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Abuso sexual infantil: como identificar?

Cláudia Melo (*) | 13/10/2020 08:05

Quando refletimos sobre abuso infantil, pensamos: como é possível uma criança ser abusada dentro de casa por algum parente? Onde estavam os cuidadores? Como não perceberam? Essa criança apresenta indícios de que algo está fora de controle, como mudanças na forma de agir, medos que não tinha antes ou mudança extrema de humor, apresentar rejeição a uma pessoa etc. As crianças encontram formas de pedir socorro e a família precisa tentar identificar. Ela se volta para o mundo adulto, seus interesses passam a ser sexualizados.

É preciso também identificar quando uma proximidade excessiva pode ser um sinal. A família acredita que pedófilos são desconhecidos, mas na maioria dos casos são pessoas próximas, por quem a criança tem um afeto. O pedófilo ganha confiança de todos e em seguida vai ter um relacionamento de muito mais cumplicidade com a criança, para fazer com que ela não conte nada para ninguém. É comum darem presentes, dinheiro ou outros bens materiais para construir relação com a vítima. É preciso explicar para a criança que ninguém mais velho deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com adultos de confiança.

Se identificar um abuso, procure ajuda. É aconselhável acionar o Sistema de Garantia de Direitos, por meio do Conselho Tutelar, o Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS) ou a Vara da Infância e da Juventude para uma resposta mais adequada. Há situações em que a criança tenta contar para alguém e não é ouvida. Sempre confie na palavra da criança. O adulto nunca deve questionar o que ela está contando, ou tentar responsabilizá-la. Ao conversar, diga algo que a acolha. Após isso, denuncie. Diga à criança que irá pedir ajuda. A criança pode não querer que você relate, especialmente se o agressor a ameaçou ou aos seus entes queridos. Você estará envolvendo autoridades que manterão a criança segura.

Pelo Disque 100 pode-se denunciar violências contra crianças e adolescentes e obter informações sobre Conselhos Tutelares. A identidade do denunciante é mantida em sigilo. Também dá para denunciar pelo 190, na delegacia mais próxima da sua casa, ou na Polícia Federal. Depois da denúncia, continue a apoiar a criança. A forma correta de tratar esse problema é impedir que nunca aconteça, e se caso acontecer, não responsabilizar a criança. Pessoas que sofreram violência durante um período de suas vidas podem ressignificar as experiências e encontrar novas referências para continuar a viver. E nunca deixe uma criança
sem informação, para que ela se proteja e entenda caso for exposta ao perigo.


(*) Claudia Melo é psicóloga

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