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Capital

Apesar de crescente casos de dengue, população deixa de limpar quintais

Alan Diógenes | 24/05/2015 09:11
No Bairro Guanandi e terreno virou depósito de carcaças de veículos. (Foto: Fernando Antunes)
No Bairro Guanandi e terreno virou depósito de carcaças de veículos. (Foto: Fernando Antunes)
Edson disse que no Guanandi, é comum ver vizinhos pegarem dengue. (Foto: Fernando Antunes)
Edson disse que no Guanandi, é comum ver vizinhos pegarem dengue. (Foto: Fernando Antunes)

Apesar do cresce número de casos de dengue em Campo Grande, a população insiste em não limpar os quintais e terrenos. Em alguns bairros é comum ver áreas tomadas pelo mato e servindo de depósito de lixo, o que contribui para a proliferação do mosquito que transmite a doença. Na Capital já são 4.446 casos notificados, uma morte e outra suspeita.

Na Rua Itaguassu, no Bairro Guanandi, por exemplo, um terreno baldio está lotado com carcaças de veículos velhos. É possível ver água da chuva acumulada no capô dos carros; uma armadilha para os moradores que não sabem mais o que fazer.

“Só aqui na rua, duas moradoras pegaram dengue. Já veio até oficial de justiça aqui para notificar o responsável pelo terreno, que é dono de um desmanche. Mas até agora nada foi resolvido. Sem falar que o terreno é úmido e um poço vive jorrando água”, explicou o gerente administrativo Edson Côrrea, 53 anos, que mora há 16 no bairro.

A aposentada Eliete Conceição de Oliveira, 80 anos, mora em frente ao terreno. Ela disse que outra moradora do bairro, revoltada com a situação, pagou um frete de caminhão para levar as carcaças para a venda. “Aí ficou limpo por 15 dias, mas não demorou um mês e os carros já estavam aí novamente. Já falamos com o proprietário e ele nega a retirar os veículos”, comentou.

Eliete chama a atenção para outro perigo. “Perto daqui tem um projeto social que atende crianças carentes, ou seja, na saída elas brincam em cima destes carros enferrujados. Um perigo de se cortar ou acontecer algo pior. Fora os insetos que saem do terreno e entram dentro da nossa casa”, finalizou.

Para Idalete solução seria multar os donos dos terrenos. (Foto: Fernando Antunes)
Para Idalete solução seria multar os donos dos terrenos. (Foto: Fernando Antunes)
Moradora reclama também de insetos que saem de terreno no Guanandi. (Foto: Fernando Antunes)
Moradora reclama também de insetos que saem de terreno no Guanandi. (Foto: Fernando Antunes)

Na Avenida Noroeste, região da Orla Morena, o que preocupa os moradores é a grande quantidade de quintais abandonados, apesar da Vila Planalto ser asfaltada e repleta de imóveis. “Acredito que a responsabilidade é dos proprietários. Se tiveram dinheiro para comprar o terreno, tem que ter dinheiro para pagar alguém para limpar”, salientou a dona de casa Idalete Vieira de Lima, 46.

A moradora pegou dengue há 15 dias e aponta uma solução para acabar com os terrenos baldios. “A prefeitura deveria multar as pessoas que não limpam estes quintais. O que adianta eu limpar o meu, sendo que meu vizinho não limpa o dele”, afirmou.

O pedreiro José Lourenço, 54, concorda com ela. “Está certa; essa talvez seria uma solução. Moro há 40 anos aqui e tem terreno que desde quando eu me mudei está abandonado”, finalizou.

Em 2014 foram notificados 9.256 casos de dengue. Já neste ano, foram registrados 22.724. Ao todo, são oito óbitos confirmados no Estado, nos municípios de Campo Grande, Corumbá, Juti, Paranhos, Três Lagoas e duas mortes em Sonora. Três óbitos ainda estão em investigação nas cidades de Campo Grande, Maracaju e Aparecida do Taboado.

Conforme a prefeitura da Capital, no caso de lixo e entulho em terreno particular, é possível fazer denúncia por meio do número 156. A Ouvidoria de Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) também recebe denúncias de áreas propícias para a propagação de insetos transmissores de doenças como dengue, febre chikungunya e leishmaniose, além dos animais peçonhentos. As denúncias podem ser feitas pelos telefones 3314-9955 ou 3314-3340.

Na região da Orla Morena existe vários terrenos abandonados. (Foto: Fernando Antunes)
Na região da Orla Morena existe vários terrenos abandonados. (Foto: Fernando Antunes)
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