Com R$ 5 milhões, área na cabeceira do Rio Taquari começará a ser recuperada
Projeto de recuperação será o maior em curso no Brasil e terá ações até 2030
Há décadas seguindo o contorno de maior desastre ambiental do Pantanal, o Rio Taquari poderá ganhar sobrevida com a ajuda de projeto de recuperação de áreas degradadas próximas às suas nascentes, localizadas ao norte de Mato Grosso do Sul.
Ele começa a ser implementado a partir de julho deste ano e será o maior do Brasil executado em unidade de conservação ambiental, conforme anúncio feito nesta terça-feira (6) pelo governo estadual e o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
Uma área de aproximadamente 3 mil hectares, antes particular e adquirida por aproximadamente R$ 19 milhões pelo Estado, receberá as ações. Ela será anexada ao Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari, que fica entre os municípios de Costa Rica e Alcinópolis.
O local é uma fazenda cujo desmatamento e pastagens degradadas contribuíram com o processo de assoreamento do Rio Taquari. O impacto se deu especialmente com a formação de voçorocas – surgimento de imensos buracos que ultrapassaram o limite da erosão e atingiram o lençol freático – e carreamento de sedimentos dos chamados Alto até o Médio e Baixo Taquari, que compreendem três diferentes pontos da extensão da bacia hidrográfica do rio.
Recuperação - Será preciso recuperar vegetação e o solo da propriedade para reduzir os impactos ao leito do Rio Taquari, como prevê o projeto, batizado de Sementes do Taquari. Com esse objetivo, serão plantados 2 milhões de árvores em aproximadamente 1,3 mil de seus hectares, o que representa pouco menos da metade da extensão total.
Diretor do Imasul, André Borges explica que a proposta de recuperação é pontual por atacar somente o Alto Taquari que, justifica, "é o que mais contribui para jogar o sedimento para o Baixo Taquari ter assoreado e ter mudado o curso do rio". As medidas previstas poderão conter 29 voçorocas e evitar o lançamento de mais sedimentos para o rio não assorear mais, como é esperado.
Quanto ao Médio e Baixo Taquari, o órgão afirma atuar fazendo monitoramentos para saber onde o rio tem se encaminhado para formação de novo leito e onde há arrombados que podem ser fechados.
Chamados tecnicamente de avulsões, esses arrombados refletem na transformação do leito do rio em um local mais alto do que as margens, levando ao desvio de seu curso natural.
Mais recursos - O plantio de árvores será feito na primeira fase do projeto. Outras etapas serão anunciadas até o término das ações na área, que está previsto para 2030.
Esse foi o principal anúncio desta terça-feira transmitido pelo governo. Houve outros que totalizam R$ 8 milhões em investimentos junto aos recursos para o projeto Sementes do Taquari. Os demais estão relacionados à tecnologia para evitar desmatamentos ilegais e reforçar as ações do próprio Imasul, que também é um órgão fiscalizador.
Presente no evento, o governador Eduardo Riedel destacou que as ações estão inseridas em um objetivo maior. "São várias ações que reforçam esse compromisso que Mato Grosso do Sul tem com a agenda ambiental. Não à toa, temos visão de prosperidade e de ser 'estado verde'. Cada passo que a gente tem dado está inserido dentro do contexto da agenda ambiental, seja para proteger a biodiversidade, seja para balancear a emissão de carbono, seja para proteger as águas dos nossos três biomas", resumiu.