vantagem para não divulgar o diálogo. Falando com exclusividade ao Campo Grande News, na terça-feira (1º), ele confirmou ser o autor da denúncia ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul).

Novamente nesta quarta, o pastor afirmou que conversará primeiro com seus advogados e, se tiver autorização deles, dará mais detalhes do caso. Por enquanto, o que foi confirmado é que a conversa foi realmente gravada de seu aparelho celular em Maracaju.

No Gaeco, a investigação também é mantida sob sigilo. Ontem, a assessoria de comunicação confirmou a abertura e que a instituição só se pronunciará no fim das apurações.

Na conversa, Corrêa cita matéria da Rede Globo sobre farra de dinheiro público em assembleias legislativas.

“A rede Globo está entrando nas Assembleias Legislativas do Brasil inteiro, onde que ela pega você? Você e eu temos bastante, certo! Você sabe o que nós temos mais do que os outros, não sabe? Põe um controle de ponto, mesmo que seja fictício, do começo do ano até agora. Pega o seu chefe de gabinete e manda agir, deixa lá até do dia anterior. Todo dia aquelas pessoas têm que assinar o ponto até que passa esse rolo aí”, afirma Corrêa no áudio.

Felipe Orro disse que na ocasião estava no aniversário da cidade de Maracaju, comemorado no dia 11 de junho, quando recebeu a informação de que Paulo Corrêa queria falar com ele “urgentemente”. Como estava sem celular, pediu o aparelho de uma pessoa, no caso o pastor Jairo.

O deputado afirmou que recebeu a notícia, depois do episódio, de que Jairo teria a intenção de vender a gravação em troca do silêncio. Inclusive, teria ido à Assembleia Legislativa com este objetivo. "Mas não quis recebê-lo", afirma o deputado.

“Eu nem entendi o motivo da conversa (com Paulo Corrêa) a princípio, até porque eu faço o controle dos servidores daqui e do interior”. Segundo o parlamentar, o número de servidores não extrapola a cota disponível para gastar com pessoal.

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