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Capital

Acrissul deixa de lado projeto acústico, mas investe R$ 500 mil em reforma

Nada foi feito em relação à proteção contra poluição sonora na área do parque, localizado no Jardim América

Lucia Morel e Thays Schneider | 30/03/2023 06:21
Foto: Reprodução do processo
Foto: Reprodução do processo

Sem projeto acústico e com ação na Justiça em que pede para não executá-lo, a Acrissul (Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul), mantenedora do Parque Laucídio Coelho, onde está previsto que ocorra os shows da Expogrande 2023 no mês que vem, realiza desde janeiro reforma no local e o gasto já chega a R$ 500 mil.

Anteriormente, o diretor comercial do parque, Pedro Fenelon, havia falado em R$ 1 milhão investidos, mas diz que foi corrigido pela assessoria de imprensa da Acrissul.

Conforme ele,  são cerca de 100 trabalhadores atuando todos os dias para que tudo esteja pronto até o dia 13 de abril, primeiro dia de feira. A estrutura dos shows já está sendo montada e além disso, reforma do parque inclui, segundo o diretor, nova baia de cavalos, novo pavilhão de ovinos e outras baias reformadas.

Também entraram ainda nas melhorias mudanças em dois restaurantes e construção de uma praça de alimentação; alteração na pista de julgamento dos leilões e dos jurados; implementação de obras de acessibilidade e por fim, troca da grama.

Fenelon não falou de obras em relação ao projeto acústico e disse que outro técnico cuida dessa parte. A assessoria de imprensa da Acrissul, bem como matéria publicada pelo Campo Grande News ontem, mostram que nada foi feito em relação à proteção contra poluição sonora na área do parque, localizado no Jardim América, que é residencial.

Inclusive, a ação citada nesta matéria é para que a cláusula do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) - firmado em 2011 com o Ministério Público Estadual - que prevê o tratamento acústico seja anulada. A defesa da associação afirma no pedido, feito em março do ano passado, que o projeto é impossível de ser executado.

“Deve-se frisar que todas as obrigações existentes no Termo de Ajustamento de Conduta firmado entre a autora e o Ministério Público Estadual foram cumpridos, com exceção da execução do projeto acústico e aqui entra a necessidade de nulidade da cláusula específica que trata desta questão no TAC, isto em razão da inexequibilidade de qualquer projeto acústico, como bem pondera o parecer técnico anexo”.

Tal parecer, feito pela Tracz Engenharia, afirma que muro de contenção acústica previsto pela empresa Omni Acústica para o Parque Laucídio Coelho “não possui características práticas de implementação” e cita inclusive que apenas em concreto para uso na obra seriam gastos R$ 2,5 milhões, tornando o valor da obra “exorbitante”. O custo total seria de R$ 12 milhões, conforme estimativa da Tracz.

A empresa de engenharia elenca ainda outras dificuldades, como a quantidade de aço a ser usado na obra de um muro de 20 metros de altura e 70 cm de espessura com saídas de emergência, porque é “material de custo exorbitante e logística complexa”; a logística para execução da obra seria “caótica” e “dificilmente uma empresa do município conseguiria fornecer tanto concreto em pouco tempo, fora o aço que é escasso no mercado de Campo Grande”.

Por fim, também argumenta que a fundação para o muro precisaria ser “seriamente estudada, só é possível definir a mesma, após realização de sondagem no terreno”.

Projeto acústico - A Omni, entretanto, em documento que analisa a instalação de um muro, afirma que o projeto é possível, mas pondera que a redução de ruídos seria na ordem de 10dB até 15dB.

“A utilização exclusivamente de barreiras acústicas não se mostrou suficiente para mitigar 100% do ruído do evento, no mínimo, até o nível de ruído residual diurno, vespertino e noturno da legislação, ou o ruído residual caraterístico das ruas ou avenidas perimetrais ao parque” e que “medições acústicas nas avenidas e ruas perimetrais ao parque, detalhamento da barreira acústica e outros tipos de materiais para construção da barreira poderão ser estudados num projeto executivo”.

Sobre o projeto acústico, a Acrissul lembra que "vem investindo esforços judicialmente pra demonstrar que ele é inexequível” e que “foi com base nessa tese de inexequibilidade que o Tribunal de Justiça concedeu liminar autorizando fazer shows, desde que acabem à meia-noite”.


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