Pré-candidatos apontam modelo para modernizar ensino e atrair jovens
Ensino Médio tem 86.080 estudantes na rede pública de Mato Grosso do Sul
Com previsão de investir R$ 2,4 bilhões na educação em 2022, Mato Grosso do Sul busca inserir recursos de tecnologia para que a atividade, principalmente no Ensino Médio, fuja do roteiro lousa/caderno, retrato que se encontraria numa sala de aula há 20 anos.
Em valores exatos, a SED (Secretaria Estadual de Educação) conta com R$ 2.470.054.700,00. As fontes dos recursos são Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), Tesouro do Estado, Salário-Educação (contribuição social destinada ao financiamento de programas voltados para a educação básica pública) e convênios.
Com nova cara em 2022, o Ensino Médio tem 86.080 estudantes na Rede Estadual de Ensino. Essa etapa da educação é ofertada em 324 escolas espalhadas por Mato Grosso do Sul. No Novo Ensino Médio, o aluno tem grade de ensino mais flexível, conforme as áreas do conhecimento. Mas seguem obrigatórias em todos os anos a Matemática e a Língua Portuguesa.
No Estado, as salas de tecnologias estão presentes em 347 escolas. Conforme a SED, os locais passam por processo de atualização, com entrega de novos computadores.
Sobre a inserção de novas tecnologias, a secretaria detalha que todas as escolas receberam, recentemente, os Laboratórios Didáticos Móveis, destinados às áreas de Física, Química e Biologia. Já 116 escolas de tempo integral estão recebendo, em um projeto-piloto, os laboratórios de robótica educacional.
As escolas com alunos da Educação Especial contam com sala de apoio e diversas tecnologias assistivas (serviços que contribuem para proporcionar habilidades funcionais de pessoas com deficiência).
Diante disso, o Campo Grande News questionou aos pré-candidatos o que é preciso fazer diante da necessidade de investir-se mais em tecnologias de forma a modernizar mais o ensino médio.
Capitão Contar (PRTB)
A educação não pode ser prioridade apenas para o Governo Federal, que cada vez mais, busca aumentar os investimentos e melhorar o nível de ensino, precisa ser "os olhos" do governo estadual também, para que todos os objetivos sejam realmente alcançados. Para o mercado, o problema não é a falta de profissionais com formação acadêmica, mas a carência daqueles com as habilidades necessárias.
O investimento em tecnologias tanto para o aprendizado dos alunos quanto para a qualificação dos profissionais da educação são essenciais para alcançarmos a capacitação técnica desses jovens.
Para isso, é fundamental garantir o uso eficiente dos recursos públicos e investir na infraestrutura das escolas, com laboratórios de informática bem equipados, promovendo a expansão da conectividade, investindo na valorização, aperfeiçoamento e qualificação dos profissionais para o uso da tecnologia. E que essas modernizações não se concentrem apenas nas escolas das maiores cidades, mas em todos os municípios do Estado.
Muitos desses jovens que vão entrar para o mercado de trabalho, vão se deparar com oportunidades voltadas para o ramo tecnológico e precisamos dar subsídios para que ele também esteja preparado para a realidade que vai encontrar. Vamos empregar todos os esforços para que o jovem saia da escola preparado para a vida e para o mercado de trabalho.
Giselle Marques (PT)
Para modernizar o ensino médio e a educação como um todo, é preciso valorizar os profissionais que prestam esse importante serviço público, que é direito de cada cidadão, transforma vidas e liberta consciências.
Advoguei para a FETEMS- Federação dos Trabalhadores em Educação durante toda a década de 1990. Conheço as dores da categoria e, por isso, ao assumir o governo do estado, vou estender aos professores convocados os mesmos direitos e valor de remuneração dos professores efetivos.
O atual governo reduziu em 32 % o salário dos convocados, seguindo a mesma linha do Bolsonaro, que vem retirando direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. Vamos garantir o piso nacional, e a correção dos salários pelo índice do FUNDEB e não do INPC.
Vamos discutir a reforma do ensino médio com a comunidade escolar, e pretendo atuar junto com o presidente Lula, que lidera todas as pesquisas de intenção de votos, para revê-la. Sou a candidata do Lula aqui no MS, e quero articular com ele o “Cursinho Popular”, programa implantado aqui no nosso estado pelo Governo do PT. Aliás, é importante ressaltar que, quando governamos o MS, assumimos com quatro folhas de pagamento dos servidores públicos atrasadas. Colocamos em dia.
Em apenas um ano pagamos 16 folhas. Isso mostra o compromisso do PT com os trabalhadores em educação e com os servidores públicos de forma geral. Também instituímos as eleições diretas para diretores de escola. O atual governo ataca a liberdade de cátedra e vem restringindo esse e outros instrumentos de gestão democrática nas escolas, na mesma linha do atual presidente que desgoverna o país.
Quando o PT governou, criamos a UEMS, e destinávamos 3% da receita líquida da arrecadação do estado para a universidade. Acabaram com isso e, a cada ano, vêm reduzindo o orçamento da Universidade, enquanto alardeiam superávit na arrecadação. Isso mostra o descompromisso da atual gestão com a educação, e eu como governadora pretendo reverter essa lógica, pois sou educadora, professora universitária, e tenho um trabalho destacado no estudo de metodologias ativas, as quais pretendo instituir nas escolas estaduais para que o ambiente escolar seja atrativo, evitando a evasão escolar.
Quero atuar para que cada estudante tenha o seu notebook, pretendo acolher e incluir no sistema educacional os 160 mil analfabetos que hoje tem o MS.
Eduardo Riedel (PSDB)
A educação pública de qualidade sempre será nossa busca e o nosso desafio principal. Veja que, na própria pergunta formulada, há uma série de esforços, conquistas e evoluções já implementadas, que estão mudando o cotidiano em sala de aula.
O que mais nos interessa, neste campo, é o resultado e eles já estão acontecendo: aumentamos os índices de aprovação do ensino médio no Estado de 73,6% em 2015 para mais de 85% em 2019, e tivemos um salto no IDEB no mesmo período de 3,5% para 4,1%, números consistentes, que mostram a efetividade dos investimentos feitos nessa área.
Como todo mundo sabe e sente, estamos vivendo um forte processo de transição no jeito de fazer as coisas em toda a nossa sociedade e é evidente que esse fenômeno alcança especialmente a educação.
Acredito que as plataformas complementares de aprendizagem serão decisivas para um melhor aproveitamento do dinamismo e da inovação decorrentes do uso intensivo de novas tecnologias, inclusive porque já trabalham com uma linguagem e uma capacidade de interação naturalmente mais conectadas à vida dos jovens alunos.
Daí, a necessidade de ampliar a reestruturar a física da rede escolar de ensino em tempo integral e valorizar o profissional responsável pela formação dos nossos jovens e adolescentes no ensino médio.
A inclusão digital é um caminho sem volta e vai convergir na direção de outros desafios também importantes, como o empreendedorismo e a aplicação diversa da tecnologia, para gerar novas e melhores oportunidades para quem sai do ensino médio para a faculdade e, depois, em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e exigente.
A inquietação e a busca pelo novo, marcas naturais da juventude, precisam estar acolhidas em um ambiente positivo e inovador, para transformar toda vontade e potencial dos nossos alunos em oportunidades de aprendizagem e crescimento.
Por isso, estamos atrelando esse desafio a outras ações como a infovia digital, fruto de uma PPP que vai potencializar a transformação digital de Mato Grosso do Sul, com implantação de quase 7 mil km de rede de fibra óptica em todos os 79 municípios, oportunizando a alunos de todos os cantos do Estado acesso à tecnologia de ponta, com internet de qualidade, fundamental para esse processo de modernização do ensino médio.
Marquinhos Trad (PSD)
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incentiva a modernização dos recursos e práticas pedagógicas com o uso de tecnologia, hoje, fator primordial para uma educação de qualidade.
É necessário investir em tecnologia como instrumento de aprendizagem. Mais do que investir em estrutura, é imprescindível valorizar e preparar professores e alunos para utilização da tecnologia, que hoje muda a forma de pensar e agir da população. O primeiro passo: valorizar os profissionais de educação, mudando a realidade do governo atual, onde um professor contratado, por exemplo, tem salário inferior, mesmo exercendo a mesma função.
Vamos investir nesta preparação do professor para acompanhar esta cultura digital, uma nova realidade dos nossos alunos, possibilitando o uso consciente e saudável das tecnologias como recurso que desperte neles infinitas possibilidades de aprendizagem.
A presença do professor é indispensável quando se fala em tecnologias educacionais, por isso a importância de se pensar na formação continuada dos educadores. Ela garante meios para trabalhar as tecnologias de forma agradável, com aulas interativas e dinâmicas, que estimulem a participação dos alunos, tornado o momento de estudo mais agradável e produtivo, já preparando este aluno para o futuro, no mercado de trabalho cada vez mais competitivo e tecnológico.
André Puccinelli (MDB)
Antes de mais nada, deixo claro um conceito: investir no Ensino Médio é dar um passo importante para reduzir a desigualdade social em nosso Estado. Uma boa formação, nesta fase dos estudos, é a maneira mais eficaz de garantir a evolução pessoal e profissional dos nossos jovens. A partir dessa constatação, defendo o ensino profissionalizante nas escolas estaduais, de modo que os alunos tenham uma profissão ao concluir o Ensino Médio.
Para que isso seja possível, temos que fazer uma reavaliação completa da rede, acabar com os improvisos – hoje temos sala de tecnologia funcionando dentro de banheiros -, comprar novos equipamentos, computadores atualizados, com sistemas operacionais modernos; treinar funcionários e professores para o bom uso das tecnologias mais recentes e, por fim, oferecer cursos profissionalizantes diferenciados e específicos, respeitando as vocações regionais, as características culturais tão diversas do nosso Mato Grosso do Sul.
Nesse sentido, temos que aproximar a formação dos estudantes das necessidades do setor produtivo local e oferecer a eles opções de trabalho e de emprego nas cidades e regiões onde moram.
Minha equipe está também estudando maneiras sustentáveis financeiramente de aumentarmos o número de escolas em tempo integral, de criar mais laboratórios nas escolas e de ampliar os projetos-piloto nas áreas de tecnologia, particularmente na área de robótica.
Entretanto, é bom destacar que o detalhamento desses projetos será feito em conjunto com os profissionais da Educação, que tanto lutam pelo desenvolvimento dos nossos jovens e do nosso Estado.
Rose Modesto (União Brasil)
Investimento sem foco na real necessidade e sem planejamento compromete resultados. Desde 2015, o MS não alcança a meta do IDEB, índice que mede o desenvolvimento da educação básica. De 2020 para 2021, a reprovação aumentou, o abandono escolar mais que dobrou e, na volta às aulas presenciais, pós pandemia, muitos estudantes estão com dificuldades de aprendizagem, depressão ou violentos, e os professores com sentimento de impotência para lidar com a situação.
Outra questão é que, diferente de outros estados, aqui, a SED fez mudança simultânea para o novo ensino médio em todos os anos, o que pode causar danos irreparáveis na aprendizagem dos estudantes. Educação que não educa é prejuízo para todo mundo. Para o estudante significa futuro incerto e, para a sociedade, significa cidadão menos preparado para contribuir com o coletivo.
Por isso, nada é mais transformador que o poder da boa educação. Hoje, tecnologia é imprescindível sim, e estamos atrasados, com computadores velhos e internet lenta nas escolas. Então, o que vamos fazer é inverter a lógica da atual gestão, fazer o que precisa ser feito: garantir ferramentas inovadoras, renovar parque tecnológico e colocar nossas escolas no século 21.
Mas, principalmente, vamos investir na recuperação da aprendizagem dos estudantes e no professor, capacitá-lo, valorizá-lo, corrigir salário do temporário e ampliar o apoio psicossocial nas escolas. Assim, educação de qualidade será o começo, o meio e o fim do nosso governo para que Mato Grosso do Sul seja mais justo e próspero para todos.