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Cidades

Especialistas debatem medidas para mitigar impactos negativos na Rota Bioceânica

Estratégias para dimunuir riscos como tráfico, exploração infantil, prostituição e escravidão foram discutidos

Por Jhefferson Gamarra e Izabela Cavalcanti | 19/02/2025 17:09
Especialistas debatem medidas para mitigar impactos negativos na Rota Bioceânica
Hall do evento iternacional da Rota Bioceânica sediado em Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)

O Seminário da Rota Bioceânica, que segue nesta quarta-feira (19) em Campo Grande, dedicou um de seus painéis ao debate sobre os impactos sociais que podem surgir com a implementação do corredor logístico que ligará Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Além dos benefícios econômicos e de infraestrutura, especialistas alertaram para os riscos inerentes ao aumento do fluxo de pessoas e mercadorias, como tráfico de pessoas, exploração infantil, prostituição, trabalho análogo à escravidão e crescimento da vulnerabilidade social nas regiões de passagem da rota.

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O Seminário da Rota Bioceânica, realizado em Campo Grande, debateu os impactos sociais do corredor logístico que ligará Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Especialistas alertaram para riscos como tráfico de pessoas e exploração infantil, destacando a necessidade de planejamento integrado entre os países para minimizar problemas. Pedro Silva Barros, do IPEA, enfatizou a importância de maximizar benefícios econômicos e sociais, enquanto a secretária Patricia Cozzolino ressaltou a coordenação entre governos para proteger populações vulneráveis. O evento continua até quinta-feira, abordando desafios e oportunidades da nova rota comercial.

O objetivo do painel foi discutir estratégias para evitar que esses problemas se agravem e garantir que o desenvolvimento da rota ocorra de forma sustentável e segura para as populações locais. Para isso, representantes de governos, instituições de pesquisa e assistência social reforçaram a necessidade de um planejamento integrado entre os quatro países.

Especialistas debatem medidas para mitigar impactos negativos na Rota Bioceânica
Pedro Silva Barros, coordenador do IPEA (Projeto Integração Regional no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) (Foto: Izabela Cavalcanti)

Pedro Silva Barros, coordenador do IPEA (Projeto Integração Regional no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), destacou que qualquer grande projeto de infraestrutura traz externalidades — consequências que vão além do objetivo principal da obra. “Essas externalidades podem ser econômicas e sociais, tanto positivas quanto negativas. Nosso objetivo é maximizar os benefícios, como a geração de empregos, novos negócios e turismo, ao mesmo tempo em que trabalhamos para reduzir ao máximo os impactos negativos. Sabemos que um maior fluxo transfronteiriço pode facilitar atividades ilícitas, e é preciso aprender com outros projetos para evitar esses problemas desde o início”, explicou.

O especialista ressaltou ainda que a Rota Bioceânica tem uma governança diferenciada, com forte participação de governos subnacionais e da sociedade civil, o que pode ser um diferencial na busca por soluções eficazes. “Aqui em Campo Grande, temos um espaço privilegiado de diálogo, com a presença de representantes de províncias, estados e municípios dos quatro países envolvidos, além de organizações sociais. Isso dá uma qualidade maior ao projeto e permite que as políticas sejam construídas com um olhar mais próximo das realidades locais”, afirmou.

Especialistas debatem medidas para mitigar impactos negativos na Rota Bioceânica
Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul, Patricia Cozzolino (Foto: Izabela Cavalcanti)

A secretária de Assistência Social e Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul, Patricia Cozzolino, reforçou que os governos estaduais e municipais precisam atuar de forma coordenada para proteger as populações vulneráveis, garantindo que os impactos negativos sejam reduzidos.

A secretária destacou ainda que, além da infraestrutura rodoviária, é necessário pensar na infraestrutura social que acompanhará o desenvolvimento da rota, que não pode ser apenas um corredor de exportação, mas que é preciso investir nas cidades e comunidades que estarão ao longo do trajeto, criando estruturas de acolhimento, assistência social e segurança para evitar que os impactos negativos cresçam.

“Os governos de todos os estados envolvidos e também o executivo municipal precisam unir esforços no sentido de possibilitar a população vulnerável economicamente uma formação adequada para atingir os postos de emprego que serão gerados, mas também protegendo as crianças e adolescentes da exploração sexual, que é uma preocupação constante possibilitando também as mulheres que são chefes de família ter uma estrutura adequada para que seus filhos e filhas fiquem em segurança quando forem mães e possam elas também se beneficiar economicamente. Não há possibilidade de não se dar um enfoque estrutural na vulnerabilidade”, ressaltou.

Entre as ações defendidas no painel estão o aperfeiçoamento da fiscalização nas fronteiras, para impedir crimes como tráfico humano, contrabando e exploração infantil; a implementação de programas de educação e qualificação profissional, que possibilitem à população local ocupar as vagas de trabalho geradas pela rota; o fortalecimento das redes de proteção social, garantindo assistência para mulheres, crianças e adolescentes vulneráveis; a realização de campanhas de conscientização, para prevenir a exploração sexual e o trabalho análogo à escravidão; e o monitoramento dos impactos sociais, por meio de estudos e levantamentos constantes sobre os efeitos da rota nas comunidades locais.

O Seminário Internacional da Rota Bioceânica segue até quinta-feira (20), reunindo autoridades, especialistas e empresários para debater o avanço da integração entre Brasil, Argentina, Paraguai e Chile. Entre os temas discutidos estão desafios aduaneiros, infraestrutura, segurança, oportunidades de negócios e impactos socioeconômicos da nova rota comercial.

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