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Política

Servidores não aceitam "pagar a conta" de crise e desafiam vereadores a ajudar

Lidiane Kober | 02/05/2015 10:39

O pedido de paciência e a desculpa de dificuldade financeira não sensibilizou e muito menos convenceu os servidores de Campo Grande, que não aceitam “pagar a conta” da crise e abdicar de reajuste salarial. Eles, inclusive, sugerem uma lista de medidas para a prefeitura reequilibrar as contas e até desafiaram os vereadores a ajudar.

“Nós não temos culpa que a população votou errado, não temos culpa que a atual gestão não teve começo forte e nem culpa de que a lei de responsabilidade estourou. Isso não é problema nosso, é problema de gestão, independentemente do prefeito, o servidor público concursado fica e não podemos pagar essa conta”, declarou o presidente do Sisem (Sindicato dos Servidores Municipais), Marcos Tabosa.

Segundo ele, o sindicato fez sua parte e deu sugestões para a prefeitura reequilibrar as contas. “Que demitam 85% dos comissionados, só aí a economia é de mais de R$ 5 milhões”, citou Tabosa. O Sisem ainda propôs a fusão de algumas secretarias. “Que enxuguem pastas que não servem para nada, ou pelo menos reduzam a jornada para seis horas”, acrescentou.

Ele ainda incitou os vereadores a colocar em prática discurso. “Estou ouvindo eles manifestar preocupação com os servidores, então, que doem o duodécimo para ajudar a bancar o reajuste salarial”, propôs Tabosa.

O o presidente da ACP (Associação Campo-grandense dos Profissionais da Educação), Geraldo Alves, também está cansado de ouvir falar de dificuldade financeira. “Até agora, só fizeram reunião para reclamar da crise, escuto essa choradeira todo o ano”, comentou.

A crise – De acordo com o secretário de Governo e Relações Institucionais, Rodrigo Pimentel, o problema financeiro é resultado de várias ações. Ele citou corte no repasse do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 25% para 21%, de 2012 a 2014. “Cada 1% representa quase R$ 5 milhões”, revelou.

O secretário ainda informou que Campo Grande não seguiu, na gestão do ex-prefeito Alcides Bernal (PP), média histórica e deixou de arrecadar cerca de R$ 450 milhões em um ano. “A média histórica era de crescimento de 18% da arrecadação, mas, em 2013, no governo de Bernal, o crescimento foi de apenas 3%”, explicou.

Além disso, Pimentel disse que, nos três primeiros meses do ano, o repasse dos recursos federais baixou entre 30% a 40%. “Fora isso, a gestão assumiu uma série de reajuste salariais, só aos professores o aumento foi de 24%”, acrescentou.

Pimentel não é o primeiro secretário a pedir paciência. Titular da secretária de Saúde, Jamal Salém, fez o mesmo apelo, mas não sensibilizou o sindicato dos médicos, que vai manter a paralisação, a partir de quarta-feira (6). Eles querem reajuste de 355% no salário.

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