Vander Loubet quer cortar 0,25 da tarifa de ônibus e congelar IPTU
Candidato pela segunda vez à Prefeitura de Campo Grande, Vander Loubet (PT) apresenta como principais propostas de campanha a redução de R$ 0,25 no preço do transporte coletivo urbano e o congelamento por dois anos do IPTU.
O petista explica que a proposta de redução para passagem de ônibus está baseada num estudo de uma técnica, de Fortaleza (CE), que esteve na Capital.
Em relação ao IPTU, alvo do discurso de todos os oposicionistas, Loubet destaca que a base de cálculo é da época em que Lúdio Coelho era prefeito. “Quando o imposto significava muito pouco na receita do município e a inflação era de 20 a 30% por mês”, disse pregando a rediscussão sobre a base de cálculo.
O candidato do PT conta que essas propostas fazem parte do que chama de “Custo Campo Grande” em que, segundo ele, é fundamental discutir a prorrogação do contrato com a concessionária Águas Guariroba.
Loubet ainda prega mecanismos para dar transparência nas licitações, com pregão eletrônico, gravação e acompanhamento pela internet com uma comissão responsável e descentralização da administração municipal com a criação das subprefeituras.
As ideias dele para administrar a cidade estão na entrevista a seguir, parte da segunda série feita pelo Campo Grande News com os candidatos à prefeitura.
Veja as respostas e perguntas
Andréia Castanheira, diretora do Sest-Senat:
Quais as propostas de melhorias para o desenvolvimento do serviço de segurança no trânsito de Campo Grande?
"Primeira coisa: nós vamos rediscutir a questão da mobilidade urbana na ótica de quem está dentro do carro, mas numa política integrada que atenda o pedestre com ciclovias para aqueles que utilizam da bicicleta. Temos que ter uma política para os corredores exclusivos de ônibus e muita campanha para reduzir a violência do trânsito, educativa.
Estamos trabalhando também para criar as motovias, porque o fluxo de motocicletas é enorme, são 120 mil andando em Campo Grande. E entrar numa parceria com o Detran de reordenamento do trânsito, com ações de imediato, sincronização de semáforos, utilizando tecnologia que se tem; algumas medidas para desafogar que com engenharia de trânsito se faz e resolver alguns gargalos que tem. Estamos discutindo essa questão dos viadutos com uma tecnologia mais em conta que é chamada de mergulhões.
Temos trazido técnicos em Campo Grande e ainda é possível fazer para manter essa qualidade de vida que nós queremos. Porque muita gente vem para cá para ter essa qualidade de vida, que estamos perdendo se não fizermos essas intervenções rápidas, pensando em transporte integrado, projetando para quando chegarmos em 2027, com uma população de 1 milhão, inclusive com os trens de superfície, o VLT (Veículos Leves sobre Trilhos)."
Leonardo Duarte, presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul):
O que o candidato se eleito vai fazer para melhor o sistema de transporte público urbano de Campo Grande?
"Temos que chamar os empresários porque achamos que para melhorar o transporte temos que baratear e vamos reduzir em R$ 0,25 a passagem. Com isso cria o mecanismo para que a médio e longo prazo as pessoas voltem a utilizar o transporte coletivo. Assim você aumenta a receita e os empresários não perdem com isso. Trabalhar essa questão dos abrigos, que é um absurdo. Tem ponto de ônibus que o usuário tem um caibro lá na frente. Pontualidade e algumas vias expressas, exclusivas. Aí tem condição de melhorar muito e também aumentar o número de ônibus.
E dentro dos R$ 180 milhões do PAC Mobilidade Urbana vai se conseguir restruturar o sistema viário de Campo Grande, desafogar, ter melhor qualidade e ser mais barato."
Omar Aukar, presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande:
O que será feito para reduzir a carga tributária e aumentar a geração de emprego e renda na Capital?
"Descentralizar e criar as sub-prefeituras. E através das sub-prefeituras trabalhar, com os sistemas S e com as universidades, a questão do perfil e da qualificação da mão de obra por região e que tipo de empresas você pode, como agente público, estimular o desenvolvimento de cada região. E aí aproveitando a Fiems, todo o sistema S, Senac, Sebrae, Sesc, na qualificação da mão de obra, os institutos federais.
Em Campo Grande precisamos pensar na questão do pólo de tecnologia. Temos várias universidades. Santa Catarina fez isso e hoje tem um centro que é mais avançado de tecnologia com mão de obra mais remunerada. E também olhar com carinho a questão do comércio e serviço, que é o carro chefe e corresponde a 84% dos empregos gerados.
Ao propor o congelamento do IPTU, sobra mais dinheiro, porque a empresa também paga o IPTU. Quando propomos diminuir a tarifa do transporte coletivo, os empresários pagam 94% do valor do vale transporte."
Em relação ao ISS, vamos criar, como já tem em algumas prefeituras, a meta de ISS. Se atinge uma meta, aquilo que exceder, vamos propor, de uma forma escalonada, reduzir. Por exemplo, se a meta do ISS é 280 milhões, projetamos a inflação a 5%, vai dar R$ 298 milhões, arrecadamos R$ 315 milhões; essa diferença de R$ 298 milhões para R$ 315 milhões você joga na redução do exercício seguinte. Não compromete a receita e constrói efetivamente uma política de redução, senão fica só na conversa fiada".
Geraldo Alves, presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública):
Qual o compromisso que os candidatos têm com a educação pública de Campo Grande em aplicar a lei federal nº. 11.738/08, no que se refere ao piso salarial para uma jornada de 20 horas e 1/3 da carga horária para planejamento?
"Eu votei isso como deputado. Temos obrigação de assumir esse compromisso. A questão do piso a Prefeitura já incorporou. Falta 1/3 da hora planejamento. Nós vamos incorporar isto. Até porque esse mecanismo que vai permitir a gente melhorar a qualidade da educação e, principalmente, construir uma educação com uma gestão democrática e participativa. E com responsabilidade de todos, não só dos alunos, mas dos pais e da comunidade.
Jary Castro, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul:
Campo Grande tem registrado nos últimos anos entraves que impactam diretamente em seu desenvolvimento. O alto índice de crescimento urbano, aliado à construção de novos parques residenciais, pavimentação asfáltica e o aumento da frota de veículos, por exemplo, têm provocando obstáculos no desenvolvimento. São questões que demandam além de atenção, muito planejamento e investimentos públicos.
Quais serão as políticas adotadas pelo futuro prefeito em questões como melhoria do transporte coletivo, trânsito, coleta de resíduos sólidos, acessibilidade para pessoas com deficiência, alagamentos em períodos chuvosos, todas essas, questões que envolvem diretamente as Engenharias?
Outro fato que deve ser considerado e que gera grandes questionamentos são os frequentes buracos surgidos em pavimentações asfálticas recém finalizadas. Como serão resolvidos todos esses problemas que afetam diretamente o desenvolvimento urbano e a qualidade de vida dos campo-grandenses?
"Vamos trabalhar tudo isso de forma planejada. Essa questão do aterro sanitário. Faz tanto anos que se fala do aterro. Isso precisa ser priorizado, inclusive, numa política integrada com os municípios em torno de Campo Grande: Sidrolândia, Terenos, Jaraguari. Isso é intervir diretamente na questão ambiental. Porque quanto mais coletar para o aterro melhor. Vamos estar calçados no desenvolvimento econômico, distribuição de renda e a questão ambiental. Estimular mais essa questão da coleta seletiva. Ainda não se tem algo mais ofensivo. É preciso envolver mais a comunidade. É possível melhorar.
Em relação à acessibilidade, precisamos olhar com carinho. Temos 10% da população de Campo Grande que tem algum tipo de deficiência. Vamos olhar para isso nos órgãos públicos, calçadas, nos ônibus.
A qualidade do asfalto é um absurdo. Nós gastamos R$ 60 milhões por ano com tapa-buraco. São R$ 240 milhões (quatro anos). Pretendemos fazer um programa de recuperação do asfalto. Não é tapa-buraco, é restauração. E nisso você pode fazer uma parceria com a Petrobras, que desenvolveu vários tipos de produtos, como microrrevestimentos, que pode ser adotado porque o serviço é de qualidade e com durabilidade de no mínimo oito anos. Com R$ 240 milhões você praticamente restaura todo o asfalto deteriorado.
A questão da contenção de enchentes tem várias outras técnicas, adotadas em outras cidades, de contenção, como os reservatórios. Estamos estudando essa questão e a limpeza das bocas de lobo. Nesses reservatórios, você terceiriza depois, faz uma concessão, permitindo as pessoas vender essa água para as indústrias."
Marco Antônio Leite, presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos)
Qual a proposta que o candidato apresenta para resolver problemas como: a falta de médicos na rede pública do município; a demora de se conseguir marcação de consultas e de exames na rede básica de saúde municipal; a falta de um plano de cargos e carreiras e salários no setor e a reivindicação do pagamento do adicional de insalubridade aos servidores da saúde?
Nós pretendemos valorizar o servidor. É inadmissível você não ter um plano de cargos e salários e nessa área da saúde os servidores ganhando tão mal. E não é só o médico. É o agente de saúde, o enfermeiro. Tem que criar o plano de cargos e salários e valorizar. E aumentar o número de médicos para atender na ponta, na rede básica.
Nós vamos criar o Pronto Socorro Municipal, aproveitando o Hospital do Trauma, devolvendo a Santa Casa para a Associação Beneficente. Quando chegou a intervenção o hospital tinha dívida de R$ 23 milhões e, agora, sete anos e meio depois, é de R$ 127 milhões.
Vamos criar, nas quatro regiões, quatro policlínicas para atender o pessoal da melhor idade, com especialistas. Vamos criar o Centro de Diagnóstico porque entendemos que não dá para o cidadão atendido na ponta, em que é pedido um exame, uma ultrassonografia, uma endoscopia, levar seis a oito meses para encaixar. Isso não é problema de recurso. O Governo Federal mandou R$ 300 milhões no ano passado e o município gastou mais R$ 200 milhões. É problema de gestão. Com R$ 500 milhões dá para melhorar muito o sistema todo.
E através das subprefeituras fiscalizar os postos de saúde e toda a rede, saber se os médicos estão trabalhando, se tem remédio. Valorizando o funcionário da saúde, criando o plano de cargos e salários, aumentando o número de funcionários lá na ponta e reestruturando o sistema todo."
Ricardo Senna, vice-presidente do Corecon (Conselho Regional de Economia).
Os negócios que têm criado valor e gerado riqueza nos últimos anos estão relacionados aos serviços, à cultura, ao meio ambiente, à inovação e ao uso intenso da tecnologia. Em razão disso, precisamos de uma nova forma de ver a educação, a qualificação para o trabalho, a saúde da população, dentre outros. Se essa tendência continuar nos próximos anos ficaremos atrasados econômica e socialmente. Como o senhor trata do desenvolvimento de Campo Grande em seu plano de governo?
"Temos que cuidar com carinho o setor de comércio e serviço, que gera 84% da renda, através de uma descentralização pelas subprefeituras, envolver as universidades, a Federação das Indústrias, Associação Comercial, o sistema S para, através da vocação das regiões, estimular o desenvolvimento regional. Para a pessoa trabalhar mais próximo de onde mora. Qualificar essa mão de obra, que precisamos e aproveitar as universidades para fazer da cidade um grande centro tecnológico como é Florianópolis (SC) hoje.
Para isso o Poder Público tem que ser um articulador, trazer para a mesa para, pensar juntos, elaborar juntos e executar esse programa para a gente ter como objetivo daqui, à médio prazo, esse centro tecnológico. Porque com isso você absolve profissionais com salários maiores. Claro que vamos estimular as indústrias, vendo os incentivos. E qualificar a mão de obra dos jovens por meio dos institutos federais.
Outro ponto importante é o turismo. Campo Grande tem que ser a capital do turismo. Aqui é a entrada do Pantanal, de Bonito. Temos que ter uma política ousada e ser a capital dos eventos. Estamos perdendo para Cuiabá (MT). Aqui não tem uma arena mix. É a nossa vocação, temos perfil para isto. Daqui dois ou três anos teremos o aquário, mas o que adianta ter o aquário sem ter um espaço para shows. Antes de a pessoa ir para Bonito ou Pantanal, temos que estimular essas pessoas a ficar dois ou três dias aqui. Isso movimenta a economia, o setor hoteleiro, gera empregos, mas você tem que ter opção."
Discutir tudo isso com o setor de eventos, ter uma arena enorme. Outra coisa é aproveitar a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) porque acabaram com a exposição (Expogrande), uma coisa tradicional, cultural nossa. E fazer parcerias. Não precisa só tirar do cofre do tesouro municipal.
E tem duas secretarias que vamos criar: a da Juventude, que vai ajudar muito, e a da Segurança. Achamos que o município tem que se responsabilizar por isso e não deixar só na mão do Estado. Tem que ter um centro de monitoramento. Aqui está se falando isso, mas tem cidades que tem isso implantado. Colocar 400 câmeras, com uma central, com todas as câmeras com sensores, que identifica qualquer disparo de arma de fogo, como em Canoas (RS), onde o índice de homicídios, de furtos e roubos diminuíram drasticamente. Qualificar a guarda municipal e integrar com a Secretaria de Segurança Pública do Estado. E aproveitar os recursos do Governo do Federal e Ministério da Justiça.