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Cidades

Gilmar Mendes suspende processos que discutem marco temporal e abre conciliação

Todas as ações judiciais que envolvem fazendeiros, indígenas e a lei ficarão parados até nova decisão do STF

Por Cassia Modena | 23/04/2024 08:03
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (Foto: Gustavo Moreno/STF)
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (Foto: Gustavo Moreno/STF)

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, determinou ontem (22) que todos os processos judiciais que discutem a constitucionalidade do marco temporal (Lei 14.701/2023) no país sejam suspensos.

Segundo o ministro, a medida deverá impedir que comunidades indígenas, fazendeiros e outros interessados sejam prejudicados com o surgimento de decisões judiciais conflitantes.

As ações ficarão suspensas até que o STF retire a decisão.

Enquanto isso, Gilmar Mendes determinou a abertura de conciliação entre o Legislativo, o Executivo, a AGU (Advocacia-Geral da União) e a PGR (Procuradoria-Geral da República) para tentar se chegar a um entendimento sobre o reconhecimento, demarcação, uso e gestão de terras indígenas no Brasil.

Cada parte na conciliação deverá apresentar uma proposta inicial em até 30 dias.

"Qualquer resposta advinda dos métodos tradicionais não porá fim à disputa político-jurídica subjacente, merecendo outro enfoque: o da pacificação dos conflitos, na tentativa de superar as dificuldades de comunicação e entendimentos em prol da construção da solução por meio de um debate construído sob premissas colaborativas e propositivas voltadas a resolver os impasses institucionais e jurídicos advindos da Lei 14.701/2023", justificou Mendes.

Lei - O marco temporal é uma tese jurídica que defende o reconhecimento como terras indígenas, apenas daquelas que eram ocupadas pelos povos originários na data exata ou após a promulgação da Constituição Federal (5 de outubro de 1988).

O STF julgou a tese inconstitucional em setembro do ano passado. Mesmo assim, em dezembro, ele acabou virando lei federal. Ao analisar o então projeto Legislativo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou a parte que falava do marco temporal, mas os parlamentares derrubaram o veto e o promulgaram dentro da legislação.

Diante da divergência entre Judiciário, Executivo e Legislativo, diversos partidos políticos e entidades de defesa dos direitos dos povos indígenas acionaram o Supremo. A decisão de ontem de Gilmar Mendes responde a cinco das ações movidas por eles.

Proposta ao governador de MS - Durante discurso em Campo Grande, em 12 de abril, Lula propôs ao governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), a compra de terras em parceria com o Governo Federal para chancelar aos indígenas que vivem acampados em Dourados.

Lula e o governador Eduardo Riedel deram aperto de mão e abraço após a proposta ser feita pelo presidente (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Lula e o governador Eduardo Riedel deram aperto de mão e abraço após a proposta ser feita pelo presidente (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

“Quero fazer uma proposta. Vamos comprar em sociedade uma terra para salvar os guaranis que vivem em Dourados. Se achar as terras, pode me telefonar a hora que quiser, para que a gente recupere a dignidade do povo. O Governo Federal será parceiro na compra e no cuidado deles”, afirmou o presidente.

A situação desses povos em Mato Grosso do Sul chegou a organismos internacionais como a ONU e motiva diversas ações judiciais para a retomada de territórios. Sem a demarcação de terras tidas pelos indígenas como de posse ancestral, especialmente os guarani-kaiowá vivem em conflito com fazendeiros.

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