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Capital

"Apanhava e raspava a cabeça dela", dizem vizinhos de mulher mantida presa

Vítima foi resgatada pela polícia em imóvel do Jardim Canguru e está totalmente abalada

Por Dayene Paz e Murilo Medeiros | 16/04/2025 11:57
"Apanhava e raspava a cabeça dela", dizem vizinhos de mulher mantida presa
Casa onde vítima morava e foi resgatada pela polícia. (Foto: Marcos Maluf)

A mulher que foi resgatada de cárcere privado, nesta terça-feira (15), no Jardim Colibri, em Campo Grande, não era vista pela vizinhança há cerca de um mês. "E mesmo quando podia sair de casa, andava de cabeça baixa e só com ele [marido]. Ela apanhava e tinha a cabeça raspada, porque não podia ter cabelo comprido", diz uma das moradoras da rua. O marido da vítima a vigiava 24 horas por dia, com ajuda de câmeras de segurança. Ele acabou preso.

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Uma mulher foi resgatada de cárcere privado em Campo Grande, onde era mantida pelo marido sob vigilância constante com câmeras de segurança. Vizinhos relataram que ela sofria agressões físicas e psicológicas, não podia trabalhar, sair sozinha ou se comunicar com outras pessoas. O marido foi preso após a polícia encontrar um revólver na casa e evidências de violência. A vítima e seus filhos receberam atendimento especializado após o resgate.

A reportagem do Campo Grande News conversou com os vizinhos do imóvel, que pediram para não terem os nomes divulgados por medo do homem. Contaram que só viam a vítima acompanhada do marido. "Não tinha oportunidade de falar com ninguém, por isso não pedia socorro. Só andava com ele, nunca sozinha. Muito raramente vinha no mercadinho da esquina, mas já vinha com cabeça baixa e passava reto".

Segundo moradores, a vítima teve sete filhos e o homem não deixava ela tomar remédio para prevenir a gravidez. "Tomava escondido. Mesmo quando estava grávida, eu só via ela indo no posto do lado dele. Sempre junto com ele", comenta a moradora. Além disso, a vítima não podia trabalhar, sendo que ficava trancada em casa e cuidando dos filhos.

As crianças eram vistas na rua de vez em quando e contavam que a mãe apanhava. "Ano retrasado uma vizinha nossa viu que as crianças estavam sem chinelo e comprou um par para cada um. Você acredita que ele bateu nela por isso? Achou que ela estava pedindo. Quem contou foram os próprios filhos dela, 'papai bateu na mamãe porque a senhora deu chinelo para nós'", descreve a vizinha.

Além de todas as agressões sofridas, a vítima não tinha celular, era proibida de se comunicar com qualquer outra pessoa. "Também nunca pôde ter cabelo grande. Já tem quase um mês que eu não vi mais ela na rua levando os filhos na escola. Também nunca mais vi os filhos passarem aqui na rua", diz. "Ela, a gente nunca via mesmo, porque quando saía para ir comprar alguma coisa, a gente cumprimentava, mas ela nem parava para conversar. Só falava 'já vou indo, tenho que ir'. E a gente sabia que era por causa dele".

Outra moradora da região também via o medo em que a vítima vivia. "Ela é uma vizinha que não fala com ninguém. Teve uma vez, uns oito anos atrás, ele deu uma surra e raspou a cabeça dela. A gente sabia porque as crianças contavam. Se os filhos passarem por psicólogo, podem relatar tudo isso que aconteceu dentro da casa deles", comentou.

"Essa mulher já sofreu muito com esse homem, muito mesmo. Sempre estava de calça comprida, nunca pôde usar um short, uma bermuda, uma saia, nada, sempre de calça comprida. E blusa de manga, até no cotovelo assim", mostrou a vizinha para a reportagem. "Só roupinhas bem tampadas. A mulher não tinha liberdade nem de vestir uma bermuda", completa.

O caso - A mulher vivia com os filhos e o marido em um imóvel do Jardim Colibri. A polícia recebeu denúncia sobre a situação e passou a monitorar a casa. Diante de evidências, pediu à justiça para cumprir mandado de busca e apreensão, também de prisão contra o homem, o que foi aceito e determinado.

Nesta terça, durante o cumprimento do mandado, os policiais encontraram um revólver calibre 38 escondido no quarto do casal, além de um sistema de monitoramento de câmeras instaladas dentro do imóvel.

Os policiais apuraram que a vítima, de 37 anos, vivia sob vigilância constante, impedida de sair de casa, usar celular ou acessar redes sociais. O homem utilizava câmeras de segurança com áudio para monitorar a residência e ameaçava matar a vítima e os familiares dela caso fosse denunciado.

"Ao perceber a chegada dos policiais, o autor tentou fugir, mas foi capturado e encaminhado ao sistema prisional. Ele responderá pelos crimes de cárcere privado, lesão corporal, violência psicológica, violência doméstica e posse ilegal de arma de fogo", diz nota policial.

A vítima e os filhos foram levados à Deam, onde prestaram depoimento e receberam atendimento da Casa da Mulher Brasileira.

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