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Com a mudança das estações, fique atento com às fake news

Éder Comunello e outros colaboradores (*) | 27/05/2022 13:30

 A confirmação da continuidade do fenômeno La Niña para 2022 trouxe um prognóstico de alerta para o período de outono e inverno. Além das alterações no regime de chuvas, que tendem a ser mais irregulares e concentradas, também são esperadas ondas de frio de maior intensidade. Felizmente, os serviços de previsão hoje são capazes de prever esses fenômenos com considerável antecedência e precisão. Hoje nenhum fenômeno de grande intensidade passaria despercebido numa previsão de 15 dias.

Instituições como Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa1), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE2) e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET3) têm qualidade e reconhecimento internacional e dispõem de serviços de alerta que não ficam devendo em nada a qualquer outra instituição internacional. De fato, e via de regra, esses serviços se complementam, reforçando e concordando em suas previsões. Hoje, é improvável que qualquer evento meteorológico de grandes proporções ocorra sem a previsão dos serviços de previsão públicos ou privados. Poderíamos estar muito seguros disso, não fosse o fértil terreno das fake news que cresceu muito nos últimos anos.

Com a chegada do outono, tem sido frequente a divulgação de vídeos e áudios antigos, dando a entender que seriam atuais. Essa tem sido a principal estratégia de fake news nesse momento. De fato, nos últimos dias, tem sido prática comum a divulgação de material relativo ao inverno de 2021, como sendo uma previsão para os próximos dias. Isso tem semeado o pânico entre os produtores rurais, que já teriam preocupações suficientes com o alto risco natural de suas atividades.

E com o avançar do outono em direção ao inverno, a tendência é que cresçam os boatos. Outra estratégia dos mal-intencionados é postar informações e fotos de outros lugares como sendo da região. Logo chegará aquela foto de uma nevasca nos Estados Unidos que seria uma geada no interior de Mato Grosso do Sul. Esse é um fake que tem se repetido nos últimos anos e, incrivelmente, tem quem acredite que são informações verdadeiras.

Nenhum evento apocalíptico estaria na iminência de ocorrer sem que instituições públicas brasileiras estivessem cientes. Então, essas são fontes de informações de credibilidade e que prestam serviços que servem como contraponto às mensagens que por vezes recebemos no celular ou vemos em algum site pouco confiável. Além disso, existem diversos sites especializados na verificação de notícias, onde é possível reunir evidências da veracidade e confiabilidade das notícias. Mesmo nesses casos, é necessária prudência e consultar o máximo de fontes possíveis.

Confira algumas dicas que ajudam a evitar a propagação de fake news, ou seja, de notícias mentirosas/falsas:

1)     Cheque a fonte da notícia - Independente da credibilidade que uma fake news possa dar a entender, ou não, o que devemos fazer é só considerar fontes confiáveis. Uma mensagem correta deveria conter um link que remete a uma matéria ou artigo de uma empresa ou instituição reconhecida, preferencialmente com alguma expertise na área do artigo. E ao clicar em um link sempre observar a que local a notícia se refere e quando foi publicada.

2)     Verifique a data da informação - Vídeos e áudios avulsos em aplicativos de mensagens, sem indicação de data, local ou fonte, jamais deveriam ser levados à sério e muito menos encaminhados para outras pessoas ou grupos.

3)     Desconfie de títulos, manchetes e textos alarmistas - Textos sensacionalistas podem até ser verdade, mas em geral tem como objetivo apenas conseguir cliques.

4)     Desconfie de imagens, fotos e vídeos muito absurdas - Imagens assim, em geral, despertam a atenção, especialmente nas redes sociais. É nessa hora que o bom senso deve prevalecer, pois se um evento parece muito inacreditável talvez seja justamente porque ele não existe.

5)     Imparcialidade - Textos com informações genéricas, sem identificação dos envolvidos, são pouco confiáveis. Uma boa notícia jornalística deve conter a fala de todos os lados citados no texto. Fique alerta quando apenas uma versão da história é apresentada, pois pode ser tudo por invenção.

6)     Não acredite em tudo que ouve ou vê -  Imagens e áudios podem ser facilmente editados e tirados do contexto. Cenas que mostram situações muito incomuns demandam uma busca pela gravação original para tentar entender em que contexto foram feitas ou ditas. É preciso tomar cuidado porque elas podem ser manipuladas digitalmente só para enganar o leitor ou ouvinte. Uma dica prática importante, quando você se deparar com uma imagem duvidosa na internet, clique com o botão direito do mouse e escolha a opção procurar imagem. Esse recurso vai te mostrar quantas vezes essa imagem já foi reproduzida e em quais endereços.

7)     Credibilidade - Quando uma informação é importante e relevante, ela normalmente é publicada por um veículo da imprensa com a assinatura do profissional responsável por aquela informação. Procure saber se existe em uma reportagem alguma informação nesse sentido. Assim, é possível fazer uma busca online pelo nome da pessoa responsável pela publicação com a finalidade de verificar se esse profissional existe e se trabalha naquele veículo de informação.

8)     Pegadinha - Geralmente, as notícias falsas trazem em seu final o clássico bordão: "se você gostou dessa notícia e acha que vale a pena ser compartilhada, mande esse texto para todos os seus contatos" ou "faça essa mensagem chegar ao maior número de pessoas". Desconfie imediatamente, pois são frases comuns em mensagens falsas.

Finalmente, fique atento e faça a sua parte. Vivemos um tempo em que estamos cercados de fake news e desinformação. Assim, é muito importante estudar, pesquisar e estar bem informado. Verifique se a informação que você recebeu é de fato verdadeira, antes de compartilhar com outras pessoas. Você é responsável pelo que você compartilha.

(*) Éder Comunello,  Carlos Ricardo Fietz e Danilton Luiz Flumignan são pesquisadores.

(*) Christiane R. Congro Comas é jornalista.

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