Com R$ 800 mil em prejuízo estimado, família rejeita acordo com Nasa Park
Nasa Park propôs pagar parte da quantia parcelada em até 1 ano para proprietária de chácara
RESUMO
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Uma família atingida pelo rompimento de uma barragem recusou uma oferta de R$ 150 mil em parcelas como indenização por perdas que incluem casa, plantações, criação de peixes e porcos. Considerando o valor irrisório frente aos prejuízos sofridos e a perda de renda de R$ 7 mil mensais, a família optará por buscar justiça, ao contrário de outras vítimas que aceitaram o acordo por possuírem melhores condições financeiras. A família encontra-se em situação de vulnerabilidade, recorrendo a eventos beneficentes para cobrir despesas básicas.
Esse valor de R$ 150mil foi oferecido pela minha casa, um hectare, plantações, seis tanques de peixe, porcos e estruturas de chiqueiro e cercas levada pela lama”, diz Gabriele do Prado Lopes Bettencourt, de 34 anos.
Na reunião de quarta-feira (11) com o Ministério Pública, ela e a família não aceitaram a oferta feita pelo Nasa Park como forma de indenização pelos estragos causados pelo rompimento da barragem em agosto. Os R$ 150 mil, aliás, não seriam pagos à vista pelos empresários do loteamento de luxo e sim divididos em parcelas. “Eles pediram para pagar em até um ano porque eles não têm dinheiro. Eles pagariam 30% em quatro meses e o restante em um ano”, comenta.
Para Gabriele, o valor oferecido representa uma desvalorização da área em que mora há 34 anos e onde hoje cria os quatro filhos, sendo um deles com necessidades especiais, com o apoio do marido e do pai, de 73 anos. Além disso, os R$ 150 mil não acompanham os custos que hoje a família tem com aluguel, gasolina, alimentação e menos ainda o que foi estimado na avaliação do Ministério Público. "Muita coisa nem foi colocada, o meu deu uns R$ 800 mil", declara.
Isso porque a família não tem mais fonte de renda na área em Jaraguari e Gabriele paga aluguel em um imóvel na Capital, pois a chácara ainda amarga com os estragos causados em agosto. “Nesses quase quatro meses depois do rompimento da barragem, nós só acumulamos dívidas, pois não temos mais a renda que tínhamos antes. Dependemos de empréstimos que minha sogra teve que fazer no banco para suprir necessidades básicas”, desabafa.
Antes da barragem destruir tudo, a criação de porcos, os seis tanques de peixe e plantação de mandioca e milho garantiam renda de R$ 7 mil, sendo esse valor a quantia somada da parte dela e do pai. Segundo a moradora, algumas coisas vão demorar para serem restabelecidas e outras não serão retomadas.
“Os tanques jamais serão reativados e desde o que foi gasto com a escavação deles até a criação dos peixes, foi tudo perdido. Essa renda não teremos nunca mais. O que der para plantar novamente irá demorar, pois o solo que antes era próprio para o cultivo, hoje não existe mais, assim como os chiqueiros dos porcos”, explica.
Ela não aceitou o acordo, assim como o irmão Thiago Andelço, de 35 anos, que recebeu do Nasa Park proposta de R$ 250 mil pelo terreno onde mora. Em tratativas com os advogados, os dois vão recorrer à Justiça, cada um com uma ação.
Gabriele se diz preparada para esperar o tempo que for na Justiça. Questionada pela reportagem sobre o motivo de não ter aceitado o acordo de ontem, assim como as outras sete outras vítimas, ela diz que alguns aceitaram porque tem condições financeiras para isso.
“Três são grandes empresários que conseguem se manter, então pra eles está ótimo, mas a gente não consegue se manter. Tem quatro que só perderam cerca e não casa e renda”, afirma.
A família de Gabriele está realizando uma galinhada beneficente para poder pagar aluguel, alimentação, compra de móveis e outras despesas básicas. O valor do convite é R$ 25 e está sendo vendido através do número (67) 99320-4224.
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