PF apura denúncia de propina a CPI relatada por senadora de MS
Lobista veio à Capital com Soraya e parentes dele trabalham no gabinete da parlamentar
A PF (Polícia Federal) investiga supostos pedidos de propina feitos pelo lobista Silvio Barbosa de Assis a empresários do setor de apostas esportivas online que estão na mira da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Bets, no Senado. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo. O pedido seria de R$ 50 milhões para evitar ser convocado ou indiciado pela comissão.
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A Polícia Federal investiga denúncias de pedido de propina de R$ 50 milhões por um lobista a empresários do setor de apostas online para evitar convocação à CPI das Bets. A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke, é alvo de ameaças e intimidações após contratar familiares do lobista para seu gabinete e denunciar o envolvimento de parlamentares em esquemas ilícitos, incluindo a suspeita de propriedade de plataforma de jogos online em paraíso fiscal por genro de um senador. Soraya formalizou denúncia à PF e pretende processar os responsáveis por difamação e calúnia, tendo colocado seus sigilos à disposição.
Ainda de acordo com o jornal, a senadora Soraya Thronicke (Podemos), relatora da CPI das Bets, contratou, em seu próprio gabinete, a irmã e o genro do lobista. Conforme o Portal da Transparência, a remuneração deles no gabinete da parlamentar é de R$ 14 mil.
Em 16 de janeiro deste ano, a senadora visitou o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, acompanhada por Silvio Assis, citado como advogado. A comitiva de Soraya foi recebida pelo então procurador-geral de Justiça, Alexandre Magno Benites de Lacerda. A pauta do encontro foi “assuntos institucionais”.
Silvio disse ao jornal Folha de São Paulo que está gravando um documentário e negou o pedido de propina. Conforme a reportagem, ele chegou a ser preso pela Polícia Federal em 2018 e é réu no TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) acusado de cobrar propina para emitir, ilegalmente, registros de sindicatos junto ao Ministério do Trabalho.
Ameças e intimidação - Por meio de nota à imprensa, a senadora aponta que tem recebido denúncias graves e preocupantes sobre o possível envolvimento de parlamentares e seus familiares em esquemas ilícitos, incluindo a realização de lobby para empresários donos de sites de apostas ilegais e influenciadores, com o objetivo de evitar convocações para comparecimento à CPI.
"A senadora também afirma que tem sido alvo de ameaças e tentativas de intimidação por parte de alguns colegas senadores. Além disso, existem fortes indícios de que o genro de um senador seja proprietário de uma plataforma especializada em jogos online e com sede em um país considerado paraíso fiscal. Há ainda suspeitas de seu envolvimento nos crimes que estão sendo investigados no âmbito da CPI".
Soraya formalizou a denúncia à PF e pretende processar criminalmente o senador por denunciação caluniosa, calúnia e difamação, além de reparação na esfera cível, em razão da ofensa à sua honra. A senadora colocou à disposição a quebra de seus sigilos bancários, fiscais e telemáticos.
"A senadora Soraya Thronicke entende que os ataques à sua reputação refletem o desespero de alguns parlamentares, especialmente por ela exercer o papel de relatora da CPI e atuar de forma combativa, com integridade, seriedade e honra", informa a nota à imprensa.
Parentes - Sobre Sandra Assis, irmã do lobista, a senadora diz que ela está em sua equipe desde quando presidiu a CRA (Comissão de Agricultura e Reforma Agrária).
"Começou com a função no legislativo, mas depois que eu saí do União, perdi a comissão e eles a exoneraram. Como eu estava contente com o trabalho dela, trouxe para o gabinete. Hoje ela nos auxilia na comunicação (monitoramento de redes sociais) e administrativo", diz a parlamentar.
Quanto a David Vinícius de Oliveira, genro de Silvio, ela explica que foi uma indicação. "Depois, perdi uma servidora do legislativo e a Sandra sugeriu o nome do David para a minha chefe de gabinete. Ela o entrevistou, gostou do perfil e o contratou. Trabalha no legislativo acompanhando as comissões".
Bate-boca - No começo do mês, a sessão da CPI que investiga sites de apostas foi marcada por embate entre a relatora Soraya Thronicke e o senador Ciro Nogueira (PP).
No auge da discussão, Ciro insinuou que Soraya teria que prestar explicações à CPI no futuro. “Daqui a pouco a senhora vai precisar prestar muitas explicações aqui”. Soraya encerrou com um desafio: “Então me convoque para a CPI, me convoque. O senhor me respeite”.
A CPI das Bets investiga a atuação de plataformas de apostas no Brasil, que movimentam bilhões de reais, mas não têm regulamentação clara.
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