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Capital

Acadêmico da UFMS foi vítima de emboscada e morto com golpe na cabeça

Legista concluiu que causa da morte foi traumatismo crânioencefálico por ação contundente

Anahi Zurutuza | 23/03/2023 19:27
Railson de Melo Ponte, 27 anos, conhecido como “Maranhão”, quando foi preso no dia 8 de março. (Foto: Reprodução dos autos de processo)
Railson de Melo Ponte, 27 anos, conhecido como “Maranhão”, quando foi preso no dia 8 de março. (Foto: Reprodução dos autos de processo)

Cinco dias após a Polícia Civil concluir inquérito sobre a morte de Danilo Cezar de Jesus Santos, 29, e encaminhá-lo para o Judiciário, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciou Railson de Melo Ponte, 27 anos, conhecido como “Maranhão”, por três crimes. Se aceita a denúncia, ele responderá por homicídio doloso (quando há intenção de matar), ocultação de cadáver e furto.

Para a promotora Luciana do Amaral Rabelo, que ficará responsável pela acusação, o acadêmico da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) foi vítima de emboscada. Ela pede inclusive a punição do assassino confesso do estudante por ter agido por motivo torpe, utilizando meio cruel e mediante “traição ou emboscada” – agravantes para crime de homicídio, previstos no Código Penal.

“Railson de Melo Ponte aplicou na vítima um golpe conhecido como ‘mata-leão’, aproveitando-se para em seguida, com o uso de objeto contundente, desferir golpe contra a cabeça da vítima, causando-lhe a morte”, diz trecho da denúncia, baseada não só na investigação policial, mas também no laudo de médico legista que concluiu como causa da morte “traumatismo cranioencefálico por ação contundente”.

O laudo necroscópico ficou pronto depois do fechamento do inquérito pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios).

Se aceita a denúncia por juiz, Railson vira réu e, após audiências para a juntada de elementos ao processo, deve ir a júri popular.

Conclusão do inquérito – A investigação policial concluiu que Railson matou Danilo ao cobrar R$ 50 da vítima. Além disso, o relatório do inquérito policial, encaminhado para a Justiça no dia 17 de março, mostra o desprezo do assassino confesso por homossexuais, ponto que não foi explorado pela acusação.

O acadêmico da UFMS, segundo amiga revelou à polícia, havia acabado de receber reajuste em bolsa de estudos e saiu, na noite do dia 4 de março, para comemorar. Ele foi visto pela última vez na manhã do dia 5 e o corpo foi encontrado no dia 8.

A polícia apontou inconsistências na versão de Railson, que alega ter saído da frente de boate no Centro de Campo Grande, acompanhado de Danilo, em busca de drogas. A equipe responsável pela apuração do desaparecimento refez os últimos passos da vítima, com base em imagens de câmeras de segurança, mostrando que “Maranhão” caminha distante do rapaz, sempre à frente, sinal de que não queria ser visto, na região onde atuava como guardador de carros e traficante, ao lado de “alguém assumidamente homossexual”.

O guardador de carros alega que não tinha a intenção de matar. Diz que queria “desmaiar” a vítima para recuperar R$ 50 que teria dado a Danilo para que os dois comprassem drogas e usassem juntos.

Só neste ponto, investigadores e investigado “concordam”: os R$ 50. Para a polícia, contudo, diferente da versão do assassino, Railson e Danilo saíram juntos, na manhã do dia 5 de março, um domingo, para programa sexual. Ao cobrar o valor e a vítima oferecer um Pix, o morador de rua “se enfurece” e “desfere um golpe popularmente conhecido por ‘mata-leão’, matando Danilo”, diz o relatório, completando que sem dinheiro em espécie, morador de rua não conseguiria comprar entorpecentes.

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