ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
OUTUBRO, SEGUNDA  07    CAMPO GRANDE 38º

Capital

Ação contra condomínio de luxo que invadiu rua “perde” 2º juiz e trava

Processo vem desde 2016 e estava pronto para decisão sobre demolir ou não a portaria

Por Aline dos Santos | 07/10/2024 12:03
Rua Nahima nasce na Afonso Pena (parte superior da imagem) e termina em portão na Rua Gardênia. (Foto: Fly Drones) 
Rua Nahima nasce na Afonso Pena (parte superior da imagem) e termina em portão na Rua Gardênia. (Foto: Fly Drones)

Quando se aproximava de um desfecho, após oito anos travado, o processo contra o Nahima Park, condomínio de mansões que invadiu rua nos altos da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, teve novo revés. O segundo juiz do caso se declarou impedido de decidir.

“Declaro-me suspeito, por foro íntimo, para seguir neste processo”, afirmou o juiz Claudio Müller Pareja. A decisão foi anexada aos autos na última quinta-feira (3). O magistrado prossegue: “uma vez que o feito era, inicialmente, da competência da 3ª Vara de Fazenda Pública, deve ser remetida para o 2º substituto automático na ordem de substituição”.

A polêmica veio à tona no ano de 2016. Após pedido da PGM (Procuradoria-Geral do Município), acionada pelo morador e advogado Humberto Sávio Abussafi Figueiró (que foi candidato a prefeito nesta eleição), a Justiça acatou o pedido da prefeitura, mandou demolir a portaria e liberar a rua, que é pública.

Para dar ares de condomínio às ruas Nahima, Nahima 1 e Nahima 2, os moradores das luxuosas casas cercaram as vias e uma área verde pública de quatro mil metros quadrados.

Na tarde de 5 de agosto de 2016, estava tudo pronto: com caminhões e retroescavadeira a postos para a demolição.  A ordem era do juiz que atuava na 3ª Vara de Fazenda e Registros Públicos de Campo Grande.

Contudo, apesar de toda a mobilização, o juiz voltou atrás e deu prazo para associação de moradores se manifestar. Dias depois o que caiu, de fato, foi a decisão para demolir, após ordem do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

No mês de setembro do ano passado, a juíza Cíntia Xavier Leteriello, que era titular da 3ª Vara de Fazenda Pública, se declarou impedida de julgar a ação por ser irmã de moradora do condomínio.

Em fevereiro deste ano, a Prefeitura de Campo Grande rejeitou o pedido de regularização fundiária do residencial. A Coaref (Comissão de Acompanhamento de Projetos e de Regularização Fundiária) negou o pedido porque há planos para interligação viária.

Na sequência, o condomínio propôs a compra da área pública. “No entanto, encontra-se pendente, ainda, a outra possibilidade que é a de venda mediante oferta pública (hipótese de o imóvel ser vendido para quem melhor oferta apresentar), situação esta que ainda não restou definida pela municipalidade”, alega a defesa.

O documento também destaca que a situação perdura há 35 anos e que, nestas três décadas, a prefeitura nunca tinha apontado a necessidade de usar a via para ligação viária.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), por sua vez, pediu que a Justiça julgasse procedente o pedido da Prefeitura de Campo Grande para demolir portaria e liberar a Rua Nahima.

Conforme a promotora Andréia Cristina Peres da Silva, a conduta do condomínio viola a Lei 6.766/79 (sobre o parcelamento do solo urbano) e o Estatuto da Cidade ao pretender administrar as ruas como se área privada fosse, impondo suas regras à coletividade e obstaculizando o livre trânsito.

O processo estava pronto para a decisão desde 25 de junho. Agora, ação parou novamente.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias