Voto para deputado federal vira questão de sobrevivência para partidos
Minirreforma eleitoral exige quantidade mínima de votos para garantir aos partidos de tempo na TV a espaço para funcionarem no Congresso e pauta alianças em MS

Alterações impostas pela minirreforma eleitoral transformaram a eleição para deputado federal não mais uma questão de formação de bancadas e acesso a recursos do fundo partidário, mas também na própria sobrevivência dos partidos. Muitas agremiações têm pautado suas alianças na necessidade de elegerem parlamentares no Congresso, o que torna mais lenta algumas negociações.
Válida a partir deste ano, a minirreforma exige que, para terem acesso ao fundo partidário, tempo de rádio e TV ou mesmo estrutura partidária no Congresso, os partidos devem obter pelo menos 1,5% dos votos válidos para deputado federal em pelo menos nove Estados (sendo no mínimo 1% dos votos em cada um) ou, pelo menos, elegerem nove deputados federais em nove Estados.
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Em Mato Grosso do Sul, essa conta exige que cada partido faça cerca de 18 mil votos –são 1,8 milhão de eleitores. O Estado tem uma bancada de 8 deputados federais, em um total de 513 congressistas.
“A preocupação do PPL é a formação de bancada, como é a de todos os demais partidos”, afirmou Carlos Henrque Bernardi Pereira, presidente regional do Pátria Livre que, além de um candidato a senador, lançará até oito nomes à Câmara Federal. Segundo ele, a legislação que começou a vigorar “veio dos grandes partidos”, visando a impedir que novas agremiações conquistem espaços.
A situação, porém, também preocupa os maiores partidos. No DEM, por exemplo, a garantia de espaços para reeleger seus dois deputados federais (Tereza Cristina e Luiz Henrique Mandetta) foi um dos fatores que, conforme dirigentes democratas, vinham travando negociações até aqui. O mesmo ocorre no PPS, onde dirigentes reforçaram ao Campo Grande News que a necessidade de se atingir o número mínimo de votos ou deputados eleitos é uma preocupação vinda das cúpulas nacionais.
Em algumas legendas, até a distribuição de recursos do fundo partidário para campanhas vai priorizar os candidatos à Câmara dos Deputados, segundo apurou a reportagem.
Local – “O PV de São Paulo consegue eleger três ou quatro deputados federais, mas com a regra tem de ser um por Estado”, lamentou o presidente regional do PV e candidato ao governo, Marcelo Bluma. A composição com Rede e PC do B, até aqui, prevê que os partidos lancem 16 candidatos à Câmara com a ciência de que se trata de uma missão difícil.
Ele avalia, ainda, que a regra penalizará os “partidos ideológicos”, isto é, comprometidos com uma causa e que, em geral, têm pouco espaço no mapa político nacional. “E favorece os fisiológicos, quando deveria na verdade abrir espaço para que fizéssemos um debate”.
A preocupação, porém, não é regra em Mato Grosso do Sul. No PRTB, por exemplo, deve ser lançado um candidato a federal e quatro nomes para a Assembleia Legislativa.
“Nacionalmente o partido tem a noção de que eleger um deputado federal em Mato Grosso do Sul é algo difícil de atingir. Vamos participar para o partido ter votos e fazer palanque para o Levy Fidelix”, declarou Adalton Garcia de Freitas, presidente regional do PRTB. “Mas o partido é forte no Norte e no Nordeste, onde acreditamos atingir as metas”.