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Cidades

Volume de chuva fez crescer em 30 X número de municípios sob emergência

Grande problema da chuva foi danificar estradas rurais e prejudicar o transporte

Maristela Brunetto e Jéssica Benites | 30/03/2023 09:37
Em Bonito, famílias foram removidas da região do Rio Miranda.(Foto: Reprodução)
Em Bonito, famílias foram removidas da região do Rio Miranda.(Foto: Reprodução)

Mato Grosso do Sul vivenciou este ano um verão atípico, com volumes recordes de chuvas e, em decorrência, uma quantidade elevada de decretos de emergência em municípios do Estado atingidos pelas águas, somando 29, conforme a Defesa Civil estadual. Algumas prefeituras pediram o reconhecimento estadual (19) e da União (3) para obter apoio e os decretos mais recentes foram reconhecidos esta manhã pelos deputados, de Batayporã, Antônio João e Nova Alvorada do Sul (que não consta na relação da Defesa Civil).

No ano passado, o órgão foi acionado somente por três municípios, sendo apenas um caso reconhecido. Em 2021, foram 9 cidades, com seis delas obtendo o reconhecimento da emergência pelo Estado ou Município.

O reconhecimento da situação crítica permite às prefeituras fazer a contratação emergencial de serviços para resolver os problemas e atender moradores atingidos pelas chuvas. O prefeito de Itaquiraí, Thalles Tomazelli, do PP, informou que foi publicado decreto municipal por precaução, mas não houve estragos severos que exigissem a necessidade de contratação emergencial, o que é permitido na emergência.

Thomazelli explicou que foram feitos reparos paliativos onde ocorreram erosões para possibilitar a permanência do tráfego de veículos com produtos e o transporte escolar e, posteriormente, melhorias nas estradas. Segundo ele, em Itaquiraí são 1,5 mil quilômetros de estradas na área do município, vicinais, de acesso a sítios e fazendas, e a outras cidades.

Segundo ele, Itaquiraí tem 12 assentamentos, com escolas rurais. A cidade tem 20 mil habitantes, sendo metade na zona rural. Como não foram necessárias grandes intervenções, ele não recorreu ao reconhecimento estadual, ficando só no âmbito municipal.

Entre os municípios com decreto de emergência, de forma geral os problemas impactaram o transporte dos moradores da zona rural, incluindo os ônibus com alunos, e de produtos, atingindo, inclusive, escoamento da safra.

Na Assembleia, parlamentares destacaram situações precárias na MS-436, entre Camapuã e Figueirão; na MS-240, região de Paranaíba; MS-431, de acesso à BR-158; na MS-162, região do distrito de Quebra Coco, em Sidrolândia.

Ribas foi uma das cidades mais castigadas pela chuva. (Foto: Arquivo/ Noticias do Cerrado)
Ribas foi uma das cidades mais castigadas pela chuva. (Foto: Arquivo/ Noticias do Cerrado)

A reportagem, ao longo da temporada de chuva, mostrou os problemas enfrentados por Ribas do Rio Pardo, que tem uma das maiores áreas do Estado e muitas estradas vicinais, Água Clara, Bonito, Porto Murtinho, Bela Vista, Fátima do Sul e Miranda, entre outros municípios que também decretaram emergência. Até o começo do mês, eram 20. No caso de Ribas, um dos mais atingidos, houve também danos na área urbana, com casas atingidas e necessidade de remoção de famílias.

Bonito- O principal roteiro do ecoturismo em MS, Bonito foi um dos mais atingidos pelas chuvas. Com cerca de 4 mil quilômetros de estradas vicinais, ligando fazendas, acesso a atrativos, o secretário de Obras, Luiz Alberto Buzanello, contou que neste verão houve acúmulo de chuvas como nunca presenciou nos 45 anos em que vive na cidade.

Os reparos não param nem em finais de semana, contou. A prefeitura utiliza os 4 caminhões e as 3 máquinas niveladoras próprias, recebeu uma do governo e ainda precisou locar maquinário para dar conta da demanda. Conforme ele, no auge dos períodos de chuva, no final de fevereiro e começo de março, houve dias em que regiões ficaram ilhadas, córregos extravasaram, trechos ficaram intransitáveis. Em 24 de fevereiro, com um volume elevado, foi preciso usar pá carregadeira para socorrer turistas ilhados.

Estradas foram tomadas pela água em Bonito. (Img: Instituto do Homem Pantaneiro)
Estradas foram tomadas pela água em Bonito. (Img: Instituto do Homem Pantaneiro)

Foi necessário reparar pontes antigas, outras serão refeitas, elevadas para não ficarem vulneráveis em novas chuvas fortes. O secretário admite que ainda há bastante serviço a ser feito. O trabalho foi mesmo o emergencial. “A grande parte ainda está por vir.”

Turismo preservado- Apesar das chuvas intensas, Bonito conseguiu enfrentar o verão com bom resultado no turismo, segundo a secretária da pasta, Juliane Ferreira Salvadori. Conforme ela, os dados do Observatório do Turismo referentes a fevereiro foram muito positivos.

A prefeitura administra dois atrativos- a Gruta do Lago Azul está funcionando normalmente e o Balneário Municipal reabre nesta quinta-feira.

A água não está ainda cristalina como antes, mas não impediu a satisfação dos turistas. Foram cerca de 700 milímetros de chuva em janeiro e fevereiro e o retorno não é do dia para a noite, comenta a secretária.

Defesa Civil – Quando os municípios enfrentam chuvas intensas, a coordenadoria local elabora um parecer e a prefeitura decreta a situação de emergência. Para haver reconhecimento na esfera estadual, é preciso solicitar e haverá uma vistoria para verificar as condições para o prosseguimento ou não do registro.

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