Após morte de enfermeira, colegas cobram menos carga horária no HR
Categoria quer que carga horária de plantões seja reduzida pela metade, de 60 para 30 horas.
Em frente ao Pronto Socorro, cerca de 100 enfermeiros e técnicos de enfermagem fazem manifestação neste momento no Hospital Regional, em Campo Grande. Em faixas, o grupo lembra da morte da enfermeira Janaína Silva e Souza, que se suicidou no dia 2 de janeiro.
Segundo os amigos, aos 39 anos ela foi vítima da depressão, potencializada pela carga exaustiva de trabalho. Hoje são 40 horas semanais regulares, mais 60 horas de plantões extra. O que a categoria quer é a redução para 30 horas semanais.
A enfermeira Juliana Freitas diz que a condição atual acaba com a saúde da categoria. “Cuidamos de todo mundo, mas com uma carga horária dessas, não temos como cuidar da própria saúde. É uma cadeia que deixa um enfermeiro exausto e logo isso reflete no trabalho e prejudica o paciente”, avalia.
Presidente do Coren (Conselho Regional de Enfermagem), Sebastião Duarte informa que já solicitou para esta semana uma reunião com o secretário de Saúde, Geraldo Rezende. "Primeiro vamos tentar o diálogo. E só depois recorrer a uma alternativa mais drástica, como ação civil pública", ameaça.
O Conselho denuncia deficiência nos quadros do hospital. "Aqui no HR existe um grande déficit de profissionais. Teria de contratar 40% mais", garante Sebastião.
Aos 39 anos, a enfermeira Janaína Silva e Souza foi encontrada morta no dia 2 de janeiro, dentro de casa, na Vila Florio, em Campo Grande. Um colega chamou a polícia após estranhar o sumiço de Janaína. Horas depois, ela foi encontrada no quarto, já sem vida, ao lado de frascos de medicamentos e uma seringa.
Segundo os amigos, a última mensagem da enfermeira no grupo de WhatsApp do trabalho dizia que “raiva dessa vida hoje nesse plantão”. Segundo eles, a colega se referia as condições ruins de trabalho.
Hoje, durante a manifestação, a equipe de enfermagem do Hospital Regional enfatizou o luto e homenageou Janaína com uma oração.
Apesar do protesto, ninguém da direção do Hospital Regional aceitou comentar o assunto na manhã desta segunda-feira.
*Matéria editada para correção de informção às 14h30