ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEGUNDA  25    CAMPO GRANDE 31º

Política

Suél defende transporte estatizado e imposto menor só para os pequenos

Paula Vitorino | 25/08/2012 07:13
 Suél defende transporte estatizado e imposto menor só para os pequenos
Suel Ferranti,candidato do PSTU à Prefeitura de Campo Grande. (Foto: Minamar Junior)
Suel Ferranti,candidato do PSTU à Prefeitura de Campo Grande. (Foto: Minamar Junior)

Candidato pela terceira vez à Prefeitura de Campo Grande, Suel Ferranti (PSTU) tem o discurso mais esquerdista entre os candidatos à Prefeitura de Campo Grande.

Na entrevista que segue, parte da segunda rodada de conversas do Campo Grande News com os candidatos, ele deixa isso claro.

Um exemplo é quando diz que a situação ideal para o transporte coletivo seria a estatização.

Suél Ferranti também defende, na área do desenvolvimento econômico, que apenas os pequenos empresários tenham redução de carga tributária, pois os grandes, na avaliação dele, tem condições de bancar o pagamento de impostos.

Confira as perguntas e respostas

Andréia Castanheira, diretora do Sest/Senat Campo Grande

Quais são as propostas de melhorias para o desenvolvimento do serviço de segurança no trânsito de Campo Grande?

Suel Ferranti: "Por que a nossa segurança no trânsito está um caos hoje também? Porque o transporte em massa não funciona. Se você ficar parado e contar quantos carros passam só com o motorista, raríssimas vezes você vê o carro com mais de 2 pessoas.

Isso acontece porque o transporte coletivo é um caos e obriga a pessoa que tem condição de vida um pouquinho melhor a sair de casa com seu carro. Aí causa esse caos todo no transito. O veículo acaba se tornando uma arma.

Está esse caos porque o transporte de massa não funciona, obriga as pessoas a saírem de carro, de moto, de lambreta, de bicicleta... se você melhora o transporte coletivo, as pessoas vão deixar o seu carro em casa.

Enfim, a solução seria criar politicas pra melhorar o transporte público de massa. Assim você tira o excesso de veículos, que ainda melhora a qualidade do ar, porque quanto menos carro rodando tem menos queima de gás carbônico, é ecologia e tudo interligado. Outra questão é investir nas ciclovias".

Leonardo Duarte,presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) em MS

O que o candidato se eleito vai fazer para melhorar o sistema de transporte público urbano de Campo Grande?

Suel Ferranti: "Tem que ter um transporte público estatal, mas aqui nós temos as concessões. Inclusive está tendo uma agora que é pra 30 anos, não são 20 anos como estão dizendo, eu estive na audiência pública. Ou seja, eu estou com 54 anos, não sei se estarei aqui pra rediscutir isso quando for abrir nova licitação.

Uma das coisas que achei interessante e preocupante (na licitação) é que uma das condições para a empresa ganhadora é aumentar os ônibus articulados. Ônibus normal são 90 pessoas, que andam assardinhadas. Ou seja, quando você coloca um ônibus articulado o trabalhador vai andar mais assardinhado, só que ao invés do aperto com 80 vai fica apertado em 180 pessoas. Além disso, é menos um emprego. Outra coisa, esse negócio de falar que ônibus articulado é bonito e gostoso, mas a nossa cidade não tem estrutura para isso. Cada vez mais o trajeto dos ônibus está ficando mais demorado, porque não existe estrutura, vias exclusivas, e ele é obrigado a disputar espaço com os veículos normais. O Código de Trânsito Brasileiro diz que a prioridade é para os carros de massa, mas os carros normais é que mandam nas vias. É a ótica do capital: quem tem mais, manda mais".

O que vão fazer, de fato?

Suel: "A primeira coisa que vamos fazer é rever essas concessões. Não questionamos a parte administrativa da licitação, o problema são os aconchavos entre quem está participando para que se ganhe. Existe um acordo entre quem participa. Nós vamos mudar essa ótica. Não vai haver esse tipo de licitação. E se tiver, não vai ter só 3, 4 empresas, vai ter que ter no mínimo 154 empresas. Pra que realmente tenha transparência e para derrubar os cartéis. Com poucas empresas, eles se articulam entres eles, dividem o lote, cada uma fica com uma cidade do país, ganha uma em Londrina, outra em Corumbá... Isso vai acabar.

Do nosso ponto de vista, transporte de massa é público, então, não deveria haver concessões. Seria a Prefeitura mesmo cuidando e o conselho do transporte dizendo onde precisa melhorar. A Prefeitura tem condição de gerir isso. Vão pagar 10 milhões por esses 30 anos, que seria o lucro da Prefeitura, enquanto o grupo vai fatura bilhões (não sabia o número exato). Só com essa diferença, (entre o que empresa ganha de lucro e paga para a Prefeitura) olha quanto poderia se investir em educação, esporte, cultura..."

Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG)

O que será feito para reduzir a carga tributária e aumentar a geração de emprego e renda na Capital?

Suel Ferranti:“Quem é que tem redução? Não são os pequenos, os micros, são os grandes e médios. Mas a gente quer reverter isso, os grandes têm como se articular para pagar os impostos.

Não existe uma política para os pequenos, para o pessoal da informalidade. Defendemos os impostos progressivos: quem tem mais, tem que pagar mais, e quem tem menos, paga menos menos.

Sobre a questão do emprego: o PSTU defende um pacote permanente de obras publicas, com isso gerando déficit zero do desemprego. Esse pacote seria aplicado na construção de escolas, creches, infraestrutura, porque quando você abre uma frente de trabalho dessa, o trabalhador tem emprego. Porque o trabalhador é honesto, ele não quer ter o vale escola, gás, cachaça, ele quer ter o dinheiro e chegar na quitanda do seu João e comprar o alimento com o esforço do seu trabalho.

Já foi divulgado que essas benesses todas, que é assistencialismo, chegam a 680, 700 reais, ou seja, se uma família recebe tudo isso de assistencialismo, ela vai querer ir trabalhar pra ganhar o salário minímo. Ou seja, se posso ganhar mais que isso pra ficar em casa, eu não vou me arriscar no trânsito, deixar minha família pra ir ganhar 625 reais? Dinheiro pra aumentar salário mínimo não tem. Mas pra aumento dos parlamentares tem.

Nós não somos a favor de bolsas, assistencialismo e defendemos a criação de obras para geração de emprego, mas não é simplesmente aumentar as obras, porque isso Campo Grande tem. Por exemplo, obras pra posto de saúde têm, mas quando você vai lá falta atendente, médico... Vamos fazer novos prédios, como também colocar gente nesses locais para trabalhar"

Geraldo Alves Gonçalves (presidente da ACP - Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública)

Qual o compromisso que os candidatos têm com a educação pública de Campo Grande em aplicar a lei federal nº. 11.738/08, no que se refere ao piso salarial para uma jornada de 20 horas e 1/3 da carga horária para planejamento?

Suel Ferranti : "O PSTU sempre defendeu o salário mínimo do Dieese, que é em torno de R$2.222, se conseguirmos implantar o piso até o final da gestão, já estaremos acima do salário atual. O PSTU está propondo o PCCS (Planos de Cargos e Carreiras dos Servidores) por que você tendo um plano para os trabalhadores, automaticamente eles vão estar satisfeitos e trabalhar com qualidade.

Não vai mais ter a figura do professor convocado. Somos a favor da abertura de concurso público para suprir a demanda.

Enfim, somos a favor de cumprir a lei para que o professor tenha um salário decente, do Dieese, e qualidade de vida. Se não ele fica desgastado.

Ainda somos a favor de diminuir para 30h o expediente para as outras categorias, saúde, administração, se você coloca expediente de 6h a população vai ter atendimento mais de qualidade e abre novas vagas.

Claro que a Prefeitura tem dinheiro pra isso. O Estado pode investir em salário de trabalhador ate 60% do orçamento da União. E hoje tá usando 4,5%, olha a margem de sobra. Não investe mais porque não quer"

Suel defende salário mínimo de R$2.222, com base na pesquisa do Dieese. (Foto: Minamar Junior)
Suel defende salário mínimo de R$2.222, com base na pesquisa do Dieese. (Foto: Minamar Junior)

Jary Castro, presidente do CREA/MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul)

Campo Grande tem registrado nos últimos anos entraves que impactam diretamente em seu desenvolvimento. O alto índice de crescimento urbano, aliado à construção de novos parques residenciais, pavimentação asfáltica e o aumento da frota de veículos, por exemplo, têm provocando obstáculos no desenvolvimento. São questões que demandam além de atenção, muito planejamento e investimentos públicos.

Quais serão as políticas adotadas pelo futuro prefeito em questões como melhoria do transporte coletivo, trânsito, coleta de resíduos sólidos, acessibilidade para pessoas com deficiência, alagamentos em períodos chuvosos, todas essas, questões que envolvem diretamente as Engenharias?

Outro fato que deve ser considerado e que gera grandes questionamentos são os frequentes buracos surgidos em pavimentações asfálticas recém finalizadas. Como serão resolvidos todos esses problemas que afetam diretamente o desenvolvimento urbano e a qualidade de vida dos campo-grandenses?

Suel Ferranti:"Nós temos que ter um plano diretor pra Campo Grande, que dizem que existe, mas quem anda por Campo Grande percebe que não há isso. Esse plano diretor passa por todos esses pontos. Por que você acha que não tem coleta de lixo seletiva? Porque o lixo tem que dar lucro de novo, a empresa que ganhar (a licitação) vai ganhar em cima da tonelada de lixo que carregar, por isso não existe uma política de coleta seletiva. A primeira coisa que iremos fazer é a coleta seletiva do lixo. Vamos trabalhar com a categoria dos lixeiros, pra implantar cooperativas de reciclagem em cada região e, com isso, vamos diminuir a tonelada de lixo que se faz. O PSTU também entende que essa discussão é pública, é mais uma concessão, mais dinheiro que sai pra pagar essa empresa particular. É por isso que falam que não vai ter dinheiro para as outras áreas, desse jeito não vai ter mesmo. Resolveria todo o problema de falta de dinheiro para as outras áreas se não houvesse essas licitações.

Como fariam, já que na próxima administração as licitações já vão estar em vigor?

Suel: "Primeiro nós iremos rever essas concessões, ver na Justiça, fazer uma auditoria com as empresas vencedoras. E vamos chamar os trabalhadores da área pra constituir um conselho pra dizerem como é que estamos indo.

As empresas que ganharem terão que cumprir o contrato, ou seja, pisou na bola com uma vírgula nós iremos romper o contrato. Mas aí falam da multa, mas às vezes é melhor você pagar multa do que continuar com um contrato desse por anos. Fica muito mais barato para o município e daríamos uma qualidade de vida para os munícipes de Campo Grande.

Asfalto: isso (os buracos) é qualidade de asfalto, nas nossas obras de infraestrutura ele vai se a última coisa que o PSTU vai colocar na rua. Primeiro você tem que colocar as ditas obras enterradas, que dizem que não dá voto, mas são necessárias, que é saúde, meio ambiente e outras. Asfalto é a ultima coisa.

O que eles fazem é passar o asfalto, aí depois contrata o João, que tem que tampar, aí contratar o Pelé que vai cortar e colocar a água fluvial. Aí por isso que fica tudo remendado. E quem vai fazer o remendo faz igual o nariz dele. Fizeram o recapeamento da Afonso Pena e na primeira chuva que deu apareceram os buracos, porque não tem qualidade, porque é uma obra superfaturada e tem que dar retorno pra quem está bancando a candidatura deles.

Acessibilidade: já vai estar previsto tudo isso nas obras de infraestrutura. Todos os ônibus novos terão que ter acessibilidade e os antigos que se adequar. Sobre a atual lei da calçada da Prefeitura, o município exige um monte de coisas, mas não faz nem nos prédios dele, na frente das escolas. Primeiro o município tem que dar o exemplo. Esse tipo de lei é aquela que acontece de uma hora pra outra só pra arrecadar dinheiro. A função do estado é fazer a inspeção primeiro, 3, 4 vezes e depois vamos a punição. Temos que educar, se não for assim não adianta nem ter lei."

Marco Antônio Leite, presidente do SindMed (Sindicato dos Médicos)

Qual a proposta que o candidato apresenta para resolver problemas como: a falta de medicos na rede publica do município; a demora de se conseguir marcação de consultas e de exames na rede básica de saude municipal; a falta de um planto de cargos e carreiros e salários no setor e a reivindicação do pagamento do adicional de insalubridade aos servidores da saúde?

Suel Ferranti: "Vocês já estariam contemplados com o plano de cargos e carreiras. Onde o auxiliar de médico vai ter o mesmo salário que em qualquer outra secretaria que estivesse. Até mesmo pra ter uma integração melhor entre os trabalhadores.

Adicional de insalubridade: quem vai dizer se existe necessidade são eles próprios.

Falta de médicos: vamos resolver com concurso, abrindo novos, e, com isso, ter mais médicos, enfermeiros, e diminuir o tempo de espera. Tinha o posto do centro, há 10 anos, fizemos um ato quando Ludio Coelho tentou desativar aquilo. Hoje o trabalhador do centro passa mal e precisa ir para um dos postos dos bairros. Antes tínhamos aquele posto ali pra atender os trabalhadores da região. Primeira coisa seria recuperar esse posto de saúde, para o trabalhador poder parar, fazer seu exame ali e voltar ao trabalho.

E nós vamos cobrar a permanência do médico nos postos. Não dá pra Prefeitura fingir que paga e o médico que trabalha. Ele tem que trabalhar pelas horas que lhe são pagas."

Ricardo Senna,vice-presidente do Corecon (Conselho Regional de Economia)

Os negócios que têm criado valor e gerado riqueza nos últimos anos estão relacionados aos serviços, à cultura, ao meio ambiente, à inovação e ao uso intenso da tecnologia. Em razão disso, precisamos de uma nova forma de ver a educação, a qualificação para o trabalho, a saúde da população, dentre outros.

Se essa tendência continuar nos próximos anos ficaremos atrasados econômica e socialmente.

Como o (a) senhor (a) trata do desenvolvimento de Campo Grande em seu plano de governo?”

Suel Ferranti: "Primeira coisa que temos que partir é da educação. Hoje a escola partiu para o tecnicismo. Hoje estão propondo até cursos superiores em 2 anos. Agora como você vai preparar um cidadão para o futuro em 2 anos? O estado está fingindo que dá educação e a economia acaba sendo atingida por tudo isso.

Empresas de veículos, por exemplo, que precisam de trabalhadores, aí vai e prepara pessoas pra aquilo, mas a sociedade é eclética, ela muda, daqui a pouco ele pode estar trabalhando em outro local. Por isso a educação tem que ser de formação e pesquisa, o trabalhador, o cidadão tem que ter conhecimentos, adquirir conhecimentos das áreas. Porque, assim, quando você tem o entendimento, você consegue fazer a transição desse conhecimento pra qualquer área. Por isso montam empresas aqui, mas os grandes técnicos acabam vindo de fora, daqui só vem a mão de obra tida como “chula”."

Nos siga no Google Notícias