ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
AGOSTO, SEXTA  15    CAMPO GRANDE 30º

Cidades

Há interessados na retomada dos trens em MS, garante ministro

A volta da Malha Oeste é discutida na Câmara de Vereadores; até José Dirceu participa do evento

Por Maristela Brunetto e Izabela Cavalcanti | 15/08/2025 11:08
Há interessados na retomada dos trens em MS, garante ministro
Os trilhos que já foram importante para os transportes no Estado seguem se desgastando com o tempo (Foto: Arquivo)

A reabilitação da Malha Oeste, para a retomada do transporte ferroviário em Mato Grosso do Sul, entre Corumbá e Três Lagoas e acesso ao Porto de Santos, envolveria de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões e já teria interessados no setor privado, disse esta manhã o ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores João Carlos Parkinson, que participa de audiência pública na Câmara de Vereadores de Campo Grande sobre o tema.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A reabilitação da Malha Oeste para retomada do transporte ferroviário em Mato Grosso do Sul, entre Corumbá e Três Lagoas, demandaria investimentos entre R$ 3 e R$ 4 bilhões. Segundo o ministro João Carlos Parkinson, já existem grupos privados, inclusive estrangeiros, interessados no projeto. A concessão atual está com a Rumo Logística até 2026, mas não há movimentação efetiva para reativação dos trens. Autoridades, incluindo o ex-ministro José Dirceu e o deputado Vander Loubet, defendem a necessidade de pressão política para viabilizar o projeto, considerando a demanda existente e a importância logística para a integração sul-americana.

A concessão está com a empresa Rumo Logística, detentora de uma série de trechos no País, mas não há nenhuma movimentação firme sobre a volta dos trens no Estado. O caso já passou pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e deve haver uma nova licitação, em vez de repactuação. O contrato se encerra em 2026. Presente ao debate, o deputado federal Vander Loubet sustenta que é preciso as lideranças políticas do Estado fazerem pressão, uma vez que há demanda para a retomada.

Há interessados na retomada dos trens em MS, garante ministro
Ministro considerou inaceitável a falta de uso da Malha Oeste (Fotos: Macos Maluf)

Parkinson, que também é coordenador nacional dos corredores rodoviário e ferroviário bioceânicos, aponta que é preciso que o Governo Federal defina qual modelo jurídico irá adotar para o tema avançar. “Então, definido o marco jurídico e colocadas com clareza as regras, não vai faltar capital. Há grupos interessados, inclusive estrangeiros”, explicou. Ele foi enfático sobre a necessidade de volta da modalidade. “É um déficit de logística inaceitável em termos de transporte para um estado cuja função geográfica é centralizar a logística central e sul-americana.”

Até o ex-ministro do Governo Lula José Dirceu veio para acompanhar a discussão. Político experiente, ele também destacou a necessidade de haver engajamento e pressão em favor da volta do modal. “Nós temos que mobilizar todas as câmaras municipais da malha oeste, todos aqueles que acreditam na necessidade da integração. É o momento do começo, é importante mobilizar, principalmente Mato Grosso do Sul, que terá desenvolvimento”, sustentou o ex-ministro.

Dirceu citou a urgência de se ampliar a integração sul-americana e os benefícios que estados da fronteira oeste terão com a ampliação de logística para favorecer relações comerciais com a Ásia através do Oceano Pacífico, já havendo cinco rotas em discussão pelo Governo Federal, com Mato Grosso do Sul ligado à chamada Rota Bioceânica ou Corredor Bioceânico de Capricórnio. Para isso se consolidar, “só se pode dar através da logística da energia, da integração ferroviária e rodoviária”, argumentou.

Vander Loubet mencionou que há viabilidade econômica para justificar a volta dos trens para transportar cargas. Ele mencionou a passagem de 600 caminhões por dia pela BR-262 com minérios. Fala-se até em número muito superior, cerca de 800 em períodos em que o Rio Paraguai fica sem condições de navegação para escoar o produto; até por isso o Governo Federal quer fazer a concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, com retirada de sedimentos em pontos para favorecer a navegabilidade.

O deputado defendeu que é preciso envolver diferentes agentes políticos, citando até a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que está empenhada no debate sobre as cinco rotas. Ele também relativizou o debate sobre o tipo de bitola que seria necessário para a volta da circulação, citando que mesmo a menor pode oferecer condições de tráfego com segurança.

Há interessados na retomada dos trens em MS, garante ministro
Políticos e ferroviários debatem a viabilidade da retomada do transporte ferroviário e apontam necessidade de pressão política

A Malha Oeste tem 1,9 mil quilômetros, sendo que o trecho sul-mato-grossense, que vai de Corumbá a Três Lagoas, tem cerca de 600 km. Feita a privatização nos anos 90, várias empresas já se sucederam na concessão.

A empresa atual também é responsável pela chamada Ferronorte, utilizada para transportar grãos de Mato Grosso ao Porto de Santos, e que atravessa o Estado nas regiões norte e nordeste, cruzando o Rio Paraná em Aparecida do Taboado. A Suzano utiliza a ferrovia para enviar a celulose produzida em Ribas do Rio Pardo para exportação e criou um ponto de embarque na região de Inocência. Já a Arauco e a Eldorado, do mesmo setor, farão um ramal ferroviário para se conectar à ferrovia.

O debate desta manhã reuniu uma série de políticos na Câmara, como a deputada federal Camila Jara, os deputados estaduais Pedro Kemp e Zeca do PT, a vereadora Luiza Ribeiro e o secretário estadual de Casa Civil, Eduardo Rocha. Também participaram do debate a vereadora de Bauru, Estela Almagro, e ferroviários, como Roberval Duarte, coordenador do Sindicato dos Ferroviários da Noroeste do Brasil (MS e SP).

O presidente da Câmara, Epaminondas Neto, Papy (PSDB), também considerou que é preciso força política e analisou que a retomada dos trens traria um salto de 20 anos no desenvolvimento. “Sem dúvida nenhuma quando a gente debate isso com grandes lideranças você encontra outros caminhos para também ter a solução. E a questão do investimento, encontrar parceiros privados também para que isso possa sair do papel.”

Há interessados na retomada dos trens em MS, garante ministro
José Dirceu fala com a imprensa na Câmara, ao lado de Papy e Vander Loubet (Foto: Izabela Cavalcanti)