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Cidades

Após recuo, indígenas aguardam comitiva interministerial em Caarapó

Guarani-Kaiowá permanecem na área de Guyraroká e cobram providências após episódio de tensão

Por Inara Silva | 26/10/2025 19:05
Após recuo, indígenas aguardam comitiva interministerial em Caarapó
Força Nacional chegou à retomada da TI Guyraroká no sábado. (Foto: Comunidade Guyraroká)

Depois de deixarem a sede da Fazenda Ipuitã, em Caarapó, a 274 km de Campo Grande, os indígenas Guarani-Kaiowá retornaram à retomada Guyraroká, onde aguardam a chegada de uma comitiva interministerial prevista para esta segunda-feira (27). O grupo havia ocupado a área no sábado (25), em meio a um novo episódio de tensão que terminou em incêndio e quebra de maquinários.

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Indígenas Guarani-Kaiowá deixaram a Fazenda Ipuitã, em Caarapó (MS), e retornaram à retomada Guyraroká, onde aguardam comitiva interministerial. A ocupação no sábado resultou em incêndio e danos a maquinários, com os indígenas negando autoria dos atos. A área é parte de território de 11,4 mil hectares reconhecido como posse indígena em 2009, mas teve demarcação anulada pelo STF em 2014. A comunidade denuncia intoxicação por agrotóxicos desde 2019 e prepara documentos para apresentar às autoridades, buscando garantia de seus direitos.

De acordo com Matias Rempel, coordenador do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) Regional Mato Grosso do Sul, os indígenas decidiram recuar após o DOF (Departamento de Operações de Fronteira) fechar o acesso à área e mobilizar efetivo considerado “desproporcional”. “Diante das ameaças e da presença ostensiva das forças de segurança, eles optaram por voltar à retomada Guyraroká, onde estavam anteriormente”, explicou.

Ainda segundo Rempel, a comunidade teme novas ações policiais e possíveis represálias. Os indígenas negam ter iniciado o incêndio que destruiu estruturas e maquinários na fazenda e afirmam que o fogo começou na área de vegetação, provocado por agentes de segurança e pessoas ligadas à propriedade.

A comunidade prepara documentos e relatos para entregar à comitiva. “O grupo vai apresentar provas das ilegalidades e da violência sofrida, esperando que o Estado cumpra com suas responsabilidades e garanta os direitos da comunidade”, destacou o coordenador do Cimi.

A comunidade relata que, desde 2019, denuncia casos de intoxicação por agrotóxicos nas proximidades da área reivindicada. Por isso, decidiu permanecer na Terra Indígena Guyraroká, à espera de providências das autoridades.

O caso reacende o histórico de conflitos na região, marcada por disputas fundiárias. A Fazenda Ipuitã fica em território que teve 11,4 mil hectares reconhecidos como posse indígena em 2009, mas cuja demarcação foi anulada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2014, com base na tese do marco temporal. Hoje, restam cerca de 50 hectares ocupados pelas famílias.

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