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Capital

“Cheia de charme”, avião é elo entre organização e políticos

Aline dos Santos | 30/07/2015 11:15
PF abordou avião em 16 de abril do ano passado. Um dos passageiros era Giroto (de camisa branca e dentro da aeronave).
PF abordou avião em 16 de abril do ano passado. Um dos passageiros era Giroto (de camisa branca e dentro da aeronave).

Elo entre os empresários João Amorim, João Baird e políticos, a aeronave Phenom-100, prefixo PP-JJB, faz jus ao apelido “cheia de charme”. Com registro em nome da Itel Informática, o avião custa em média 1,8 milhão de dólares, tem capacidade para quatro passageiros e é considerado de última geração.

Conforme o RAB (Registro Aeronáutico Brasileiro), disponível na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o modelo Embraer é financiado por banco, mas operado pela Itel. A partir dela, a investigação da PF (Polícia Federal) puxou a linha de um emaranhado de empresas.

João Baird é dono da Itel Informática, sócia da Kamerof Participações, cuja uma das sócias é Elza Cristina Araújo dos Santos, funcionária e braço direito de João Alberto Krampe Amorim dos Santos, proprietário da Proteco Construções Ltda.

Nas gravações, autorizadas pela Justiça Federal, os diálogos mostram que o efetivo dono do avião é João Amorim, que além do uso próprio, disponibiliza o Phenom para viagens de políticos e empresários. De acordo com relatório da operação Lama Asfáltica, o esquema possui uma aeronave para uso exclusivo de amigos. “Na verdade, o avião está em nome da Itel Informática, empresa de João Baird, que também frequentemente o utiliza, mas é de uso de todos os membros da 'organização'”.

No dia 16 de abril de 2014, o avião foi abordado às 5h15 por policiais federais. A aeronave tinha piloto e quatro passageiro, sendo um o então secretário estadual de Obras Públicas e Transporte e deputado federal licenciado, Edson Giroto (PR). A aeronave estava no Aeroporto Internacional de Campo Grande e não foi encontrada irregularidade. O destino era Brasília, voo rotineiro para o avião.

Segundo documento do Aeroporto Internacional de Brasília, solicitado pela PF, o avião PP-JJB esteve no local nos dias 13, 20, 26 e 27 de fevereiro do ano passado. Nessa última data, em vez do tradicional retorno no mesmo dia para Campo Grande, fez parada em São Paulo.

Em dezembro de 2014, Giroto e Amorim utilizaram o avião para irem a Presidente Prudente, interior de São Paulo.
Conforme apurado pela reportagem, uma viagem em avião particular entre a Capital e Brasília tem custo médio de R$ 3.600, valor que contabiliza combustível e tripulação, e duração de 1h30.

Para a polícia, em abril do ano passado o grupo adquiriu outra “máquina”, possivelmente a aeronave de prefixo PP-CMV, que está em nome da empresa ASE Participações, apontada como do mesmo grupo de Amorim.

Alvos - A operação Lama Asfáltica, deflagrada em 9 de julho pela PF, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal, cumpriu 19 mandados de busca e apreensão. O nome da ação faz referência ao insumo usado nas obras identificadas, como pavimentação e ações de tapa-buracos.

As equipes foram à mansão do ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto; na residência do empresário João Amorim (dono da Proteco), Seinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura) e empresas. Foram apreendidos 100 mil dólares, três mil euros, R$ 210 mil em espécie e R$ 195 mil em cheques. João Amorim foi preso por posse ilegal de arma e pagou fiança de R$ 10 mil.

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