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Cidades

Em seis anos, Mato Grosso do Sul já tem 45 doações efetivadas de medula óssea

Doadores ajudam pacientes no Brasil e no mundo e ressaltam a importância do cadastramento

Natália Olliver | 17/09/2022 10:34
Enfermeira segurando amostra de sangue coletada para cadastro de doador de medula óssea (Foto: Paulo Francis)
Enfermeira segurando amostra de sangue coletada para cadastro de doador de medula óssea (Foto: Paulo Francis)

Mato Grosso do Sul possui 186 mil doadores de medula óssea cadastrados no Redome Nacional (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) e 45 doações efetivadas, ou seja, 45 pessoas que conseguiram salvar vidas, não somente no Brasil, mas em outros países do mundo. O número ressalta a importância do cadastramento de doadores no registro, para que as chances de doação sejam ampliadas.

De acordo com o Hemosul, apesar da rede responsável pelo cadastramento de doadores no Estado ter iniciado em 2001, os registros passaram a ser contabilizados apenas em 2016, pois a Redome não compartilhava os dados.

A rede informou que o cadastro dos doadores é feito a partir de uma amostra de sangue que é destinada aos laboratórios terceirizados e autorizados pela Redome. O resultado fica disponível no site do Registro em 30 dias.

São três fases. Se for compatível, o paciente viaja para um centro transportador, onde uma equipe médica vai coletar as células do osso da bacia e transplantar para um paciente que precisa.

Medula – Em termos médicos, a medula é um líquido gelatinoso e amarelado, que fica alojado no interior dos ossos, o famoso “tutano”. Em termos popular, ela é conhecida como medula óssea. A data é tão significativa que está no calendário Mundial, o World Marrow Donor Day. Anualmente ela é comemorada no terceiro sábado de setembro.

Thiago Marques Silva Pereira, de 35 anos, é um dos 45 doadores do Estado que contribuíram com a vida de outras pessoas. Ele relatou à reportagem que realizou os exames  e depois foi feita a coleta das células.

“Me senti bem, ficou inchado onde furou, mas passou. Duas semanas já tava perfeito. Acho que a ação é um dever de amor ao próximo concluído com sucesso, Me sinto bem sabendo que fui útil na vida de alguém. Tem alguém precisando, e muita vezes só aquela pessoa é compatível, temos que pensar no próximo”, pontuou.

Oportunidade – Carlos Alberto Rezende, conhecido como Professor Carlão, de 58 anos, teve uma nova chance após o transplante de medula que aconteceu em 17 de novembro de 2016. Ele sofria com uma doença rara chamada Aplasia Medular Severa, que causa falência da medula óssea. “Eu vinha apresentando sintomas, em alguns meses já estava debilitado. Manchas na pele, anemia profunda, hemorragia", contou.

Carlão ressaltou a felicidade em ter encontrado um doador compatível e ter mudado a sua história. “Hoje temos a possibilidade de encontrar um doador compatível a cada 100 mil habitantes, ser um dos receptores que tiveram isso alcançado entre os 186 mil é indescritível, uma nova chance", disse.

Durante a internação para tratamento da doença, o professor de biologia, precisou de incontáveis bolsas de sangue para se manter vivo. “Eu chorei muito. Você ver pessoas que nunca te viram te ajudando a salvar a sua vida. As 45 pessoas que fizeram isso, é um número muito significativo”, acrescentou.

Professor Carlão e seu doador, Eduardo, comemorando a amizade e doação. (Foto: Professor Carlão)
Professor Carlão e seu doador, Eduardo, comemorando a amizade e doação. (Foto: Professor Carlão)

Carlos conheceu seu doador, Luiz Eduardo Pereira de Andrade, de 29 anos, em 2019 e desde então viraram amigos inseparáveis. "Nos conhecemos por telefone em agosto de 2019. Ainda esse ano, em novembro, eu participei da primeira edição do JBTX  (Jogos Brasileiros para Transplantados) em Curitiba, aí nos conhecemos pessoalmente. Ele morava perto de lá, foi muito emocionante, muito marcante”, ressaltou.

O docente fundou o Projeto Sangue Bom, e posteriormente um Instituto, onde dedica os dias a incentivar a doação de sangue, medula óssea e órgãos. “Eu fundei meu projeto ainda no leito do hospital, em função do grande volume de sangue que eu recebi. Não tenho como parar com o instituto. Eu ajudei muita gente e enquanto estiver vivo tenho que deixar isso funcionando. Esse é o legado", finalizou.

O projeto já realizou mais de 1.700 ações solidárias em prol de campanhas de doação de sangue. Além disso, apenas esse, ano foram 330 ações nas áreas de educação,em âmbito social e na saúde.

Doação - Para ser um doador de medula óssea compareça a uma unidade da rede Hemosul e realize o cadastro.

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