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Cidades

Isolar paciente é principal medida contra varíola dos macacos, confirmada em MS

Próprio organismo é capaz de se recuperar da doença, mas casos confirmados devem se isolar para não transmitir

Guilherme Correia | 18/07/2022 12:49
Paciente com erupções cutâneas, um dos principais e mais visíveis sintomas da varíola dos macacos. (Foto: Reprodução/Pixabay)
Paciente com erupções cutâneas, um dos principais e mais visíveis sintomas da varíola dos macacos. (Foto: Reprodução/Pixabay)

O primeiro caso de varíola do macaco foi confirmado em Mato Grosso do Sul pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), mas o paciente, de 41 anos, não possui mais chance de transmissão. A doença gerou alerta da OMS (Organização Mundial da Saúde) quando foi confirmada pela primeira vez no Reino Unido, neste ano, mesmo que o vírus seja conhecido desde 1958.

O agravo é causado pelo vírus monkeypox e é transmitido para humanos via contato com animal ou humano infectado, ou com material corporal humano contendo o vírus. Apesar do nome, no entanto, os primatas não são reservatórios do vírus, conforme o Ministério da Saúde.

Conforme infectologistas ouvidos pelo portal Uol, o próprio sistema imunológico é capaz de eliminar o vírus e curar o paciente. No entanto, o isolamento é preconizado, como principal forma de reduzir número de infectados.

Embora o vetor seja desconhecido, as principais hipóteses são pequenos roedores, como esquilos, nas florestas tropicais da África, principalmente na África Ocidental e Central.

O monkeypox é comumente encontrado nessas regiões e pessoas com a doença são ocasionalmente identificadas fora delas, o que motivou alerta internacional. Normalmente, os registros são relacionados a viagens para áreas onde o vírus é endêmico.

De acordo com a diretora do Laboratório de Virologia do Instituto Butantan, Viviane Botosso, o vírus circula de forma endêmica em alguns países da África, mas levanta preocupação por ter sido confirmado em 12 países fora do continente africano. Segundo ele, crianças e pacientes com deficiência imunológica têm mais risco.

Apesar de ser uma doença autolimitante, que tende a se curar sozinha, e muito menos grave do que a varíola, pacientes imunocomprometidos e crianças podem desenvolver doenças mais graves e isso pode acarretar problemas de saúde pública”, diz Botosso.

Transmissão - De acordo com o Ministério da Saúde, a transmissão entre humanos ocorre principalmente via contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente contaminados.

Segundo a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), não há evidência de que o vírus seja transmitido por via sexual. A erupção geralmente se desenvolve pelo rosto e depois se espalha para outras partes do corpo, incluindo os órgãos genitais, onde há uma preponderância.

O ferimento na pele passa por diferentes estágios e pode se parecer com varicela ou sífilis, antes de finalmente formar uma crosta, que depois cai. Quando a casca desaparece, a pessoa deixa de infectar outras pessoas. A diferença na aparência com a varicela ou com a sífilis é a evolução uniforme das lesões", diz nota do Ministério.

No início de junho, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) determinou que houvesse plano de contingência contra esta doença no Estado.

O grupo deve ser composto pela SES, Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande, Conselho Municipal de Saúde, Coren (Conselho Regional de Enfermagem), além das comissões de Saúde da Câmara, Assembleia Legislativa e OAB.

Conforme a determinação, devem ser seguidas orientações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Desde então, no entanto, não há nenhuma publicação no Diário Oficial do Estado tratando sobre o assunto.

Casos suspeitos do Estado são examinados em laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução)
Casos suspeitos do Estado são examinados em laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução)

Caso no Estado - A primeira vítima da doença está recuperada e é um homem de 41 anos, morador de Campo Grande, que viajou a São Paulo entre 16 e 19 de junho. Conforme a SES, ele começou a apresentar febre, erupção cutânea no dorso e genitália, em 29 de junho. A confirmação da doença foi feita via exame feito em laboratório no Rio de Janeiro.

O paciente está em isolamento domiciliar, não precisou ser hospitalizado e já está com lesões cicatrizadas, sem risco de transmissão. Ele estava no radar de monitoramento, sendo o quarto caso suspeito da doença em território estadual. Os outros três já foram descartados pela pasta.

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Campo Grande e a Vigilância em Saúde do Estado acompanham o caso.

Início da doença - A doença ganhou conhecimento internacional após primeiro caso no Reino Unido, em março de 2022, relatado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O primeiro caso oficial foi registrado em 1970, na República do Congo.

Desde maio, a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde) do governo federal monitora a investigação dos casos e elabora documentos técnicos para articular estratégias de enfrentamento.

Conforme nota técnica do Ministério da Saúde, profissionais da saúde devem usar EPI (equipamentos de proteção individual). Pacientes, por outro lado, têm de se isolar. O Brasil tem, ao menos, 218 casos de varíola dos macacos confirmados pelo Ministério da Saúde.

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