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Frustração infantil: sonhos não realizados afetam o futuro

Por Carlos Alberto Rezende (*) | 25/06/2025 13:56

Em viagem recente ao Rio de Janeiro, eu e minha namorada Tatiana fomos conhecer uma grande livraria local, e entre um livro e outro, a Tati se encantou por um lindo globo; a fala dela sobre o tal globo ficou martelando na minha cabeça: “O meu sonho de criança era ter um globo enorme, como esse; eu virei adulta e esse sonho nunca se realizou. Ou seja, ainda é um sonho que se juntou aos meus novos sonhos de “gente grande” e está tudo bem, pois eu fui criada para ser feliz com o que tenho e não para ser infeliz com o que eu não tenho.”

Essa é uma reflexão importante, visto que quando as crianças têm seus sonhos e desejos não realizados, há uma possibilidade de gerar sentimento de frustração, decepção e insegurança, podendo impactar no desenvolvimento emocional e psicológico. Essas experiências podem, em alguns casos, contribuir para traumas na vida adulta, influenciando a autoestima, a percepção de valor próprio e a capacidade de buscar novas realizações. Por isso, é fundamental apoiar as crianças em suas fases de crescimento, incentivando suas expectativas e sonhos, mesmo que nem sempre eles possam ser totalmente realizados.

A relação entre crianças infelizes e adultos emocionalmente frágeis e pouco produtivos é complexa, e muitas vezes interligada pelo impacto das experiências de infância no desenvolvimento emocional e comportamental. Na formação da autoestima, as crianças que vivem em ambientes insatisfatórios ou experimentam sofrimento emocional podem ter dificuldades na construção de uma autoestima saudável. Essa fragilidade na autoconfiança muitas vezes persiste na vida adulta, tornando os adultos mais vulneráveis a estresse, ansiedade e baixa autoestima.

Crianças infelizes podem não desenvolver habilidades adequadas para lidar com emoções negativas, como frustração ou medo, o que pode colaborar com uma maior sensibilidade emocional na fase adulta, prejudicando a resiliência e a capacidade de lidar com desafios. A infelicidade na infância muitas vezes reflete em dificuldades nas relações sociais e afetivas na vida adulta, podendo levar a conflitos, isolamento ou baixa empatia, impactando a saúde emocional e o bem-estar psicológico. A falta de um ambiente de apoio na infância pode afetar o autoconhecimento e o senso de propósito, resultando em baixa motivação, dificuldades de concentração e produtividade reduzida na vida adulta. Essas experiências podem criar um ciclo no qual a insegurança e o sofrimento emocional da infância influenciam as escolhas profissionais, relacionais e de comportamentos na vida adulta, perpetuando dificuldades e instabilidades. Por isso, investir em um ambiente infantil saudável, emocionalmente acolhedor e estimulante é crucial para promover adultos mais equilibrados, resilientes e produtivos. Além disso, o trabalho de crescimento pessoal e terapia na fase adulta pode ajudar a superar traumas da infância e desenvolver uma maior estabilidade emocional.

A escola desempenha um papel fundamental na formação de adultos equilibrados, especialmente quando a criança vem de um lar com pouco diálogo e infeliz; o ambiente escolar pode ser um espaço no qual as crianças se sintam respeitadas, acolhidas e valorizadas, independentemente do contexto familiar. Os professores (as) podem implementar projetos e atividades que ensinem competências, como empatia, autocontrole, resolução de conflitos e comunicação, pois essas habilidades são essenciais para o equilíbrio emocional, ajudando a construir a segurança.

A escola deve disponibilizar profissionais de orientação pedagógica e psicológica para oferecer suporte emocional, ajudando as crianças a lidarem com suas emoções e questões pessoais de forma saudável. É válido incentivar atividades que promovam a expressão de sentimentos, opiniões e histórias de vida, fortalecendo a autoestima e o autoconhecimento das crianças, trabalhando temas relacionados ao respeito, a solidariedade e a responsabilidade, contribuindo para a formação de uma base ética sólida. Além disso, pode-se oferecer oportunidades de participação em projetos, esportes, arte e cultura, que aumentam o senso de pertencimento e autoestima. Os dirigentes escolares devem capacitar educadores para que possam identificar sinais de sofrimento emocional e navegar com sensibilidade nas questões emocionais e sociais dos estudantes. Quando possível, estabelecer diálogos e ações conjuntas com os responsáveis, promovendo uma rede de apoio que potencialize o desenvolvimento saudável da criança.

Embora o ambiente familiar seja fundamental, a escola pode atuar como um espaço de reparação emocional, crescimento pessoal e desenvolvimento de habilidades que favoreçam a formação de adultos mais equilibrados, resilientes e capazes de construir relações saudáveis ao longo da vida.


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