De tornozeleira, delegado suspeito de corrupção faz turismo no Uruguai
Investigado por apropriação de carga contrabandeada, ele está afastado, mas recebendo salário

Mesmo usando tornozeleira eletrônica e afastado das funções por ordem judicial, o delegado Luccas Rodrigues Gomes viajou para o Uruguai, onde passou os últimos dias como turista. A defesa informou à Justiça que ele ficaria fora do país entre os dias 17 e 25 de junho e que retorna nesta terça-feira (25).
RESUMO
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Delegado afastado por suspeita de corrupção viaja ao Uruguai mesmo com tornozeleira eletrônica. Luccas Rodrigues Gomes, investigado por apropriação de carga contrabandeada, passou dias no país vizinho, compartilhando fotos de lazer em suas redes sociais. A viagem, autorizada pela Justiça, ocorreu entre 17 e 25 de junho. Gomes, juntamente com outros dois investigadores, foi afastado do cargo por 90 dias e obrigado a usar tornozeleira eletrônica. Acusados de se apropriar de mercadorias apreendidas de um contrabandista em Dourados (MS), os policiais tiveram férias suspensas e acesso a sistemas internos bloqueado. O caso segue em segredo de Justiça.
Durante o período em que esteve no Uruguai, o delegado Luccas Rodrigues Gomes compartilhou em suas redes sociais fotos de momentos de lazer, como imagens de sua estadia na praia e vistas do céu durante o voo, segundo ele, imagens do ano passado.
Nas publicações, ele usou a legenda "É parte que o sol me ensinou". A música escolhida para acompanhar as imagens foi "A Força Estranha", de Gal Costa, com o trecho "A força estranha que há em mim / Me pede pra não ter medo".
A situação chama atenção por envolver um servidor público sob monitoramento judicial, acusado de envolvimento em um dos mais polêmicos casos recentes da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
Apesar do afastamento determinado pela Justiça, em dezembro de 2024 e das suspeitas que motivaram a investigação, Luccas continua recebendo salário normalmente. Conforme dados do Portal da Transparência do Governo de Mato Grosso do Sul, a remuneração bruta dele como delegado da Polícia Civil é de R$ 17.284,00 por mês.
De acordo com o delegado, as fotos publicadas pela reportagem foram tiradas ano passado em uma viagem que fez com a família em um casamento no Nordeste, antes do afastamento. Porém, as imagens foram postadas há 16 horas no Instagram dele, mas ele garante que são do ano passado.
"Quis publicá-las ontem, mas não fiz referência do período ou do lugar que eu estava. Meu Instagram é pessoal e quis publicar uma foto de uma viagem que fiz com minha família há muito tempo atrás", disse afirmando que está em Tubarão (SC), aguardando a conclusão das investigações.
Investigação - Luccas Gomes, junto aos investigadores Dagoberto Peters e Fernando Cesar Guerra Bagordache, foi afastado do cargo no início do mês por suspeita de se apropriar de uma carga de contrabando. A mercadoria havia sido apreendida de um conhecido contrabandista que atua no distrito de Vila Vargas, em Dourados, a 251 km de Campo Grande.
O caso segue em segredo de Justiça. A decisão que afastou os três policiais foi publicada em portaria assinada pelo corregedor-geral da Polícia Civil, Clever José Fante Esteves, e determina suspensão das atividades por 90 dias.
Além do afastamento, os envolvidos estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica, medida comum em processos que envolvem suspeita de desvio de conduta dentro das forças de segurança.
O delegado Luccas Gomes diz que está atualmente morando na cidade de Tubarão, em Santa Catarina. Durante o período de investigação, ele, assim como os demais investigados, teve férias suspensas e foi obrigado a entregar itens de uso da corporação, como camisetas com a identificação da Polícia Civil. O acesso aos sistemas internos da instituição também foi bloqueado.

Fernando Guerra está lotado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados e atuou até o ano passado na Defron (Delegacia de Repressão aos Crimes de Fronteira). Dagoberto Peters era integrante do SIG (Setor de Investigações Gerais) da 1ª DP de Dourados. Luccas Gomes, por sua vez, é delegado da 2ª Delegacia de Polícia do município.
A conduta dos três segue sendo apurada tanto na esfera criminal quanto administrativa. O Campo Grande News conversou com o advogado de Luccas, Tiago Bunning, que disse apenas que "os autos estão em sigilo".
Matéria atualizada às 10h50 para acréscimo de informação.
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