A importância de ter uma conformidade regulatória e soberania de dados na nuvem
É fato que a transformação digital acelerou a migração de dados para a nuvem. Mas, por outro lado, ela trouxe consigo um novo obstáculo: como garantir que informações sensíveis estejam realmente protegidas e em conformidade com as leis locais? No Brasil, onde a nuvem responde, em média, por 45% do processamento nas empresas, conforme Pesquisa Anual do Uso de TI no Brasil, realizada pela FGVcia, a discussão sobre a soberania de dados e compliance regulatório deixou de ser teoria e se tornou uma questão de sobrevivência empresarial.
Os riscos do não cumprimento das legislações vão além de sanções financeiras, pois eles podem gerar perda reputacional, contratos rompidos e até restrições operacionais. Dessa forma, as empresas de setores como saúde, finanças e educação já sentem o peso das decisões equivocadas quando se trata da escolha de provedores de nuvem.
Vejo que um erro comum de muitas empresas é acreditar que a "nuvem global" é sinônimo de segurança. A realidade é que dados hospedados em servidores fora do Brasil ficam sujeitos a legislações estrangeiras, criando brechas para acessos não autorizados e conflitos jurídicos. Então, na hora de escolher uma prestadora de serviços, é preciso checar se ela possui infraestrutura nacional e esteja em conformidade com a LGPD e outras normas setoriais.
Nos últimos anos, as autoridades têm aplicado multas milionárias contra empresas que falharam no que tange à proteção de dados, especialmente quando operam em nuvens sem soberania local. Mesmo setores altamente regulados, como o financeiro, têm sofrido com essas penalidades, com casos graves de vazamento ou não conformidade, e como falei anteriormente, entra em jogo também a reputação da companhia.
Além de evitar punições, a adequação regulatória virou quase um diferencial de mercado. Empresas que investem em soberania de dados e compliance ganham agilidade em auditorias, atraem parceiros, clientes exigentes e reduzem custos.
Enfim, enquanto o mundo discute sobre a soberania de dados, empresas ágeis já estão tomando medidas proativas. Diante desses insights, a pergunta que fica é: sua estratégia de nuvem está alinhada ao risco regulatório do seu setor ou você continuará refém de decisões tomadas em outras localidades?
(*) Paulo Lima, CEO da Skymail, empresade serviços de e-mail corporativo, cloud computing e segurança digital
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