Em 3 anos, HU de Dourados aumentou em 185% o atendimento à população indígena
Uso de intérpretes e mediação cultural ampliou acesso e adesão ao cuidado

Os atendimentos à população indígena quase triplicaram de janeiro a novembro de 2025 em relação ao ano de 2022 no Hospital Universitário da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Neste ano, foram registradas 1.773 consultas, enquanto em 2022 foram 620, marcando um aumento de aproximadamente 186%.
RESUMO
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O Hospital Universitário da UFGD registrou aumento significativo no atendimento à população indígena, com 1.773 consultas realizadas em 2023, representando crescimento de 186% em relação a 2022. As internações também cresceram, passando de 1.094 para 1.302 no mesmo período. O hospital implementou melhorias no atendimento, incluindo contratação de intérpretes de guarani, sinalização bilíngue e acesso de cuidadores tradicionais. A unidade é referência nacional em saúde indígena e recebe incentivo específico desde 2018, focando principalmente em casos obstétricos, neonatais e respiratórios.
As internações também cresceram no mesmo período, de 1.094 em 2022 para 1.302 até novembro deste ano. Esse registro consolida o HU-UFGD (Hospital Universitário da UFGD) como referência nacional no cuidado à saúde indígena.
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Os dados foram apresentados pelo CSIN (Comitê de Saúde Indígena) durante a reunião semestral de monitoramento do IAE-PI (Incentivo para a Atenção Especializada aos Povos Indígenas), no dia 18 de dezembro. O documento é elaborado com base em dados oficiais dos sistemas do SUS (Sistema Único de Saúde), além de registros institucionais e documentos comprobatórios.
A incidência mensal atingiu picos superiores a 200 atendimentos. O perfil indica concentração em algumas especialidades, como obstétricas, neonatais e respiratórias, além de condições crônicas, como hipertensão e diabetes na gestação.
O encontro contou com a presença de representantes do DSEI-MS (Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul), do controle social e de equipes assistenciais e administrativas do hospital. A porcentagem foi extraída do panorama assistencial indígena. A apresentação também reforçou as práticas de mediação cultural e educação em saúde, com intérpretes e articulação direta com comunidades indígenas.
A reunião tem o objetivo de avaliar as ações desenvolvidas no primeiro semestre de 2025 e subsidiar a elaboração do novo PMA (Plano de Metas e Ações), para o período de novembro deste ano até o mesmo mês de 2026, conforme explicado pela coordenadora do Comitê de Saúde Indígena do HU-UFGD/Ebserh, Luciana Comunian.
Na apresentação, também foram pontuados, entre os avanços, a contratação de intérpretes da língua guarani, o fortalecimento da comunicação intercultural e a atuação estruturada do Comitê de Saúde Indígena, com enfermeiros especializados.
Outras estratégias foram adotadas para a melhoria do ambiente intercultural, como a sinalização bilíngue, materiais educativos em guarani e grafismos indígenas, além do reconhecimento e acesso de cuidadores tradicionais e líderes espirituais ao ambiente hospitalar. Além disso, foram realizadas várias ações de educação permanente, com forte participação indígena, ampliando o acesso a consultas, mutirões, atividades em território indígena e telessaúde, bem como a integração efetiva com o DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) e os Polos Base, garantindo a continuidade do cuidado.
Foi mencionada como desafio a necessidade de consolidar e ampliar o financiamento para assegurar a sustentabilidade das ações e formalizar novas metas para atuação permanente em territórios indígenas. O novo foco é ampliar a capacidade de atendimento especializado diante da alta demanda, avançar na institucionalização de protocolos interculturais e na expansão da telessaúde.
"Os passos que são dados aqui fazem diferença no dia a dia do usuário indígena. Principalmente agora que tem um intérprete, que é o principal, é o foco de todos os andamentos, porque a mulher indígena é diferenciada. Se você pergunta para ela se está tudo bem, ela fala que está ok, mas, quando chega no território, ela já tem mais intimidade com as lideranças, com as mulheres indígenas. Então, ali elas vão falar sobre as demandas das quais não saíram satisfeitas do hospital", explicou a conselheira municipal do Fórum dos Usuários, da etnia terena, Sueli Luzia Molinari, sobre a importância do trabalho em conjunto dos servidores com a comunidade indígena.
O Hospital foi habilitado a receber o IAE-PI (Incentivo para a Atenção Especializada aos Povos Indígenas), Incentivo de Atenção Especializada aos Povos Indígenas, em novembro de 2018, conforme a Portaria nº 3.658/GM/MS, de 11 de novembro de 2018.
O repasse é tratado como peça-chave para fortalecer o atendimento especializado à população indígena. Não se limita ao cuidado clínico. Também viabiliza ações de interculturalidade e amplia o acesso qualificado ao SUS, Sistema Único de Saúde. Sem esse incentivo, o discurso de atenção diferenciada ficaria bonito só no papel.
Desde setembro de 2013, o HU-UFGD integra a Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). A empresa, vinculada ao MEC (Ministério da Educação), foi criada em 2011 e atualmente administra 45 hospitais universitários federais em todo o país. (Informações produzidas pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
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