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Cidades

“Condenar por lesão corporal não paga o que ela fez comigo”, diz tatuador cego

Vítima e pesa prestaram depoimento no Fórum de Campo Grande

Por Kamila Alcântara | 14/01/2025 18:20
“Condenar por lesão corporal não paga o que ela fez comigo”, diz tatuador cego
Tatuador durante entrevista ao Campo Grande News em dezembro de 2023 (Foto: Arquivo/Alex Machado/Campo Grande News)

O tatuador Leandro Coelho Marques e a ex-namorada Sônia Obelar Gregório estiveram no Fórum de Campo Grande, nesta terça-feira (14), prestando depoimento. Ela está presa desde junho do ano passado por ter cegado o companheiro usando soda cáustica.

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Leandro Coelho Marques, tatuador cegado pela ex-namorada Sônia Obelar Gregório com soda cáustica, e Sônia prestaram depoimentos separados em Campo Grande. Leandro lamenta a indiciação por lesão corporal, não por tentativa de homicídio, e teme que Sônia, presa desde junho de 2023, receba uma pena branda. Ele ainda precisa de cirurgias e sofre com as sequelas do ataque, ocorrido após Sônia o chamar para conversar e jogar o líquido corrosivo em seu rosto. A Justiça deve decidir o caso em breve.

Ao Campo Grande News, o tatuador relatou que eles não se encontraram no prédio, para evitar interferências no processo. "Questionaram como era o nosso relacionamento e contar tudo que aconteceu naquele dia", desabafa.

Mesmo ainda passando pelo tratamento, Leandro lamenta a indicação para o indiciamento por lesão corporal e não por tentativa de homicídio. "Parece que ela não vai responder por tentativa de homicídio, mas por lesão corporal não paga todos os danos que ela fez na minha vida. Em no máximo dois anos estará no semiaberto", disse.

Ele continua dizendo que, se o material corrosivo, jogado em seu rosto, tivesse pego algum outro órgão a história seria outra. "Se tivesse entrado no meu cérebro, eu teria perdido a vida. Pela garganta, estaria sem voz ou surdo se atingisse meus ouvidos".

Agora, defesa e acusação vão aguardar a decisão da Justiça sobre o caso, que deve sair nos próximos dias. Leandro ainda precisa passar por mais quatro procedimentos cirúrgicos no olho esquerdo e faz uso de curativos diários.

“Condenar por lesão corporal não paga o que ela fez comigo”, diz tatuador cego
Sônia fugiu depois do caso e nunca foi ouvida, diz advogado (Foto: Reprodução | Facebook)

Entenda - Em fevereiro de 2023, o tatuador contou que voltava da academia e estava chegando em casa, no Bairro Aero Rancho, quando viu a ex-namorada, que sinalizou para que ele parasse no intuito de conversarem. Ao parar a moto, a mulher jogou o líquido de uma caneca no rosto da vítima.

O tatuador disse que ficou "atordoado", sentindo o rosto e olhos queimando. Ele, então, andou com a moto por alguns metros, mas não aguentou a dor e perdeu a visão. Foi o momento em que parou e pediu socorro na casa de um morador. Em seguida, a vítima lavou o rosto com água da mangueira, mas sua visão escureceu e não voltou mais.

Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para a Santa Casa. A família informou que a ex-namorada tinha ciúmes doentio pelo fato de o homem ser tatuador. "Essa é a profissão dele e sabemos que não existem escolhas para tatuar uma pessoa. A cliente que escolhe, bunda, seios, seja lá onde for", descreveu a irmã nas redes sociais.

Sônia foi presa em Curitiba, no Paraná, por força de mandado de prisão. Na ocasião, conforme o delegado Nasser Salmen, desde que a Vara Criminal de Campo Grande expediu o mandado de prisão pelo crime de lesão corporal gravíssima, a inteligência da polícia de Curitiba começou a dar apoio na captura. A mulher permanece custodiada na cadeia pública da capital paranaense.

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