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Capital

Após 23 dias, ruas destruídas pela chuva continuam intransitáveis

Natalia Yahn | 11/03/2016 10:48
Na Rua Jerônimo de Albuquerque, asfalto sumiu, e foi tomada por valas e buracos. (Foto: Fernando Antunes)
Na Rua Jerônimo de Albuquerque, asfalto sumiu, e foi tomada por valas e buracos. (Foto: Fernando Antunes)

As ruas Marquês de Herval e Jerônimo de Albuquerque no Bairro Nova Lima, em Campo Grande, estão intransitáveis 23 dias após terem sido parcialmente destruídas pela chuva que caiu na cidade, no dia 18 de fevereiro.

Hoje (11), o cenário no bairro ainda era de total abandono e os moradores relatam diversos problemas, principalmente após outra chuva, no dia 2 de março. São cinco quadras, uma na Marquês de Erval e quatro na Jerônimo de Albuquerque, tomadas por buracos e valas. Os moradores relatam que precisaram, eles próprios, coletarem os restos de asfalto e pedras que tomaram conta das ruas, para taparem os buracos e impedirem que aumentassem de tamanho.

“Até agora não fizeram nada para resolver. Toda vez que chove é um novo transtorno. O asfalto foi embora e temos medo de que as casas desabem também. A situação só piora, antes era o buracão do Nova Lima, agora isso”, afirmou a dona de casa Maria Isabel de Carvalho, 55 anos.

Maria Isabel mora no bairro há 20 anos, mas adquiriu a residência onde vive atualmente em 2008, e agora usa as placas que se soltaram dos asfalto na entrada da garagem. “Eu coloquei para ajudar para estacionar o carro, senão não entra de jeito nenhum”, disse.

A casa dela fica na esquina das ruas problemáticas – Marquês de Herval e Jerônimo de Albuquerque – , tem várias rachaduras e foi invadida pela água da chuva dos dias 18 de fevereiro e 2 de março. “Eu não sei mais o que fazer. Tem um salão ao lado da minha casa que alugava por R$ 500, mas não consigo mais negócio. Ninguém quer alugar em um lugar como esse, quando chove entra água quando não chove a poeira toma conta. Não dá para transitar por causa dos buracos e das valas abertas por causa do asfalto arrancado”, afirmou.

A vizinha dela, Alcidina de Freitas Oliveira, 80 anos, também mora no bairro há 20 anos. A casa da idosa é exatamente em frente a um dos maiores buracos da Rua Jerônimo de Albuquerque. “Entrou água em tudo nas duas últimas chuvas, os móveis ficaram boiando do lado de dentro. Quando eu vejo uma nuvem no céu já me dá medo”.

Outra reclamação das duas é em relação ao pagamento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). “Eu tive que pagar R$ 800 e tive algum benefício com isso? Nenhum”, afirmou Maria Isabel. “Eu paguei R$ 300, além de R$ 2 mil pelo asfalto quando foi feito. Mas era muito melhor quando era rua de terra”, disse Alcidina.

Moradores dizem que dois carros já caíram nos buracos. (Foto: Fernando Antunes)
Moradores dizem que dois carros já caíram nos buracos. (Foto: Fernando Antunes)

A proprietária de um salão de beleza também localizado na Rua Jerônimo de Albuquerque, que pediu para não ter o nome divulgado, afirma que os moradores se uniram para coletar pedras e placas de asfalto. “Nós mesmos colocamos nos buracos, para que não ficassem maiores. Tinha gente que não conseguia mais entrar e sair de casa com os carros. Dois caíram nos buracos”, relata.

Ela firmou que funcionários da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), que passaram na rua dois dias após a primeira chuva – no dia 20 de fevereiro – orientaram os moradores a protestarem. “Eles disseram pra gente fechar a rua. Só assim a Prefeitura iria fazer alguma coisa. O tempo passou e estamos vendo que vai ser o único jeito mesmo, porque até agora nada foi feito para resolver”, afirmou.

A Prefeitura Municipal foi procurada para informar sobre a recuperação do local, além dos valores da obra e o prazo para execução do trabalho. Porém informou apenas que a “solicitação foi encaminhada para Secretaria de Obras (Seintrha – Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) para verificar a situação do local e por na programação de serviços.”

Histórico – Reportagem do Campo Grande News, do dia 19 de fevereiro, mostrou que entupimento ou a ineficiência da rede de drenagem podem explicar o fato da chuva ter arrancando e arrastado o asfalto. O engenheiro civil Chaia Jacob Neto, especialista em planejamento urbano e professor da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) - ouvido na época disse que se as tubulações tivessem absorvido pelo menos parte da enxurrada, talvez os estragos não tivessem sido tão grandes.

“As galerias devem estar entupidas com sujeira. O problema sempre vai existir enquanto houver obstrução. A questão não é o pavimento. Aquela capa, ela simplesmente serve de pista de rolamento. Enquanto não tivermos um sistema de drenagem, isso vai se repetir”, disse o engenheiro.

No mesmo dia, o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), disse que pediu laudo à Seintrha sobre vias danificadas em decorrência das chuvas que atingiram a cidade. Ele questionou a qualidade do trabalho de empreiteiras e prometeu cobrar delas reparação de danos, se for o caso. Mas até agora nada foi feito.

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