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Cidades

“Cigarro eletrônico faz mal e isso tem que ser dito”, alerta médico

Proibidos, os vapes têm fama de inofensivos e se beneficiam da repressão displicente

Aline dos Santos | 07/03/2022 09:28
"Há uma falsa ideia de que seria uma fumaça inofensiva", afirma o médico Henrique Brito. (Foto: Reprodução)
"Há uma falsa ideia de que seria uma fumaça inofensiva", afirma o médico Henrique Brito. (Foto: Reprodução)

Com roupagem moderninha e sabores, o cigarro eletrônico não foge aos perigos do produto tradicional.

“O risco para a saúde é importante e isso tem que ser dito, cigarro eletrônico faz mal. Qualquer tipo de dispositivo eletrônico para fumar faz mal e não deve ser utilizado”, afirma o presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Mato Grosso do Sul, Henrique Ferreira de Brito. O pneumologista também é docente dos cursos de Medicina da Uniderp e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Proibidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os cigarros eletrônicos, ancorados no gosto popular e na fiscalização displicente, são facilmente encontrados à venda em Campo Grande. Quem usa o vape, como os adeptos preferem chamar o dispositivo, diz acreditar que a ausência da queima de tabaco torna o uso menos nocivo.

Contudo, o pneumologista joga por terra os argumentos de que o cigarro eletrônico é inofensivo. Segundo ele, há uma falsa ideia de que se trata de nicotina limpa.

“Por não haver combustão, queima de tabaco, há uma falsa ideia de que seria uma fumaça inofensiva, só um vapor, que seria nicotina limpa. Mas não é verdade, existem vários componentes e alguns deles podem causar câncer, aumentar ricos de doença cardiovasculares e pulmonares”, diz Henrique de Brito.

Cigarro eletrônico descartável é exibido em prateleira de loja em Campo Grande. (Foto: Direto das Ruas)
Cigarro eletrônico descartável é exibido em prateleira de loja em Campo Grande. (Foto: Direto das Ruas)

O atomizador dos eletrônicos libera substâncias cancerígenas. Já foi identificada uma doença associada ao dispositivo, trata-se da Evali, termo em inglês para injúria pulmonar associada ao cigarro eletrônico. Os sintomas são tosse, falta de ar, cansaço e opressão torácica.

“Existe potencial danoso grande. A depender do tanque, do tamanho do refil, você vai usar muito mais nicotina do que o fumante de um cigarro convencional usaria. É muito alarmante o nível de nicotina a que estão sendo expostos os fumantes desses dispositivos”, afirma o médico.

Os vapes são abastecidos com essências (os juices), numa cartela de sabores variados: melancia, chocolate, melão. “Ou até outras substancias, como canabidiol, THC [Tetrahidrocanabinol]. Porta de entrada para consumo de outras substâncias”. TCH e canabidiol estão presentes na maconha.

Cigarro agora chama vape, mas, a exemplo do convencional, vem cercado de riscos à saude. (Foto: Paulo Francis)
Cigarro agora chama vape, mas, a exemplo do convencional, vem cercado de riscos à saude. (Foto: Paulo Francis)

O alerta também se estende para a dependência da nicotina, que aumenta níveis de estresse, ansiedade e nervosismo quando o uso é interrompido.

O especialista afirma que no Reino Unido, chegou a ser utilizado cigarro eletrônico na tentativa de auxiliar quem queria abandonar o cigarro convencional, mas voltaram atrás por não ser seguro. “Não se deve trocar um vício pelo outro. Eu tenho que parar de fumar através de ajuda médica, medicação, terapia cognitivo-comportamental.”

A ordem médica é tolerância zero com o fumo, seja no modelo convencional eletrônico, narguilé cachimbo, charuto ou rapé.

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