Agricultor: o guardião da sustentabilidade e da produção de alimentos
O agricultor brasileiro é hoje — e será cada vez mais — o principal provedor de segurança alimentar do mundo. Com uma safra de grãos que alcançou 350,2 milhões de toneladas na safra 24/25, o Brasil mostrou novamente sua capacidade de produzir em escala e com eficiência, mesmo diante de cenários bastante adversos, abastecendo mercados internos e externos enquanto gera renda para milhões de famílias.
Além de alimentar pessoas, a produção agropecuária é peça-chave na economia nacional: o agronegócio registrou exportações da ordem de US$ 166,6 bilhões em 2023 e manteve desempenho robusto em 2024 (cerca de US$ 164,4 bilhões), mostrando que o campo é também um dos motores do superávit comercial e da geração de divisas. Esses números comprovam que proteger e modernizar a agricultura é proteger emprego, soberania e receitas externas.
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E aí vem um ponto fundamental que ainda precisa ser devidamente esclarecido para a sociedade: além de ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo e pilar estratégico do nosso PIB (Produto Interno Bruto), o Brasil também é um dos países que mais conservam – e protegem – o meio ambiente, com influência direta do agricultor. Quando estimulado por políticas públicas e mercados que valorizam práticas sustentáveis, ele se transforma no melhor agente de recuperação, conservação e proteção de biomas. Nenhum país do mundo produz tanto e mantém mais de 60% do seu território preservado.
É o produtor rural quem está trazendo à luz as tecnologias mais avançadas para se produzir e preservar mais: conectividade, inteligência de dados, sensores, imagens por satélite, telemetria de máquinas e plataformas de análise permitem decisões no tempo certo — desde aplicação localizada de fertilizantes até rotação de culturas e monitoramento de carbono em lavouras e pastagens.
Vale ainda ressaltar a atuação do agricultor brasileiro na gestão climática. A COP30 (Conferência das Partes sobre Mudança do Clima) se encerrou com questões inconclusivas. Enquanto isso, já se vê na prática o resultado do gerenciamento do clima pelo produtor rural, que vai além da busca por maior eficiência econômica e produtiva. A consequência dos seus investimentos também é de ordem sustentável e ambiental, uma vez que a conectividade com inteligência integrada de dados permite otimizar o uso de insumos, água, energia e máquinas; reduzir o desperdício, o consumo de combustível e a emissão de CO2; facilitar o monitoramento de nutrientes no solo, o gerenciamento de práticas de baixo carbono, a rastreabilidade de produtos e o cumprimento do Código Florestal, só para citar alguns exemplos. Tudo para entregar o alimento de que a população precisa.
Vou além. Já parou para pensar que o agricultor é ator-chave para o sucesso dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) das Nações Unidas? As tecnologias rurais apontam mais especificamente para duas metas dos ODS: o Objetivo 9, que trata de Indústria, Inovação e Infraestrutura, e o Objetivo 13, sobre Ação Climática. O primeiro é central porque a inovação abre novos mercados para pequenos agricultores. Já o segundo é decisivo, uma vez que a agricultura é chave na resposta às mudanças climáticas e a conectividade rural é a peça que faltava no quebra-cabeça das análises de dados agrícolas, conforme apontei anteriormente.
Segundo a própria ONU, "a abordagem dos sistemas agroalimentares da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) considera a agricultura para além das suas funções produtivas e macroeconômicas como o meio para concretizar a segurança alimentar e meios de subsistência resilientes, promover a inovação e catalisar investimentos e parcerias. Esta abordagem foi sintetizada como uma melhor produção; melhor nutrição; um ambiente melhor; e uma vida melhor".
Finalizados os debates da COP em Belém, definitivamente chegou o momento de avançarmos em conjunto para ações positivas e propositivas com toda a sociedade brasileira, colocando a agricultura no centro das nossas ambições ambientais e alimentares. Precisamos valorizar o agricultor como agente de transformação ambiental, de desenvolvimento socioeconômico e de uma incomparável matriz tecnológica, capaz de consolidar o Brasil no lugar de destaque nas próximas décadas.
(*) Rodrigo Oliveira, diretor-presidente da Sol By RZK, empresa de conectividade rural e inteligência de dados para a agricultura
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