MS registra mais de 8 mil afastamentos por transtornos mentais em 2024
Conforme dados do Ministério da Previdência Social, ansiedade e episódios depressivos lideram os casos

Afastamentos temporários por transtornos mentais e comportamentais em Mato Grosso do Sul chegaram a 8.386 casos no ano de 2024. Esse número representa quase 13% do total de licenças concedidos no Estado. Os dados foram fornecidos pelo MPS (Ministério da Previdência Social) ao Campo Grande News, nesta terça-feira (11).
RESUMO
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Em 2024, Mato Grosso do Sul registrou 8.386 afastamentos temporários por transtornos mentais, representando quase 13% do total de afastamentos no estado. Dorsalgia lidera os casos, seguida por transtornos ansiosos e episódios depressivos. No Brasil, afastamentos por doenças mentais ultrapassam 440 mil, mais que o dobro de uma década atrás. Especialistas apontam que mudanças sociais e a pandemia influenciaram o aumento, destacando a necessidade de ambientes de trabalho mais acolhedores. A geração Z questiona relações abusivas no trabalho, contribuindo para o debate sobre saúde mental no ambiente profissional.
Segundo o MPS, dorsalgia lidera o número de casos, com 3.676 concessões. Em seguida, o transtorno de discos intervertebrais soma 2.998 casos, seguido por lesões no ombro, com 2.561 registros. O transtorno ansioso aparece em quarto lugar no ranking de doenças com mais de benefícios concedidos, totalizando 2.516 beneficiários.
Em todo o país, o número de afastamentos por doenças mentais ultrapassa 440 mil. Conforme o MPS, as dez doenças do Capítulo V da CID-10, que trata dos transtornos mentais e comportamentais, são: ansiedade, episódios depressivos, transtorno depressivo recorrente, transtorno afetivo bipolar, reações ao estresse grave e transtorno de adaptação.
Outras doenças incluem transtorno mental e comportamental por uso de múltiplas drogas ou substâncias psicoativas, transtorno mental e comportamental devido ao uso de álcool, esquizofrenia, transtorno mental e comportamental devido ao uso de cocaína e transtornos específicos de personalidade.
O Estado segue a média nacional, com a maioria dos casos sendo de transtorno ansioso, com 2.516 afastamentos, seguido de episódios depressivos, com 2.408 casos. O transtorno depressivo recorrente também aparece com destaque, com 1.556 registros.
No ano de 2023, foram concedidos 1.682 afastamentos por transtornos ansiosos, 1.436 por episódios depressivos, e 987 por transtorno depressivo recorrente. Os números indicam que houve um aumento de pelo menos 49% em afastamentos por transtornos mentais.
Análise feita pela Agência Brasil mostra que, na última década, o número de afastamentos por transtornos mentais e comportamentais mais que dobrou. Em 2014, quase 203 mil brasileiros foram afastados por esses motivos. Dez anos depois, o número ultrapassa 440 mil.
Segundo a psicóloga, Lóren Lohana Dutra Barbosa, antes mesmo da pandemia, que mudou o cotidiano das empresas, estudos já apontavam as mudanças sociais que acompanham as gerações. "Isto colocou o mercado de trabalho em um dilema: adaptar-se e criar ambientes mais acolhedores ou permanecer e adoecer junto com os colaboradores", explicou ela.
Ela ainda detalha que após a pandemia, a relação com o trabalho mudou. "Fala-se muito sobre a 'falta de ética' da geração Z, mas, na realidade, trata-se de uma geração que questiona uma relação abusiva com o trabalho e as consequências que isso traz, como os altos índices de afastamentos", afirmou Lóren.
Para a especialista, dentre os inúmeros motivos que levam um trabalhador a se afastar estão: o estresse causado pela baixa remuneração, excesso de trabalho, falta de tempo de qualidade e lazer.
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