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Política

Representação cresce e 16 indígenas são eleitos para Câmaras de Vereadores

Número aumentou 45% em comparação às eleições de 2020 no Estado

Por Cassia Modena | 07/10/2024 11:51
Trio eleito em duas das cidades com maior população indígena em MS: Evair Borges e Cacique Ed Antonio, em Miranda, e Joanir Martins, em Amambai (Imagens: Reprodução/Redes sociais e TSE)
Trio eleito em duas das cidades com maior população indígena em MS: Evair Borges e Cacique Ed Antonio, em Miranda, e Joanir Martins, em Amambai (Imagens: Reprodução/Redes sociais e TSE)

A quantidade de vereadores indígenas que tiveram sucesso nas eleições de 2024, em Mato Grosso do Sul, cresceu 45% em comparação ao último pleito municipal, realizado em 2020.

Foram 16 os eleitos este ano, enquanto eram 11 há quatro anos. Os indígenas que ocuparão cadeiras nas Câmaras Municipais, a partir de 2025, serão duas mulheres e 14 homens.

Entre prefeitos e vice-prefeitos, nenhum indígena foi eleito.

Arte: Lennon Almeida
Arte: Lennon Almeida

A lista acima é da Apib (Articulação dos Povos Indígenas no Brasil). Os nomes registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por cada candidato pode estar diferente.

Municípios - Das cinco cidades com maior população de povos originários no Estado segundo o último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as duas mais populosas não elegeram parlamentares indígenas: Campo Grande (1ª) e Dourados (2º). As que elegeram pelo menos um são Amambai, Aquidauana e Miranda.

Além dessas três cidades, a população indígena terá representatividade em Antônio João, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Nioaque, Porto Murtinho, Paranhos, Japorã, Douradina e Tacuru. São 12, no total.

Vereadora reeleita para a Câmara de Antônio João, a kaiowá Inaye Lopes representa indígenas brasileiros no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Foto: Divulgação/Conselho Indigenista Missionário)
Vereadora reeleita para a Câmara de Antônio João, a kaiowá Inaye Lopes representa indígenas brasileiros no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Foto: Divulgação/Conselho Indigenista Missionário)

Segundo consulta ao portal de estatísticas eleitorais do TSE, este ano, Mato Grosso do Sul registrou o total de 238 candidaturas indígenas para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. É possível que o número seja maior, já que alguns, como Fred Frank, por exemplo, o "Fred Terena", não se declarou indígena ao tribunal.

Crescimento - Indígena de Mato Grosso do Sul e coordenador jurídico da Apib em Brasília (DF), Maurício Terena vê o crescimento de candidatos eleitos como um retorno do projeto que a articulação batizou de "Aldear a Política". Ele cita que, este ano, pesou também o apoio da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

"A gente percebe que os povos indígenas têm um poder de mobilização no campo político-institucional capaz de eleger vereadores e prefeitos. Em Aquidauana, por exemplo, as eleições só são decididas quando urnas das aldeias são abertas", fala o coordenador.

Maurício comemora o resultado e espera avanços para as comunidades de todo o Estado. "É muito expressivo o número de eleitores entre os povos indígenas e a gente tem se organizado cada vez mais para ocupar espaços como o parlamento, onde se vê mais pessoas brancas e homens, principalmente. Ano a ano temos um aumento e eu espero que ele permaneça porque representa a conscientização do nosso povo sobre a importância de se fazer política indígena", continua.

Quanto às propostas que mais podem avançar nas mãos dos vereadores indígenas, ele destaca as relacionadas às mudanças climáticas. "É uma pauta em comum de todos os indígenas. Se você falar com eles sobre a proteção do meio ambiente, ela vai estar imbuída nas propostas. É um ganho para toda a população de Mato Grosso do Sul" finaliza.

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