ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 28º

Cidades

Defesa cobra providências do MPF após retirada de indígenas de fazenda

Representantes da etnia Kinikinau se reúnem com procurador para pedir a responsabilidade dos agentes envolvidos na ação

Gabriel Neris e Clayton Neves | 07/08/2019 18:14
Procurador Emerson Kalif Siqueira, ao centro, ouve representantes de indígenas (Foto: Divulgação)
Procurador Emerson Kalif Siqueira, ao centro, ouve representantes de indígenas (Foto: Divulgação)

Representantes de grupos em defesa aos indígenas da etnia Kinikinau se reuniram nesta tarde (7), em Campo Grande, com o procurador Emerson Kalif Siqueira entregando pedido de providências do MPF (Ministério Público Federal) em relação à desocupação da fazenda Água Branca, em Aquidauana, a 135 km da Capital.

Os índios foram retirados na manhã do dia 1º deste mês por policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) com o apoio do Choque.

O advogado Luiz Henrique Eloy afirma que o pedido de providências cobra a responsabilidade dos agentes que atuaram na desocupação, considerada por eles como ilegal. “A polícia agiu de forma violenta e comandada pelo prefeito [Odilon Ribeiro, PSDB], que é um fazendeiro”, diz.

Segundo ele, o ato é em solidariedade a luta dos povos indígenas. “Eles já existem há muito mais tempo que a criação do Estado, têm direito as terras. A Funai (Fundação Nacional do Índio) nunca tomou providências em relação ao processo demarcatório”, afirma.

O advogado também cita que o Estado tem histórico de ataques e despejo envolvendo indígenas. Entretanto, lembrou que em outras situações os conflitos eram contra grupos de pistoleiros ou empresas armadas. E este é o primeiro registro que envolva a polícia “em plena luz do dia e sem qualquer ordem da Justiça”.

“Isso contextualiza os tempos sombrios que estamos vivendo. Estamos em um tempo em que o povo está achando que pode fazer o que bem entender, que está liberado matar os índios”, diz. Também citou que mesmo que houvesse ordem de retirada dos índios da área, o processo deveria ser feito pela Polícia Federal.

O advogado do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Anderson Santos, defende que deveria ser respeito o trâmite de desocupação, o que no ocorreu. “Há um processo, um rito, que deviam ser feitos. Foi totalmente ilegal e inaceitável. A polícia não pode assumir o papel particular”, repudia.

O presidente da Comissão Regional de Justiça e Paz da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Edivaldo Bispo Cardoso, conta que foi procurado pelo grupo e recebeu relatos de que não houve diálogo entre as partes e que se não saíssem da área a polícia iria agir.

“Não houve cumprimento dos procedimentos, foram pressionados psicologicamente, um absurdo. A polícia agiu motivada por uma ligação, unilateralmente, e que desrespeita a Constituição. Estudos antropológicos apontam que a região é da etnia”, defende.

Nos siga no Google Notícias