Corrupção é "chaga nacional", diz juiz da 1ª condenação da Lama Asfáltica
Bruno Cezar da Cunha Teixeira falou sobre corrupção em Fórum da OAB; magistrado assumiu 3ª Vara Federal e, em março, condenou Edson Giroto a quase dez anos de prisão
Da ala dos magistrados que não dão entrevista à imprensa e no comando da Vara que julga processos da maior ação contra desvio em Mato Grosso do Sul, o juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira afirmou que a corrupção é uma chaga nacional, mas não vê a atuação da justiça como cruzadismo. "O judiciário recebe e há de julgar com imparcialidade", disse, durante participação no Fórum Estadual de Combate à Corrupção, realizado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Bruno César Teixeira assumiu a 3ª Vara Federal de Campo Grande em março de 2018. O cargo estava vago desde outubro de 2017, quando o juiz Odilon Oliveira se aposentou para disputa eleitoral.
O magistrado foi o responsável pela primeira sentença da Operação Lama Asfáltica, no dia 15 de março de 2019: condenação a nove anos, dez meses e três dias de prisão, em regime fechado, acusado de ocultação de recursos originados na compra de uma propriedade rural, no valor de R$ 7,63 milhões, por meio de desvio de recursos.
Durante palestra, Teixeira avaliou que os processos de corrupção tendem a ser bastante graúdos, com advogados bem posicionados no mercado.
“Esse tipo de Vara faz com que tenhamos contato com personagens próceres [magnatas] na política nacional e regional”, citando colegas que também tiveram desempenho contra figurões da política, como Sérgio Moro, hoje, Ministro da Justiça, que assinou condenações históricas pela Operação Lava Jato e Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro, que determinou a prisão do ex-presidente Michel Temer.
Agora, no retorno das férias, o magistrado foi surpreendido pela suspensão, por meio de liminar do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), da ação penal contra o ex-governador André Puccinelli.
Também foram suspensas as audiências marcadas para este mês, entre elas, as que previam os depoimentos de Joesley e Wesley Batista, donos da JBS.
A defesa ainda articula ofensiva para levar os processos para outras esferas da Justiça, podendo cair na estadual ou eleitoral, desde que fiquem bem longe da 3ª Vara Federal.