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Política

Personagens relevantes em julgamento de tentativa de golpe têm raízes em MS

Bolsonaro e mais três são réus, Freire Gomes está entre as principais testemunhas e dois só foram indiciados

Por Vasconcelo Quadros, de Brasília | 22/05/2025 16:13
Personagens relevantes em julgamento de tentativa de golpe têm raízes em MS
Uma das principais testemunhas de acusação, o general Marco Antônio Freire Gomes (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

Pelo menos sete personagens que figuram no primeiro processo criminal instaurado no Brasil para apurar uma tentativa de golpe de Estado têm ligações com Mato Grosso do Sul. Quatro deles estão entre os 31 acusados que se tornaram réus no Supremo Tribunal Federal, dez deles em decisões tomadas esta semana.

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O primeiro processo criminal no Brasil sobre tentativa de golpe de Estado envolve sete personagens com ligações em Mato Grosso do Sul. Entre os 31 réus, destaca-se o ex-presidente Jair Bolsonaro, que serviu como segundo tenente no 9º Grupo de Artilharia de Campanha, em Nioaque, entre 1979 e 1981. O general Marco Antônio Freire Gomes, principal testemunha de acusação, também tem passagem pelo Estado, assim como o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto e o tenente coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros. O general Laércio Vergílio e o tenente coronel Aparecido Andrade Portela, embora indiciados, não foram denunciados por falta de elementos suficientes.

O mais famoso é o ex-presidente Jair Bolsonaro, que entre 1979 e 1981, como segundo tenente, serviu no 9º Grupo de Artilharia de Campanha, em Nioaque, na fronteira com o Paraguai, período em que, já casado com sua primeira mulher, Rogéria Nantes Braga, nasceu seu primeiro filho, o hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Uma das principais testemunhas de acusação, o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, serviu como oficial, no início de sua carreira militar, nos anos de 1980, no 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado, o “Regimento Antônio João”, em Bela Vista.

Outros dois réus que serviram em unidades do Exército no Estado são o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto, que comandou o “Regimento Antônio João”, em Bela Vista, e o tenente coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, lotado no Comando Militar do Oeste, em Campo Grande.

Personagens relevantes em julgamento de tentativa de golpe têm raízes em MS
Laércio Virgílio ainda mora em Campo Grande e foi investigado. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

A menos que uma prova forte surja no decorrer do processo, que ganhou rito esta semana com a análise e aceitação das denúncias, o general Laércio Vergílio e o tenente coronel Aparecido Andrade Portela, o Tenente Portela, ambos também ligados a Mato Grosso do Sul, indiciados por suspeita de participação na tentativa de golpe, podem respirar aliviados.

Os dois, que estão na reserva remunerada, moram em Campo Grande e, embora tenham sido amplamente citados por suposta participação, acabaram sendo beneficiados por uma definição básica estabelecida pela Primeira Turma do STF, de só tornar réu suspeito sobre o qual não existam dúvidas de materialidade “tipicidade, punibilidade e viabilidade” na prática de crime.

Eles dificilmente serão denunciados pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Em resposta ao Campo Grande News, o órgão informou que não transformou em denúncia os indiciamentos de Vergílio e Portela porque “até o momento a PGR entendeu não haver elementos suficientes para tanto”.

Personagens relevantes em julgamento de tentativa de golpe têm raízes em MS
Tenente Portela é presidente estadual do PL em Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo)

Para o Tenente Portela, amigo de Bolsonaro há 45 anos (os dois serviram no mesmo grupamento em Nioaque) é um alívio que pode levá-lo de volta à ribalta da cena política, depois de ter submergido por mais de dois anos, atendendo pedido do ex-presidente que, diante do estresse que quase o levou o amigo a renunciar a presidência do partido no Estado, aceitou o conselho e foi “pescar” para driblar as tensões.

Portela foi apontado pela PF como suspeito de arrecadar fundos para manter os acampamentos em frente aos quartéis e, já quando o plano se tornara inviável, cobrar do delator Mauro Cid respostas aos participantes de um fictício “churrasco” que haviam colaborado para “a compra da carne”. Segundo a polícia, era linguagem cifrada e se referia a quem supostamente teria colaborado financeiramente com os golpistas.

Outro militar com passagem por Mato Grosso do Sul, é o ex-capitão Ailton Barros. Conforme conta Laércio Virgílio, os dois estiveram juntos em várias missões militares em Dourados, Douradina e Itaporã.

Personagens relevantes em julgamento de tentativa de golpe têm raízes em MS
Advogado e major reformado do Exército Ailton Barros (Foto: Reprodução redes sociais)

Amigo de Bolsonaro, mesmo depois de ter sido expulso do Exército sob a suspeita de ter assediado sexualmente uma colega, Barros aparece como um dos principais suspeitos pela campanha de difamação contra os comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Almeida Batista Júnior, a mando do general, ex-ministro da Casa Civil e ex-candidato a vice de Bolsonaro, Walter Braga Netto, preso atualmente no Rio.

A PGR deixou de denunciar outros sete personagens acusados pela Polícia Federal e não dá sinais, pelo menos por enquanto, que possa reavaliar o papel de algum novo personagem. O processo segue agora com 31 réus, com previsão de conclusão, sentença e eventual pena definida, entre o final de setembro e início de outubro.

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