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Cidades

Alvo do Gaeco, oficial teve preventiva decretada após ameaçar promotora

Aline dos Santos | 26/05/2018 11:18

O tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa, alvo da investigação sobre corrupção policial na "Máfia do Cigarro", teve a prisão preventiva decretada após ameaça à coordenadora do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), promotora Cristiane Mourão. Inicialmente, a prisão do oficial na operação Oiketicus, cuja primeira fase foi em 16 de maio, era na modalidade temporária.

Em ofício ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), o juiz da Auditoria Militar, Alexandre Antunes da Silva, informa que o o MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), com base em novos elementos, requereu a prisão preventiva em 18 de maio, que foi deferida.

O documento informa que o oficial tentou intimidar membro membro do MinistérioPúblico e transcreve o texto.

Alvo do Gaeco, oficial teve preventiva decretada após ameaçar promotora

“Importante ressaltar que, ao ser interrogado no Gaeco, o ora paciente (mesmo encontrando-se numa situação de vulnerabilidade) não titubeou em ameaçar abertamente um dos Membros do Ministério Público que estava presente no ato – demonstrando, com isso, que em liberdade não medirá esforços para agir com o animus de interferir nas investigações e na instrução processual penal – seja ameaçando testemunhas, seja destruindo outras provas”, aponta o juiz.

Harley, Prada e banheira – Ainda conforme o documento, o aprofundamento das investigações permitiu robustecer indícios de padrão de vida “totalmente incompatível com seus rendimentos como policial militar”.

Conforme o Gaeco, enquanto a quebra de sigilo fiscal mostra redução patrimonial e despesas, o tenente-coronel adquiriu Jeep Grand Cherokee por R$ 210 mil em 2016; comprou moto Harley Davidson em 2015 por R$ 35 mil e vendeu por R$ 39 mil no ano seguinte; adquiriu outra motocicleta da marca em 2016 por R$ 67.250; além de compras em loja da Prada Brasil e de uma banheira que custou R$ 28 mil entre compra e instalação.

No mandado de busca e apreensão na casa do oficial, foram apreendidos cheque e notas promissórias que, somados, superam R$ 800 mil. Sobre o cheque afirmou que foi pela venda do Jeep, mas, conforme a apuração, o veículo ainda estava numa revenda de Campo Grande.

O emissor das notas promissórias é Dênis Peixoto Ferrão Filho, servidor do TCE (Tribunal de Contas do Estado), que foi alvo da segunda etapa da Oiketicus, realizada na última quarta-feira (dia 23). As equipes foram à residência e ao escritório de Dênis, que é advogado. Segundo o Gaeco, ele é réu por crime de lavagem de dinheiro “justamente oriundo de corrupção”.

Admilson Cristaldo foi preso em 16 de janeiro na operação Oiketicus. (Foto: Fernando Antunes)
Admilson Cristaldo foi preso em 16 de janeiro na operação Oiketicus. (Foto: Fernando Antunes)

Relações – Outro aspecto destacado pelo juiz ao conceder a prisão preventiva foi as relações do investigado. Numa das conversas telefônicas interceptadas, ele reclamou que só recebeu a informação de que estava grampeado depois de três meses.

Admilson Cristaldo Barbosa comandava o 11º Batalhão de Jardim. No mês de abril, o oficial teve salário de R$ 22.851,93 e recebeu R$ 2.576,60 de “remunerações eventuais”.

Outro lado – A reportagem não conseguiu contato neste sábado (dia 26) com as defesas de Admilson Cristaldo Barbosa e de Dênis Peixoto Ferrão Filho. A promotora não quis se manifestar.

Oiketicus - Na primeira fase, realizada em 14 de maio pelo Gaeco e Corregedoria da PM (Polícia Militar), foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva contra policiais, sendo três oficiais, e 45 mandados de busca e apreensão. O saldo total foi de 21 prisões porque um sargento acabou preso em flagrante.

A ação foi em 16 localidades: Campo Grande, Dourados, Jardim, Bela Vista, Bonito, Naviraí, Maracaju, Três Lagoas, Brasilândia, Mundo Novo, Nova Andradina, Boqueirão (distrito), Japorã, Guia Lopes, Ponta Porã e Corumbá.

No caso de outros 12 policiais, o Gaeco buscou provas por meio de mandados de busca e apreensão. Segundo a investigação, a remuneração para os policiais variava de R$ 2 mil por mês a R$ 100 mil. Nome da operação, oiketicus é um inseto conhecido popularmente como “bicho cigarreiro”.

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