A dor não tem nada a ensinar àqueles que não tem coragem

A vida é urgente. Todos os dias ela nos lança em meio a desafios, imprevistos e situações que exigem de nós muito mais do que preparação ou conhecimento técnico — elas clamam por coragem. A verdade é que não há tempo para a covardia. Enquanto hesitamos, a vida passa, as oportunidades escapam e os ciclos se fecham. A ausência de coragem não nos protege de nada, apenas nos condena à paralisia, à mediocridade e ao arrependimento.

A vida quer de nós coragem 

Guimarães Rosa já dizia que “o que a vida quer da gente é coragem”. Essa frase não é apenas uma bela composição de palavras — ela carrega uma verdade profunda e incontornável. A vida não está interessada em nossas desculpas, inseguranças ou receios. Ela não espera que estejamos completamente prontos ou seguros para agir. Ela apenas nos lança ao mundo, onde coragem não é uma escolha, mas uma exigência.

Quantas vezes já ficamos estagnados diante de uma decisão importante, com medo de errar ou fracassar? Quantas vezes deixamos passar uma chance por receio do que os outros diriam? Nessas horas, precisamos nos lembrar de que a ausência de ação também é uma escolha — e quase sempre uma escolha que cobra um preço alto.

O tempo não espera pelos indecisos 

Há um ditado popular que diz: “Quem espera, nunca alcança.” Isso não significa que a paciência não tenha valor, mas sim que, em muitos casos, a espera é apenas um disfarce para o medo. A coragem não é ausência de medo — ela é a capacidade de agir apesar dele.

 A covardia nos paralisa e cria uma ilusão de proteção. Ficamos nos escondendo atrás da falsa sensação de segurança que a inércia oferece. No entanto, o tempo não se importa com nossas justificativas. Ele passa e leva consigo as chances que desperdiçamos.

O peso do arrependimento 

Mais tarde, quando olhamos para trás, o que nos dói não são os erros cometidos com ousadia, mas as oportunidades que deixamos escapar por medo. A frustração de não ter tentado se transforma em um fardo pesado, difícil de carregar.

É natural sentir medo diante de situações que nos tiram da zona de conforto. Mas precisamos aprender a encarar esse medo como parte do processo. A coragem não nasce da ausência de medo, mas do enfrentamento dele.

A coragem como prática diária 

Ser corajoso não significa fazer grandes atos heroicos o tempo todo. Muitas vezes, a coragem se manifesta em pequenas atitudes cotidianas: falar a verdade quando é mais fácil mentir, se posicionar quando todos esperam seu silêncio, dar o primeiro passo rumo a um sonho que parece distante.

Coragem é recusar a mediocridade, é buscar sempre mais, é se permitir arriscar, mesmo que o resultado não seja garantido. É se levantar após cada queda e continuar avançando.

 Não se iluda com a zona de conforto 

A maior armadilha da vida é o conforto. Ele nos faz acreditar que estamos protegidos, quando, na verdade, estamos apenas adiando a ousadia que nos faria crescer. A verdadeira satisfação não está na ausência de riscos, mas na certeza de que fizemos o possível — e até o impossível — para viver plenamente.

Há um mundo de possibilidades esperando por aqueles que se atrevem a sair da comodidade e encarar a realidade de frente. Isso não significa agir de maneira impulsiva, mas sim reconhecer que nenhuma realização vem sem esforço, e que o medo não pode ter mais voz do que a vontade de viver intensamente.

O legado da coragem

A história é escrita por aqueles que ousaram. Pessoas que enfrentaram adversidades, superaram obstáculos e se recusaram a viver à sombra da covardia. Podemos não nos tornar personagens históricos, mas podemos, sim, deixar uma marca significativa em nossa própria trajetória — e isso só é possível com coragem. Lembre-se: o tempo é implacável e não perdoa hesitação. Portanto, escolha a coragem.

Escolha agir mesmo que o medo esteja presente. Escolha viver com intensidade, em vez de apenas existir.

A vida não nos dá garantias, mas ela recompensa quem se lança com determinação. Então, diante de qualquer dilema ou obstáculo, faça valer a frase: Não há tempo para não se ter coragem. E mais: não há tempo para a covardia

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica.

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