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Capital

"90% dirigem após ingerir álcool", diz jovem que matou um no trânsito

Viviane Oliveira e Ana Paula Carvalho | 01/06/2012 15:37

Em entrevista ao Campo Grande News na delegacia, ele se disse envergonhado e afirmou que quer ajudar a família da vítima

Richard, durante a entrevista, na delegacia onde passou a noite. (Fotos: Minamar Júnior)
Richard, durante a entrevista, na delegacia onde passou a noite. (Fotos: Minamar Júnior)

Aos 21 anos, Richard Ildivan Gomide Lima é hoje o jovem mais comentado na cidade, como novo personagem da violência no trânsito. Ele estava ao volante durante a madrugada de ontem e, bêbado e em alta velocidade, segundo a Polícia, atropelou e matou um motociclista. O crime deixou uma viúva de 23 anos com um bebê de um ano.

Nesta manhã, Richard conversou com o Campo Grande News, disse estar com vergonha, admitiu ter ingerido bebida alcoólica e disse que quer ajudar a família da vítima, o segurança Davi Del Valle Antunes, de 31 anos.

Na conversa, ao ser indagado se estava bêbado, respondeu com a afirmação de que "90% das pessoas dirigem após ingerir bebida alcoólica". Para ele, o que aconteceu foi uma "fatalidade". Sobre ter se recusado a fazer o teste do bafômetro, disse que atendeu a uma orientação recebida dos professores da faculdade de Direito que cursa.

Na cela onde passou a noite, Richard topou falar com a reportagem. A primeira pergunta que fez ao ver a repórter foi como estava a situação dele e se o advogado que a família contratou é bom.

Ao ser algemado e levado por um policial para uma sala na delegacia, Richard falou ao Campo Grande News como foi o acidente e disse que não tem coragem de olhar para o pai e a irmã de "tanta vergonha".

Ele disse que após deixar um amigo em casa, voltava para a sua residência na rua 15 de novembro, quando, ao passar no sinal vermelho sentiu que havia batido em alguém. No início, ele disse que achou que fosse um ciclista, por não ter visto nenhum farol ligado.

Richard afirma que o impacto foi tão forte que o vidro quebrou e a lateral do carro ficou amassada. “Só senti que havia batido em alguém depois da pancada no veículo”, disse. Segundo contou, parou 250 metros depois e ligou para a namorada dizendo para ela chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) porque havia atropelado uma pessoa.

O rapaz argumenta que, quando percebeu que passaria no semáforo em alta velocidade, e poderia ser flagrado pelo radar, tentou frear e acabou olhando para baixo. Por isso, alega, não ter visto Davi.

O estudante disse que a intenção não era fugir. "Só parei um pouco à frente do acidente porque estava assustado e com medo". Ao ser avisado pela Polícia que havia atropelado e matado um motociclista, afirma, caiu "em desespero".

Richard falou da mãe, morta há 15 anos, e disse que não quer "fugir das responsabilidades" (Fotos: Minamar Júnior)
Richard falou da mãe, morta há 15 anos, e disse que não quer "fugir das responsabilidades" (Fotos: Minamar Júnior)

“Nunca imaginava que um dia isso poderia acontecer. Não quero fugir das minhas responsabilidades, mas ninguém sai de casa com a intenção de matar alguém no trânsito”, afirma.

Para o jovem, que também é formado em Contabilidade, o que houve foi uma fatalidade. Ele teme ir a júri popular. “Meu sonho era ser professor, agora quem vai acreditar em uma pessoa que é acusada de dirigir embriagada e de ter matado alguém", questiona.

Durante a entrevista, Richard se emociona ao falar da mãe, que há 14 anos morreu de câncer, e afirma que pretende, quando sair da prisão, ajudar a família do segurança morto.

“Eu sei que isso não compara, mas eu também perdi muito. A minha vida acabou. Com essa algema eu sou um nada - acabou minha autoestima”, disse após questionar o delegado se iria para o presídio.

Ele foi indiciado por homicídio doloso, que pode levá-lo a júri popular. Nesse caso, o entendimento é de que houve o dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar, como por exemplo dirigindo bêbado e em alta velocidade.

Antes do acidente-Questionado sobre a garota de programa que o acusa de tê-la roubado e ter mostrado uma arma de fogo em um motel ele confirma que esteve com ela, mas argumenta que foi o amigo que roubou a mulher.

A jovem procurou a Polícia Civil ainda na madrugada de quinta-feira. À Policia, ela contou que estava com Richard e um amigo em um motel e enquanto tomava banho percebeu que os rapazes mexiam na bolsa dela.

Segundo a moça contou, ela saiu do banheiro e discutiu com os rapazes. Durante a briga, segundo o boletim de ocorrência, Richard pegou uma arma de fogo a ameaçou e também atirou, danificando a parede do quarto.

Em alta velocidade-Segundo a Polícia Civil, Richard estava a 83 quilômetros por hora quando furou o sinal vermelho e atingiu por volta das 4h de ontem (31) o segurança David Del Valle Antunes, de 31 anos, que voltava do trabalho. Ele foi lançado a 38 metros de distância e a moto a 57 metros, conforme constatado pela perícia.

A vítima estava parada no semáforo, da avenida Afonso Pena com a Arquiteto Rubens Gil de Camilo em frente ao Shopping Campo Grande, quando foi atingido pelo veículo Fiat Punto, conduzido por Richard.

No momento do acidente, Richard estava a 83 km/h e segundo a perícia, o semáforo estava fechado há mais de 7 segundos. (Foto: reprodução/Polícia Civil)
No momento do acidente, Richard estava a 83 km/h e segundo a perícia, o semáforo estava fechado há mais de 7 segundos. (Foto: reprodução/Polícia Civil)
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