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Cidades

Médico de MS descreve cenário caótico em aeroporto do Catar após ataque do Irã

Cirurgião de Campo Grande e esposa estavam no exterior quando guerra com Israel se agravou

Por Viviane Oliveira | 25/06/2025 11:51


RESUMO

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Casal de médicos de Campo Grande relata momentos de tensão após ficar retido no Catar. Daniel Nunes e sua esposa retornavam de um congresso em Cingapura quando o Irã atacou alvos no Oriente Médio, fechando o espaço aéreo. O casal ficou preso no aeroporto de Doha por mais de 24 horas em meio ao caos. O ataque iraniano a uma base americana no Catar gerou pânico entre os passageiros. Com o aeroporto lotado e voos cancelados, o casal enfrentou dificuldades para retornar ao Brasil. A situação foi agravada pelo medo de novos ataques e pela incerteza sobre o retorno. Após muita dificuldade, conseguiram embarcar em um voo com apenas 40% da capacidade. O cessar-fogo entre Irã e Israel, intermediado pelos EUA e Catar, permitiu a normalização gradual do tráfego aéreo.

Já está em Campo Grande o casal de médicos que ficou retido por mais de 24 horas no aeroporto de Doha, no Catar, após o Irã atacar alvos estratégicos na região, o que provocou o fechamento do espaço aéreo no Oriente Médio. O cirurgião plástico Daniel Nunes e a esposa retornaram à Capital na madrugada desta quarta-feira (25), após uma viagem marcada por tensão e cenas que ele descreve como “assustadoras”.

O casal havia passado oito dias em Cingapura, onde Daniel participou de um congresso internacional de cirurgia plástica, com foco em procedimentos faciais, evento que ele classificou como o auge de sua carreira. “Foi uma experiência profissional incrível, mas no retorno tudo mudou. Quando embarcamos de volta ao Brasil, na segunda-feira (23), o piloto avisou que a rota teria de ser alterada. Estávamos indo para Doha, mas o Irã havia atacado alvos próximos e o espaço aéreo estava fechado”, relatou o médico.

Naquele dia, ao menos dez mísseis foram lançados em direção ao Catar, segundo o portal Axios. As explosões foram ouvidas sobre a capital Doha, onde está localizada uma base militar dos Estados Unidos, alvo da ofensiva iraniana.

O avião foi inicialmente desviado para Mascate, capital de Omã, onde permaneceu parado por algumas horas. Dentro da aeronave, o clima era de apreensão. “Tinha gente chorando. A tensão era de guerra. Já houve casos de artilharia antiaérea confundindo avião comercial com avião de ataque”, afirmou.

Após autorização emergencial, o voo seguiu para Doha, onde o aeroporto, um dos maiores do mundo, estava completamente lotado. “Chegamos e havia centenas de aviões no chão, todos parados. São cerca de 670 voos por dia ali, mas nenhum estava decolando. Calcula-se que havia cerca de 200 mil pessoas no terminal. Gente deitada no chão, filas intermináveis para tentar remarcar voos. Um cenário caótico.”

A situação se agravava com o risco de novos ataques, porque Doha fica próximo à base aérea americana e poderia voltar a ser alvo. “A tensão era dupla: o medo de ataque e o medo de não conseguir voltar ao Brasil”, explicou Daniel.

O primeiro voo que partiu foi apenas às 9h do dia seguinte, e para a Ásia. Os voos para o Brasil começaram a sair por volta do meio-dia. Daniel, que tinha cirurgias marcadas há meses e compromissos acadêmicos, quase não conseguiu embarcar. “Foi um milagre. Entramos no voo sem check-in, porque ninguém conseguia chegar até o balcão das companhias. O avião saiu com apenas 40% da capacidade, de tanta dificuldade que era conseguir embarcar", descreveu.

O casal chegou às 2h da madrugada desta quarta-feira (25), após uma escala em Guarulhos (SP). Segundo Daniel, dezenas de brasileiros ainda ficaram retidos no aeroporto de Doha. “Foi assustador. Olhávamos a pista e todos os aviões estavam parados. Não decolava nenhum. Ganhei uns cabelos brancos. A manhã de hoje foi para resolver burocracias, responder mensagens, e agora à tarde já retomo a rotina com cirurgia marcada”, completou.

Cessar-fogo - O cessar-fogo entre Irã e Israel entrou em vigor na madrugada de terça-feira (24), após 12 dias de intensos confrontos que deixaram cerca de mil mortos e mais de 3 mil feridos, segundo autoridades dos dois países. A trégua foi intermediada pelos Estados Unidos, com apoio do Catar, diante do temor de uma escalada ainda maior da violência no Oriente Médio.

Nas primeiras 24 horas de vigência, não foram registrados novos bombardeios intensos, mas o clima permaneceu tenso, com trocas de acusações e declarações de vitória de ambos os lados. No fim de semana, os Estados Unidos bombardearam instalações nucleares iranianas, o que elevou ainda mais a tensão na região. Em resposta, o Irã lançou mísseis contra uma base militar americana no Catar, fato que paralisou o espaço aéreo da região e afetou voos internacionais.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que os dois países chegaram a violar o cessar-fogo momentaneamente, mas reforçou que ambos aceitaram o acordo após intensas negociações. Após o início da trégua, Irã e Israel divulgaram comunicados internos declarando vitória, em uma tentativa de fortalecer o discurso político interno.

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