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Capital

“Foi ato de desespero”, dizem mães de adolescentes que fugiram de Unei

Até agora apenas um foi recapturado. Parte dos internos fugiu pela porta da frente e parte pulou o muro

Viviane Oliveira e Jones Mário | 17/12/2019 11:43
Mães procuraram a Defensoria Pública nesta manhã para pedir ajuda (Foto: Jones Mário)
Mães procuraram a Defensoria Pública nesta manhã para pedir ajuda (Foto: Jones Mário)

Familiares de cinco dos 26 adolescentes que fugiram da Unei Dom Bosco (Unidade Educacional de Internação) procuraram a Defensoria Pública nesta manhã (17) para pedir ajuda. Elas afirmaram que não sabem onde os filhos estão e justificam a fuga como um “ato de desespero”. 

Segundo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), até agora apenas um foi recapturado. Parte dos internos fugiu pela porta da frente e parte pulou o muro. A unidade fica na saída para Três Lagoas, a 20 quilômetros da área urbana de Campo Grande, e tem 95 adolescentes.

Uma auxiliar de serviços gerais de 39 anos se emocionou ao falar do filho de 18 anos que estava na Unei havia 7 meses. Ela reclamou dos agentes afastados por suspeitas de agressão, tortura e que recentemente foram reconduzidos ao cargo.

A mulher lamentou a situação que se encontra as Uneis do Estado e da forma como os adolescentes são tratados. “Já foi encontrado dente e lesma na comida, que parece uma lavagem. O prédio já chegou a ficar 3 dias sem água, sem luz. Os agentes filtram os alimentos que as mães levam e nossos filhos acabam ficando quase sem nada”, lamentou.

Cozinheira de 39 anos, disse que o filho de 17 anos foi levado para o tráfico de drogas. Ele está entre os fugitivos e havia seis meses que estava internado. “As condições dessas unidades são precárias. Os agentes são grossos e desrespeitosos”, reclamou. 

Segundo as mães, os agentes ameaçam transferir os internos para o “Bonde”. São unidades localizadas em Três Lagoas e Dourados. “Eles ficam com medo. Porque além de ficar distante das famílias, as condições dessas unidades são piores ainda”. Elas afirmaram que até agora não receberam qualquer informação por parte da Sejusp ou da Unei.

Os nomes das mães que deram entrevista e dos adolescentes são preservados por imposição do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Ontem (16), um agente de segurança socioeducativo relatou à reportagem que os adolescentes simularam uma briga no pavilhão B. Os agentes tentaram conter a confusão, mas um acabou rendido. O motim se espalhou do pavilhão B para toda a unidade, com a abertura dos alojamentos. O agente conta que os profissionais foram ameaçados de morte e foram horas de terror.

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