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Capital

“Difícil começar do zero”: famílias continuam sem casa 1 mês após represa romper

No dia 20 de agosto, a barragem do Nasa Park estourou, destruindo casas e parte da BR-163

Por Izabela Cavalcanti e Antonio Bispo | 19/09/2024 10:59
Tiago Andelço explica sobre o rompimento da barragem no dia 20 de agosto (Foto: Marcos Maluf)
Tiago Andelço explica sobre o rompimento da barragem no dia 20 de agosto (Foto: Marcos Maluf)

No dia 20 de setembro, completa um mês do rompimento da barragem do Nasa Park. E ainda têm famílias que aguardam assistência e que estão sem sinal de quando terão um lar para chamar de seu novamente.

“Está muito difícil recomeçar do zero, porque estamos tendo que comprar as coisas básicas para conseguir sobreviver”. É assim que Tiago Andelço, de 35 anos, reflete quando vê o estado da sua casa, que foi destruída pela força da água.

Ele contou ao Campo Grande News que ontem (18), as famílias participaram de uma reunião com o Ministério Público e que nenhum representante do Nasa Park compareceu.

“Passado um mês do acidente, contamos com o apoio apenas da imprensa, do Ministério Público, que doou algumas roupas e alimentos, e também de outras pessoas que fizeram doação. Eu e minha mãe tivemos que nos mudar para a casa do meu pai, que é ex-marido dela. Não consegui voltar a trabalhar ainda, porque preciso cuidar dos meus pais que são idosos e não podem ficar sozinhos”, pontuou.

Tiago também conta que, desde a tragédia, ainda não conseguiu entrar dentro de casa e ver tudo que perdeu.

“Perdi 35 anos da minha vida, que estava dentro da casa. E não é da noite para o dia que eu vou conseguir tudo de novo. Desde o dia do acidente, consegui entrar na casa apenas uma vez para acompanhar os peritos, mas desde então não consigo entrar e ver tudo o que perdi. A minha mãe também não consegue olhar a situação da casa”, lamentou.

Outro ponto que Andelço reclama é da lentidão da Justiça quanto ao caso e da falta de assistência por parte do Nasa Park.

“Em uma situação como essa, a última coisa que eu penso é em como ficou o meio ambiente. Eu perdi tudo o que eu tinha, fiquei só com a roupa do corpo. E hoje vivo de doação. Então, eu estou preocupado em saber como será o meu futuro e da minha mãe. Ainda estamos discutindo com o Ministério Público se a ação contra o condomínio vai ser individual ou coletiva”, relatou.

Luiz Neri, de 65 anos, também teve sua propriedade afetada e ainda aguarda por assistência. Ele teve parte do quintal da sua casa destruído e perdeu muitos animais. Segundo ele, para refazer a cerca custa muito caro e ainda não é possível, pois a terra está solta.

Luiz Neri teve parte da sua casa afetada pela força da água da barragem (Foto: Marcos Maluf)
Luiz Neri teve parte da sua casa afetada pela força da água da barragem (Foto: Marcos Maluf)

Nos 65 anos de vida, essa foi a primeira vez que ele precisou recorrer à ajuda psicológica para conseguir superar os traumas que viveu no dia 20 de agosto.

“Eu até precisei falar com uma psicóloga para tentar lidar com essa situação. Não é fácil esquecer o que eu vi e ouvi aquele dia. Além da perda material, também perdi muitos bichinhos que eu tinha apego”, disse.

Ainda de acordo com Luiz, nos primeiros 15 dias após o acidente, ele recebeu muita ajuda com roupas e alimentos, mas que nos últimos dias, ninguém mais apareceu.

“Parece que todo mundo esqueceu do que aconteceu aqui. Só quem foi afetado de verdade, sabe o que a gente está vivendo. Hoje em dia é só nós nos ajudando aqui”, ressaltou.

Situação do quintal da casa de Tiago, com muita terra e galhos (Foto: Marcos Maluf)
Situação do quintal da casa de Tiago, com muita terra e galhos (Foto: Marcos Maluf)

Entenda – Na manhã do dia 20 de agosto, o rompimento da barragem do Nasa Park pegou todos de surpresa. A situação destruiu casas, abriu cratera na rodovia, e chegou a interditar totalmente a BR-163.

Naquele dia, o congestionamento chegou a quatro quilômetros no sentido Norte e três quilômetros no sentido Sul. Agora, a parte da rodovia já está quase pronta, e com os veículos passando normalmente.

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