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Cidades

Em MS, taxa de violência contra indígenas é 8 vezes maior que média nacional

Estado apresentou escalada nos crimes letais: foram 35 homicídios registrados em 2021, 39 em 2022 e 47 em 2023

Por Clara Farias | 12/05/2025 17:01
Em MS, taxa de violência contra indígenas é 8 vezes maior que média nacional
Ossada de indígena encontrada 82 dias após assassinato (Foto: Adilson Domingos)

O Atlas da Violência 2025 revela um cenário persistente de violência contra os povos indígenas em Mato Grosso do Sul. Embora o estado tenha apresentado queda nas taxas de homicídios indígenas ao longo da última década, os dados mais recentes mostram uma escalada nos crimes letais: foram 35 homicídios registrados em 2021, 39 em 2022 e 47 em 2023, representando um aumento de 34% em apenas dois anos.

RESUMO

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Mato Grosso do Sul enfrenta grave crise de violência contra indígenas, com taxa de homicídios oito vezes superior à média nacional. Em 2023, foram 47 assassinatos, aumento de 34% em dois anos. O estado lidera o país em números absolutos e proporcionais, com 178,7 homicídios por 100 mil habitantes. Conflitos agrários, invasões de terras e falhas na proteção territorial agravam a situação, especialmente para os Guarani Kaiowá. Além dos homicídios, o estado registra alto índice de internações por agressões, liderando com 44% do total nacional. Objetos perfurantes, instrumentos contundentes e armas de fogo são as principais causas. Suicídios também preocupam, com taxa de 140,6 por 100 mil indígenas em 2023, a segunda maior do país. A população indígena jovem, com idade mediana de 25 anos, é a mais afetada por essa violência persistente.

Esses números colocam o estado no topo do ranking nacional, tanto em números absolutos quanto em taxa proporcional. Em 2023, Mato Grosso do Sul teve 178,7 homicídios estimados por 100 mil habitantes, a segunda maior taxa do país, quase oito vezes acima da média nacional da população geral (23 por 100 mil) e ainda superior à taxa de outros estados com forte presença indígena, como Roraima e Amazonas.

Os dados refletem a realidade de conflitos agrários, invasões de terras e falhas nas políticas de proteção aos territórios indígenas, especialmente na região sul do estado, onde vivem os povos Guarani e Kaiowá.

Além da violência letal, o Atlas chama atenção para o alto número de internações hospitalares de indígenas por agressões ou intervenções legais. Mato Grosso do Sul lidera novamente: foram 688 internações entre 2013 e 2023, o equivalente a 44% de todas as internações indígenas registradas no Brasil no período.

Um dos casos que tomaram repercussão, em 2023, foi o desaparecimento de Clelson Velasques Verón, de 32 anos. O homem morava na Aldeia Jaguapiru, em Dourados. O ex-cunhado dele, Agnaldo Gimenes Almirão, 47, o “Guina”, foi preso e confessou ter matado Clelson com golpes de barra de ferro na cabeça. Depois, jogou o corpo no mato.

Em MS, taxa de violência contra indígenas é 8 vezes maior que média nacional
Clelson Velasques Verón, assassinado a golpes de barra de ferro pelo ex-cunhado (Foto: Reprodução)

Os Guarani Kaiowá representam 36,9% de todos os casos de internação hospitalar por violência no país. As internações são majoritariamente provocadas por ferimentos causados por objetos perfurantes (44,2%), seguidos por instrumentos contundentes (28%) e armas de fogo (14,2%), o que indica prevalência de agressões físicas, espancamentos e violência armada, com forte conotação de conflito direto.

A população indígena de Mato Grosso do Sul é majoritariamente jovem, sendo que a idade mediana é de 25 anos, o que agrava ainda mais o impacto dessas violências, que comprometem o futuro de comunidades inteiras. Segundo o Atlas, a maior parte das vítimas são homens, mas as mulheres indígenas apresentam, proporcionalmente, o maior índice de internações entre todas as categorias de raça/cor.

A situação é ainda mais grave quando se observa os dados sobre suicídios. Mato Grosso do Sul apresentou a segunda maior taxa do país em 2023, com 140,6 suicídios por 100 mil indígenas, muito acima da média nacional indígena de 18,6 e da taxa geral brasileira de 7,8 . Em 2017, o estado chegou ao pico histórico de 360,1 suicídios por 100 mil indígenas. A maioria das vítimas é jovem, do sexo masculino, e recorre ao enforcamento, padrão observado nacionalmente entre os povos indígenas.

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